MDM anuncia seus 10 candidatos a governadores provinciais
Arcénio Sebastião (Beira) | cvt
14 de julho de 2019
Terceiro maior partido de Moçambique apresentou os nomes das figuras que vão concorrer nas eleições gerais de 15 de outubro. Lista inclui um candidato proveniente da RENAMO e uma mulher.
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Para a província de Sofala, o presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, indicou José Albano Bulaunde - antigo delegado político da provincia de Sofala e que atualmente é deputado da Assembleia da República pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição moçambicana.
Bulaunde apresentou-se pessoalmente durante um comício do MDM na cidade da Beira, este sábado (14.07).
"Este é um momento ímpar. Pela primeira vez na história, temos eleições que elegem os governadores provinciais," declarou.
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"Eu conheço os problemas da província. Não só conheço os problemas de Sofala, conheço os problemas que vive o povo de Maringue e da Gorongosa - onde quando há cheias o povo morre, quando há pequena seca morrem de fome, onde até os animais lutam no mesmo poço com a população. Portanto, isto me chamou, me motivou para trabalhar com o MDM para podermos resgatar Sofala, para governar Sofala com democracia," acrescentou Bulaunde.
Carla Fabião Mucavele é a única mulher a integrar a lista do MDM e concorre ao governo da província de Gaza, sul de Moçambique. O líder do MDM encorajou ainda que mais mulheres se prontifiquem para os próximos pleitos.
Para a província central da Zambézia, segundo maior círculo eleitoral do país, a confiança do MDM foi para Luís Boavida Mudivela, antigo secretário-geral do partido e atual membro da Comissão Política Nacional.
Boavida saudou a população com a seguinte mensagem: "Chegou a hora de o MDM governar a província da Zambézia e nós já estamos prontos para isso".
Augusto dos Santos Pelembe, que atualmente exerce um cargo na Assembleia Municipal da Matola, irá concorrer a governador de Maputo. Para a província de Cabo Delgado, foi indicado José de Jesus Avelino Maria Reich.
Ao governo do Niassa, concorrerá Damião Simone, um simples membro do MDM.
Mussa Amade Abudo é o candidato escolhido pelo terceiro maior partido de Moçambique para concorrer por Nampula, que possui o maior número de eleitores do país.
Para concorrer pela província de Tete, foi escolhido Carlos Monteiro Chataica, ao passo que em Manica, a sorte foi para Arone Timóteo Mussualho e, em Inhambane, para Artur Raimundo Faduco.
Tirar a FRELIMO do poder
Daviz Simango, presidente do MDM, apontou a necessidade da haver união entre as várias forças políticas do país para libertar o povo moçambicano das mãos da FRELIMO.
No ato da sua intervenção, no comício da Beira, Simango apelou aos membros e simpatizantes do Movimento Democrático de Moçambique a mobilizar a população de modo a acorrer em massa às urnas no dia 15 de outubro próximo, mas para votar no MDM de forma a arrancar o poder ao partido FRELIMO.
"Temos que mobilizar todos. Ninguém deve ficar atrás. Não vamos perder tempo a falar mal deste, a falar mal daquele. O nosso foco é tirar a frelindo [FRELIMO] do poder, que deve sair. Nós temos que entrar, o MDM tem que entrar," apelou.
20 Anos de Paz em Moçambique: Uma viagem
A 4 de outubro de 1992, FRELIMO e RENAMO assinaram o Acordo Geral de Paz, pondo fim a 16 anos de guerra civil em Moçambique. Apesar da paz, a guerra civil continua a marcar a vida de muitos moçambicanos.
Foto: Marta Barroso
A guerra presente todos os dias
A 4 de outubro de 1992, FRELIMO e RENAMO assinaram o Acordo Geral de Paz, pondo fim a 16 anos de guerra civil em Moçambique. Apesar da paz, a guerra civil continua a marcar a vida de muitos moçambicanos. Joula estava grávida de oito meses quando uma mina anti-pessoal lhe arrancou um pé em 1991. Na noite anterior, a RENAMO tinha atacado a aldeia e plantado minas em redor.
Foto: Marta Barroso
De armas a enxadas... ou cadeiras
Desde 1996, o projeto "Armas em Enxadas" dá um novo destino ao material bélico que destruiu milhares de vidas durante a guerra civil. O objetivo da iniciativa, lançada pelo Conselho Cristão de Moçambique, é criar, com as armas, obras de arte com mensagens de paz. Muitas peças foram encontradas pelo país, outras foram recolhidas a privados.
Foto: Marta Barroso
Ataques inesperados
São as mesmas armas que há 20 anos eram usadas para atacar seres humanos como estes refugiados em Chamanculo, perto da capital, Maputo, em 1992. Chamanculo nunca recuperou da chegada de milhares de refugiados da guerra civil. Ainda hoje, é um bairro pobre. Foi aqui que nasceram figuras ilustres do país como Maria de Lurdes Mutola.
Foto: DW/Cristina Krippahl
Ruas desertas em Maputo
A guerra, que se arrastou por 16 anos, atrasou o desenvolvimento do país. Também a vida social sofreu, até mesmo na capital. Engarrafamentos eram, durante a guerra e nos primeiros anos seguintes, algo raro como se pode ver nesta fotografia do centro de Maputo de 1992.
Foto: DW/Cristina Krippahl
Filhos da guerra
Em 1990, Moçambique era considerado o país mais pobre do mundo. Em 2011, ocupava o lugar 184 entre 187 Estados no Índice de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, PNUD. 20 anos depois de assinada a paz, os moçambicanos continuam a viver, em média, 50 anos.
Foto: DW/Cristina Krippahl
Filhos da paz
20 anos depois do Acordo Geral de Paz, ainda há muito que fazer no combate à pobreza em Moçambique. As províncias do Niassa, de Maputo, Cabo Delgado e Tete (na imagem) são, segundo o Programa da ONU para o Desenvolvimento, PNUD, as que têm maior incidência de pobreza no país.
Foto: Marta Barroso
Casa de Espera
Iniciativas como esta na aldeia de Vinho, no Parque Nacional da Gorongosa, província de Sofala, contribuem para diminuir a mortalidade infantil e materna. Atualmente, em Moçambique cerca de 500 mães morrem por cada 100 mil crianças nascidas vivas. Para evitar que isso aconteça na aldeia de Vinho, a Casa de Espera assiste as mulheres grávidas das redondezas na preparação dos partos.
Foto: Marta Barroso
Economia dominada por megaprojetos
A paz possibilitou megaprojetos, como o da exploração de carvão em Moatize, Tete. De futuro, a esperança é de que os rendimentos destes projetos beneficiem mais a população. Devido aos incentivos fiscais de que gozam as multinacionais ligadas a eles, o Estado moçambicano deixa de ganhar mais de 200 milhões de dólares por ano, segundo o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE).
Foto: Marta Barroso
Carvão, a euforia de Tete
74 toneladas de carvão já estão carregadas nesta transportadora que pode levar até 400 toneladas. O carvão da província central de Tete tem vindo a atrair investidores nacionais e internacionais à procura do "El Dorado" que tem limitado a diversificação da economia nacional na segunda década de paz em Moçambique.
Foto: Marta Barroso
Cahora Bassa...
Durante a guerra civil, as linhas de transmissão de Cahora Bassa foram alvo de ataques da RENAMO. Hoje, a barragem funciona em pleno. Cahora Bassa tem uma capacidade instalada de 2.075 megawatts, a maior parte da energia é exportada para os países da região: 70% para a África do Sul e 5% para o Zimbabué. Apenas um quarto da eletricidade aqui produzida é consumida em Moçambique.
Foto: DW/M. Barroso
... um elefante branco para esta área do país?
Ainda há poucas casas em redor de Cahora Bassa com acesso regular à eletricidade. Para o economista moçambicano Carlos Castel-Branco do IESE, dever-se-iam estender as bases do desenvolvimento do país às aldeias e vilas em torno da barragem para que também aqui a vida económica se transformasse num elemento de estímulo para o investimento.
Foto: Marta Barroso
Gentes ligadas
A reabilitação das infraestruturas permite agora uma maior mobilidade e fomenta o comércio interno. A linha férrea de Sena liga a província de Tete, no interior de Moçambique, à cidade portuária da Beira. No tempo da guerra civil, foi encerrada e acabou por ser completamente destruída. Nos últimos anos, o corredor ferroviário foi reabilitado para escoar sobretudo o carvão da região de Tete.
Foto: Marta Barroso
Gentes apertadas
O comboio é um dos meios de transporte mais baratos em Moçambique. Em fevereiro de 2012, a Linha de Sena abriu a passageiros em toda a sua extensão. A reconstrução foi feita por troços e acabou por tomar muito mais tempo que o previsto, porque o consórcio indiano responsável pelas obras não cumpriu diversos prazos. Grande parte do dinheiro veio do Banco Mundial.
Foto: Marta Barroso
Há esperança em Moçambique
Idalina Melesse viajou de comboio pela primeira vez em 2012. Durante a guerra civil, os ataques impediram-na de se mover dentro do país. Desde então e até à reabertura da Linha de Sena, não tinha tido dinheiro para longas viagens. A Linha de Sena e outras infraestruturas não só unem moçambicanos, mas devolvem-lhes a liberdade de movimento e a facilidade de comunicação confiscadas pela guerra.