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"Mata aulas" em Luanda

Pedro Borralho Ndomba (Luanda)7 de maio de 2015

Alunos das escolas de Luanda estão a trocar as aulas por diversão. O chamado "Mata aulas", acontece mais às sextas-feiras. O ministério da Educação está preocupado.

Foto: Fotolia/Africa Studio

Virou moda faltar às aulas nas sexta-feiras em Luanda, capital angolana. O fenómeno, que já ganhou vários nomes como "sexta-party", "sexta da desbunda" ou "mata aulas", envolve alunos do primeiro e segundo ciclos do ensino, na sua maioria adolescentes.

Ninguém consegue explicar como e onde surgiu este fenómeno. Mas sabe-se que no último dia de aulas da semana, apenas professores e um número reduzido de estudantes interessados em estudar permanecem nas turmas, enquanto muitos outros alunos são vistos nos quiosques e barracas de vendas de bebidas alcoólicas, localizados próximo das referidas instituições do ensino. Alguns preferem irem à praia e piscinas.

Nestes locais, os alunos são vistos a consumir de forma abusiva vários tipos de bebidas. Para a diretora da escola Njinga Mbande, Maria Bessa, e também a diretora da escola nº 4071, do município de Cacuaco, Paulina Andrade, estes alunos colocam em risco os seus processos de ensino e aprendizagem.

Educadores reclamam

Ilha do Mussulo, AngolaFoto: DW/C. Vieira

Mas garantem que estão a tomar medidas para por fim a estes comportamentos. Uma delas diz: " A escola que eu dirijo, realmente às sextas-feiras, poucos são os alunos que assistem às aulas. Principalmente os meninos da faixa etária dos 16 aos 17 anos. E estes alunos correm o risco de perderem o ano letivo."

E as diretoras prosseguem: "Eles drogam-se, prostituem-se e outras coisas que nem adianta dizer..."

Jackeline, é estudante da nona classe na escola Comandante Pedalé, e já foi convidada pelos colegas a faltar as aulas, mas recusou a ideia. Agora, aconselha os seus colegas a abandonarem estas práticas: "Os colegas devem deixar de fazer isso, porque estão a prejudicar o seu futuro. Matar aula para irem a "party", é algo que não nos vai dar lucro."

A estudante lamentou ainda que "na sexta-feira passada o coordenador ficou muito triste e reclamou ao saber que só havia dez alunos na sala, quando os outros estavam em festas"

A procura dos culpados

Segundo o ministro angolano da Educação, esses estudantes estão a ser manipulados por pessoas ainda não identificadas.

A droga mais consumida em Angola é a canabisFoto: Fotolia/Ademoeller

Pinda Simão repete que “está a acontecer em Luanda um fenómeno de mata aulas às sextas-feiras, que faz com que muitos alunos se furtem de estudar, recorrendo a práticas não abonatórias, como o consumo de drogas, bebidas e prática de prostituição e isso tem a mão de algum movimento que pretende desviar os alunos do seu papel principal, que é aprender.”

Por sua vez, o Inspetor da Educação na província de Luanda destaca que a sociedade civil e as famílias devem trabalhar em conjunto para travar esta situação: "Independentemente de existirem casas de vendas de bebidas alcoólicas à volta das escola, muitos alunos trazem bebidas das suas casas."

E por causa disso o inspetor faz um apelo: "Os pais devem estar atentos aos comportamentos dos seus filhos, e os professores e as direções das escolas devem ser mais rigorosos relativamente às faltas e ao desempenho escolar dos alunos."

No entanto, a Policia Nacional anunciou recentemente que vai realizar operações para para pôr cobro a este fenómeno "mata aula" que muitos prejuízos causa no seio da juventude angolana.


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