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MDM: Apelo à fraude denota "desgaste" da FRELIMO

1 de setembro de 2023

"A FRELIMO está consciente de que terá grandes dificuldades para vencer as eleições e por isso está a fazer de tudo para ganhar fraudulentamente", diz o MDM. Partido no poder refuta acusações e diz que "vai averiguar".

FRELIMO-Kundgebung
Foto de arquivo: Comício da FRELIMO em Quelimane, província da ZambéziaFoto: Marcelino Mueia/DW

A par da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), que acusou esta sexta-feira (01.09) a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), de estar a engendrar uma "estratégia de fraude" para as autárquicas, também o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), fez denúncias contra o partido no poder. 

A segunda maior força política da oposição também denuncia a recolha de cartões de eleitores por alegados membros da FRELIMO e pelos secretários dos bairros "em todo o país".

Na quinta-feira (31.08), o delegado político do MDM na Beira foi detido e mais tarde posto em liberdade por ter denunciado a recolha de cartões de eleitores na cidade.

Em declarações à DW, Ludmila Manguni, porta-voz da FRELIMO, reagiu às acusações da oposição, alegando que o partido "vai averiguar para entender o que está a acontecer". 

MDM: Apelo à fraude denota "desgaste" da FRELIMO

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"Penso que os órgãos eleitorais também, tomando conhecimento deste assunto, têm de averiguar. Porque se recolhem cartões de cidadãos, no dia das eleições não terão como votar. E isso é uma preocupação para todos os partidos que vão concorrer", sublinhou  Ludmila Manguni. 

No entanto, em entrevista à DW, o porta-voz do MDM, Ismael Nhacucue, considera que estes atos provam o desespero da FRELIMO sobre uma possível derrota nas próximas eleições autárquicas. Nhacucue acusa a polícia de cumplicidade.

DW África: A RENAMO denunciou hoje a recolha de cartões de eleitores na cidade de Maputo. O MDM está a acompanhar este assunto?

Ismael Nhacucue (IN): A recolha de cartões é generalizada. Acontece um pouco por todo o país. Em Xai-Xai está a acontecer, também em Maxixe, ou seja, estamos a receber relatos de todo o país.

DW África: Quem é que está a fazer esssa recolha dos cartões de eleitores?

IN: São os secretários de bairros, os chefes de quarteirões, pessoas identificadas com camisolas do partido FRELIMO. Portanto, nota-se claramente o desgaste da FRELIMO. Apelam, a qualquer custo, à fraude para vencer as eleições.  Claramente a FRELIMO está consciente de que terá grandes dificuldades para vencer estas eleições e por isso está a fazer de tudo para ganhar as eleições fraudulentamente.

"Vamos até às últimas circunstâncias, a fiscalizar o processo [eleitoral]", porta-voz do MDM, Ismael NhacucueFoto: Arcénio Sebastião/DW

DW África: Significa que estão a tirar os cartões das mãos dos eleitores e depois não devolvem?

EM: A questão não é se devolvem ou não. É terem o controlo dos cartões que permite que depois façam o uso no boletim de voto. Ou seja, todas as pessoas que estão a entregar os cartões à FRELIMO ou vão votar no partido porque estão controladas [pelo partido] ou, se não forem votar, a FRELIMO vai votar por eles. São estes cartões que depois criam os famosos enchimentos das urnas. Porque o partido, tendo acesso às pessoas que estão nos vários cadernos, que votaram ou não, facilmente consegue colocar os boletins de voto em nome dessas pessoas, porque vai saber quando as pessoas votaram e quando não votaram.

É uma estratégia que a FRELIMO tem optado, como último recurso, para vencer as eleições. Nós estamos atentos, continuaremos atentos. Podem prender quem quiserem, mas temos a certeza e a convicção de que não vão prender todo o Moçambique.

DW África: Esta quinta-feira (31.08), o delegado político do MDM na Beira esteve detido depois de ter denunciado a suposta recolha de cartões de eleitores. Qual foi a explicação dada pela polícia para a sua detenção?

IN: Não há nenhuma explicação. A polícia faz parte desta palhaçada toda, deste quarteto que promove a fraude. Portanto, é uma tentativa de intimidar os membros do MDM para que estes não possam fazer o seu trabalho. E vamos até às últimas circunstâncias, a fiscalizar o processo.

DW África: Mas o MDM já apresentou queixa à justiça? Qual foi a reação?

IN: Já houve queixas que foram feitas a nível das esquadras para que essas pessoas sejam de facto identificadas e responsabilizadas. Mas, mais do que isso, está a ser preparado um ofício que nos próximos dias vai dar entrada na CNE e no Conselho Constitucional para dirimir este conflito. Porque não podemos continuar a olhar de forma impávida para uma infração eleitoral e um ilícito claro.

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