Mbanza Congo declarada Património Mundial da Humanidade
Lusa | cvt
9 de julho de 2017
A Comissão de Património Mundial da UNESCO declarou, este sábado (08.07), por unanimidade, o centro histórico da cidade de Mbanza Congo, norte de Angola, como Património Mundial da Humanidade.
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A secular cidade angolana de Mbanza Congo, na província do Zaire, foi candidatada pelo Governo angolano a Património Cultural da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), sendo a primeira validada no país por aquela Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura.
A decisão de declarar o centro histórico de Mbanza Congo como Património Mundial da Humanidade foi tomada na manhã deste sábado (08.07), durante a 41ª sessão daquela comissão, reunida em Cracóvia, no sul da Polónia, segundo a agência Lusa citando fonte da UNESCO.
O projeto "Mbanza Congo, cidade a desenterrar para preservar", que tinha como principal propósito a inscrição desta capital do antigo Reino do Congo, fundado no século XIII, na lista do património da UNESCO, foi oficialmente lançado em 2007.
O centro histórico de Mbanza Congo, na província do Zaire, no norte de Angola, está classificado como património cultural nacional desde 10 de junho de 2013, um pressuposto indispensável para a sua inscrição na lista de património mundial.
A candidatura de Angola destacava que o Reino do Congo estava perfeitamente organizado aquando da chegada dos portugueses, no século XV, uma das mais avançadas em África à data.
O património de Mbanza Congo
A área classificada envolve um conjunto cujos limites abrangem uma colina a 570 metros de altitude e que se estende por seis corredores. Inclui ruínas e espaços entretanto alvo de escavações e estudos arqueológicos, que envolveram especialistas nacionais e estrangeiros.
Os trabalhos arqueológicos realizados no local envolveram a medição da fundação de pedras descobertas no local denominado "Tadi dia Bukukua", supostamente o antigo palácio real.
Passaram igualmente pelo levantamento da missão católica, da casa do secretário do rei, do túmulo da Dona Mpolo (mãe do rei Dom Afonso I, enterrada com vida por desobediência às leis da corte) e do cemitério dos reis do antigo Reino do Congo.
Dividido em seis províncias que ocupavam parte das atuais República Democrática do Congo, República do Congo, Angola e Gabão, o Reino do Congo dispunha de 12 igrejas, conventos, escolas, palácios e residências.
O relatório votado este sábado (08.07) recomenda igualmente a colaboração com outros países na identificação de outros locais e pontos do interesse do antigo Reino do Congo e da rota dos escravos de África para a América, "com potencial" para ser inscrito na lista de património mundial.
Dez Patrimónios Mundiais em África que deve conhecer
Em África, há monumentos naturais e culturais únicos que são Património Mundial da UNESCO. Apresentamos aqui alguns deles.
Foto: kjekol - Fotolia.com
"O Louvre do deserto"
Nas colinas de Tsodilo há mais de 4500 pinturas rupestres. Em português, "Tsodilo" significa "a rocha que sussurra". Através das pinturas é possível saber mais sobre o tipo de vida das pessoas que habitaram esta zona do deserto do Kalahari durante 100 mil anos e sobre a natureza que as circundava. O local, no noroeste do Botswana, obteve a classificação de Património Mundial em 2001.
Foto: picture alliance/Robert Harding World Imagery
Biodiversidade sem igual
A reserva de fauna de Dja, no sul dos Camarões, é uma das florestas tropicais mais bem conservadas de África. Aqui vivem mais de 100 espécies de mamíferos e 349 espécies de aves autóctones. O rio Dja delineia a fronteira da reserva, onde tradicionalmente vive o povo pigmeu Baka, que tem autorização para caçar nesta zona.
Foto: -/AFP/Getty Images
De pedra e coral
Lamu é a mais antiga cidade suaíli. Esta povoação na costa do Quénia sofreu influências árabes, portuguesas, alemãs e britânicas e conseguiu manter, até hoje, as suas casas típicas feitas de pedra de coral e madeira de mangal. Lamu continua a ser um centro importante para a cultura muçulmana.
Foto: imago/blickwinkel
Uma "floresta" rochosa
Os Tsingy são uma densa "floresta" rochosa formada por agulhas de pedra calcária – uma área protegida que serve de casa a lémures e espécies raras de aves. Em nenhum outro local do mundo é possível encontrar 86 por cento das espécies de plantas do Parque Nacional de Tsingy de Bemaraha, no Madagáscar.
Foto: imago/blickwinkel
Igrejas de pedra
As igrejas de pedra de Lalibela, na Etiópia, chegam a ter 10 metros de altura. As onze igrejas foram esculpidas nas rochas há cerca de 800 anos e, até hoje, há lá missas. Bet Giyorgis, a igreja de São Jorge, é a que está em melhor estado de conservação.
Foto: picture alliance/Robert Harding World Imagery
O tecto de África
O monte Kilimanjaro tem 5895 metros de altitude. Há muito que o vulcão deixou de expelir lava e, por isso, milhares de pessoas vieram morar para as suas encostas férteis. A sua cúpula, coberta de neve, é uma das imagens de marca da Tanzânia, mas está ameaçada. O monte Kilimanjaro pode perder a sua cobertura de neve nos próximos 20 anos devido ao aquecimento global.
Foto: Roberto Schmidt/AFP/Getty Images
Tesouros culturais ameaçados
Timbuktu, no norte do Mali, foi desde a Idade Média um centro espiritual do Islão. As suas três grandes mesquitas, que têm até 700 anos, são testemunha disso. Em julho de 2012, radicais islâmicos destruíram uma parte deste Património Mundial. Na perspetiva dos extremistas, a veneração de ídolos, que é praticada no Mali há séculos, contradiz o monoteísmo do Islão.
Foto: Getty Images
"O fumo que troveja"
Mosi-oa-Tunya, "o fumo que troveja" – é assim que os Kololo chamam às imponentes cataratas na fronteira entre a Zâmbia e o Zimbabué. A neblina de água é visível a 20 quilómetros de distância. O missionário escocês e pesquisador David Livingstone foi o primeiro europeu a ver as cataratas. Chamou-lhes "Victoria Falls", em homenagem à antiga rainha britânica.
Foto: imago/Bernd Müller
Cidade dos Mortos
Templos, túmulos, palácios – Mênfis é um cenário perfeito para os filmes de Hollywood e é a atração turística número um do Egito. A cidade, a 20 quilómetros do Cairo, foi em tempos considerada umas das sete maravilhas do mundo. Desde 1979 que as ruínas de Mênfis, em conjunto com as pirâmides de Gizé, Abusir, Saqqara e Dahshur, são Património Mundial da UNESCO.
Foto: picture-alliance/Rainer Hackenberg
Berço da humanidade
Ngorongoro, na Tanzânia, não é só uma extraordinária reserva natural, lar de milhares de zebras, leões e flamingos. A maior cratera do mundo, junto ao Serengeti, é também considerada o berço da humanidade: pensa-se que os nossos antepassados tenham vivido aqui há 3,6 milhões de anos.