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MDM: "O que Nyusi quer é fazer uma revisão da Constituição"

DW (Deutsche Welle)
6 de junho de 2022

O PR moçambicano afirmou que o país "deve refletir" sobre a viabilidade das eleições distritais. Secretária-geral do MDM não tem dúvidas de que posicionamento de Nyusi reflete uma intenção de revisão da Constituição.

Leonor de Sousa - MDM
Leonor de Sousa, secretária-geral do Movimento Democrático de Moçambique (MDM)Foto: Bernardo Jequete/DW

O Presidente moçambicano afirmou recentemente - no âmbito do encerramento da 5.ª sessão do Comité Central da FRELIMO - que o país "deve refletir" sobre a viabilidade das eleições distritais previstas para 2024.

Filipe Nyusi frisou que o seu partido está comprometido com o processo de descentralização, mas defendeu que devem ser avaliadas as condições sobre o aprofundamento deste movimento.

Em declarações à DW, Leonor de Sousa, secretária-geral do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), não tem dúvidas:

"Acho que aqui trata-se de procurar uma forma de tentar rever a Constituição. O que ele [Filipe Nyusi] quer é fazer uma possível revisão da Constituição da República e mexer em outras coisas. De certeza absoluta. O Governo tem de pensar antes, pensar nas desvantagens, nos prejuízos que possam causar essas alterações", disse.

"Houve muita pressão"

Moçambique começa em 2023 um novo ciclo eleitoral com a realização das eleições autárquicasFoto: picture-alliance/AP Photo/F. Momade

Leonor de Sousa volta atrás no tempo, antes da votação estar consagrada na lei fundamental do país.

"Houve muita pressão na altura, com Afonso Dhlakama ainda vivo, e a FRELIMO não queria, mas depois acabou por aceitar [o acordo] e o tema foi parar à Assembleia da República. Foi discutido e hoje está na Constituição da República".

A dirigente sublinha que o MDM vai "cumprir com o que está na Constituição da República" e que o partido está "a favor da realização das eleições distritais".

Quando questionada se a terceira força política moçambicana está preparada para essas eleições, Leonor de Sousa atira que "o problema não é do MDM".

"O problema é que também temos de pensar no povo, na população. A população está preparada e já está com expectativas. E nós fomos também preparando a população nesse sentido. Estamos a fazer política. Estamos a trabalhar para lá chegar aos distritos", justificou.

A escolha de assembleias distritais e de administradores é parte do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado em agosto de 2019 entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição e que mantém um 'braço armado' que está em processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).

Moçambique começa em 2023 um novo ciclo eleitoral, com a realização das eleições autárquicas, seguidas de gerais em 2024 (presidenciais, legislativas e provinciais).

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