MDM dividido sobre escolha do cabeça-de-lista em Nampula
Sitoi Lutxeque (Nampula)
13 de agosto de 2019
Mussa Abuda é o cabeça-de-lista do MDM para a província de Nampula, contudo este nome não tem gerado consensos dentro do partido. Daviz Simango mostra-se tranquilo e confiante num bom resultado nesta província.
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O líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, esteve em Nampula para preparar as eleições de 15 de outubro e para apoiar o candidato local às eleições. Mussa Abudo é o cabeça-de-lista escolhido para concorrer ao cargo de governador da província no norte de Moçambique. Contudo, este divide consensos no seio do segundo maior partido da oposição. Para já o líder do MDM desvaloriza a questão e mostra-se confiante na vitória de Mussa.
Alguns dos membros que se opuseram à eleição interna de Mussa Abudo não quiseram gravar entrevista por temerem represálias. Mas disseram à DW África que o candidato escolhido é uma figura "impopular" e sem "cunho político", ao contrário de Luciano Tarieque, antigo delegado político, e Braz Malique, atual vice-presidente do Conselho Político Provincial, ambos derrotados internamente.O líder do MDM, Daviz Simango, que está em Nampula desde segunda-feira (12.08) para preparar a corrida eleitoral, desdramatiza a questão.
"É preciso compreender que num processo de eleição as pessoas votam e quando votam esperam ter pelo menos dois ou três resultados, um deles é das pessoas se absterem, outro as pessoas votarem contra e finalmente votar a favor. O processo de votação significa aceitar o resultado da maioria", explicou Simango.
Divisão dentro do partido
Para o presidente do segundo maior partido da oposição em Moçambique, é normal a divisão de consensos, porque a democracia funciona assim.
"Para nós, o MDM, não houve registo de nenhuma turbulência eleitoral (interna), por isso a direção do partido está satisfeita, congratula, parabeniza e encoraja o cabeça de lista para que trabalhe, porque nós queremos conquistar a província de Nampula. Estamos conscientes que escolhemos o melhor candidato possível; o candidato de massas e que conhece a terra e as preocupações das populações de Nampula", disse Daviz Simango.Desde as últimas eleições autárquicas, em outubro do ano passado, o MDM assistiu a várias saídas de membros considerados influentes e de massas, mas também houve entradas de novas caras e o regresso de antigos membros. É como no mundo do futebol, compara Daviz Simango.
"É como se fosse uma equipa de futebol: hoje alguém assina um contrato num clube e amanhã assina no clube rival. Portanto, eu penso que o MDM não está centralizado e nem está concentrado nas saídas e nas entradas. Nós estamos concentrados naquilo que vamos propor aos moçambicanos como soluções para resolver os problemas do país. Os moçambicanos hoje vivem num país desacreditado, num país falido e é preciso tirar o país da situação em quem se encontra", esclareceu Daviz Simango.O MDM parte para as eleições de 15 de outubro com maus resultados averbados nos últimos escrutínios. Além de ter perdido a liderança conquistada em 2013, também ficou com menos 21 assentos na Assembleia Municipal, ao conquistar apenas três contra 24 em 2018. Mas o líder Daviz Simango diz que a luta agora é outra.
Daviz Simango em Nampula
"As eleições intercalares e as outras que aconteceram foram eleições municipais, portanto agora não se coloca a questão de eleições municipais. As eleições provinciais, gerais e presidenciais são outras eleições, por isso não se pode comparar de forma alguma. E é preciso compreender que se tu trabalhas numa machamba e neste ano não produzes o suficiente não significa que deves parar de trabalhar", afirmou Simango.
Autárquicas: Quem venceu nas principais cidades de Moçambique
Os resultados eleitorais das eleições autárquicas moçambicanas dão a vitória ao partido no poder em 44 municípios. A RENAMO, a principal força da oposição, venceu em sete autarquias. O MDM conquistou apenas a Beira.
Foto: DW/S. Lutxeque
Eneas Comiche, edil da capital entre 2004 e 2008, venceu em Maputo
Segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) saiu como grande vencedora em Maputo com 56,95% dos votos, contra os 36,43% da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a terceira força política mais votada com 5,13%.
Foto: DW/R. da Silva
Com margem estreita, Calisto Cossa conquista segundo mandato na Matola
No município da Matola, a FRELIMO foi considerada vencedora com 48,05% dos votos, contra os 47,28% da RENAMO, uma diferença inferior a um ponto percentual. A vitória da FRELIMO foi, no entanto, contestada pela oposição. Membros da Comissão Distrital de Eleições disseram mesmo que houve fraude eleitoral.
Foto: DW/Leonel Matias
Emídio Xavier, da FRELIMO, eleito pelo município de Xai-Xai
Na província de Gaza, concretamente na cidade de Xai-Xai, a FRELIMO venceu com 81,21% dos votos contra apenas 12,36% da RENAMO. Em 134 mesas, Xai-Xai registou 53,90% de votos válidos e uma abstenção de 43,86%.
Foto: DW/C. Matsinhe
Benedito Guimino, da FRELIMO, reeleito em Inhambane
Na cidade de Inhambane, capital provincial, a FRELIMO arrasou com 79,50% contra os 15,55% da RENAMO. Sobraram apenas 4,95% para o MDM. Inhambane contou com 65 mesas de voto e uma abstenção de 35,14%.
Foto: DW/L. da Conceição
Daviz Simango, líder do MDM, mantém-se na Beira
Na cidade da Beira, província de Sofala, o MDM conseguiu a única vitória neste sufrágio. A terceira força parlamentar arrecadou 45,77% dos votos. Em segundo lugar, ficou a FRELIMO com 29,26%. Em terceiro, surge a RENAMO com 24,57%. Neste município registou-se uma abstenção de 36,65%.
Foto: DW/A. Sebastiao
João Ferreira foi aposta da FRELIMO na cidade de Chimoio
Em Chimoio, província de Manica, a FRELIMO obteve maioria absoluta com 52,51% da votação. A RENAMO garantiu 44,51% dos votos válidos. Nesta cidade do centro do país havia 220 mesas e, curiosamente, não foram contabilizados quaisquer votos nulos ou brancos.
Foto: DW/M. Muéia
Manuel de Araújo reeleito em Quelimane - desta vez pela RENAMO
Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, a RENAMO venceu com 59,17% da votação contra os 36,09% arrecados pelo partido no poder, a FRELIMO. Quelimane com 168 mesas de votos registou uma taxa de abstenção de 34,72%. Do total de votos, 61,39% foram considerados válidos.
Foto: picture-alliance/dpa
César de Carvalho volta à edilidade de Tete, que liderou entre 2004 e 2013
Na província de Tete, na cidade com o mesmo nome, a FRELIMO levou a melhor com 54,49% contra os 43,02% da RENAMO, num universo de 57,04% votos considerados válidos. Nesta província do Centro Norte de Moçambique havia 184 mesas de voto.
Foto: DW/A.Zacarias
RENAMO vence em Nampula com atual edil Paulo Vahanle
Em Nampula, a RENAMO obteve mais votos do que o partido no poder. 59,42% dos munícipes votaram no principal partido da oposição, contra os 32,20% que votaram na FRELIMO. O MDM surge em terceiro com 6,23%. Nesta cidade contabilizaram-se 196.230 votos válidos, o que corresponde a 57,30% do total da votação. Em Nampula havia 456 mesas de voto.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO vence no município de Lichinga
Na cidade de Lichinga, na província do Niassa, a FRELIMO ganhou com 51,93% contra os 45,19% da RENAMO. O MDM garantiu o terceiro posto com apenas 2,88%. A abstenção situou-se nos 41,91%.
Foto: DW/M. David
Em Pemba, venceu Florete Simba Motarua da FRELIMO
Na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, a vitória foi alcançada pela FRELIMO que arrecadou 54,21% dos votos. A RENAMO não foi além dos 39,01%. Pemba com 134 mesas de votos contabilizou 56,23% de votos válidos. A taxa de abstenção nesta cidade nortenha foi de 40,87%.