MDM denuncia tortura de militantes detidos após confrontos com a FRELIMO
30 de setembro de 2014 Dos sete membros do MDM detidos a 25 de setembro, nas celebrações do Dia das Forças Armadas, após confrontos entre apoiantes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira maior força política do país, seis foram postos em liberdade na noite de sábado (27.09) e queixam-se de terem sido torturados e violados sexualmente por outros prisioneiros, a mando dos agentes da Polícia da República de Moçambique, afetos à 1ª esquadra da PRM.
Falando à imprensa, os visados contam que, depois de serem detidos, foram conduzidos às celas da 1ª esquadra, onde depois de alegadas ordens superiores foram encarcerados na cela 4. Aqui, descrevem, encontraram 17 outros detidos que os terão submetido a tortura e violação sexual.
“Tiraram-me toda a roupa, puseram-me na casa de banho, onde estavam 17 homens. Amarraram-me, violaram-me, bateram-me, enquanto a polícia estava do lado de fora da cela”, conta um dos detidos. “Tentei gritar, mas a polícia não veio”, acrescenta. “Fui espancado, com catanas, bofetadas e de muitas outras maneiras. Tenho cicatrizes de catanas”, descreve outro dos detidos.
Polícia será responsabilizada, diz MDM
Entretanto, o delegado provincial do MDM em Nampula, Rachad Carvalho, já afirmou que os seus membros foram detidos ilegalmente, uma vez que, no local dos confrontos, “foram detidos apenas membros do MDM e os da FRELIMO foram ilibados”. O delegado do MDM em Nampula considera ainda que a polícia poderá ser responsabilizada pelos actos de violação fisica, moral e sexual a que foram submetidos os membros do partido, nas celas da 1ª esquadra da PRM.
“Os nossos colegas foram maltratados e violados sexualmente na cadeia. Tudo isto tem a ver com a intimidação dos nossos membros”, afirma Rachad Carvalho. Por isso, garante, o partido irá “responsabilizar a polícia por estes actos” e os juristas do MDM “já estão a trabalhar no sentido de acompanhar o processo”.
Miguel Bartolomeu, porta-voz da Polícia da República de Moçambique em Nampula, já negou que os membros do MDM tenham sido violentados e exige provas aos simpatizantes do partido.