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Medo na sociedade condiciona solidariedade com ativistas

Nelson Sul d’Angola (Benguela)19 de maio de 2016

Se a nível internacional a condenação dos 17 ativistas tem gerado uma onda de contestação, internamente, o silêncio e medo de manifestações em Angola depois do processo dos 17 ativistas é o que mais se tem observado.

Manifestação em LisboaFoto: DW/J. Carlos

Desde a condenação, a 28 de março, dos 17 ativistas angolanos muitas são as manifestações que têm tido lugar em várias partes do mundo, sobretudo, em Portugal, em solidariedade para com os ativistas angolanos.

Se a nível internacional a condenação dos 17 ativistas tem gerado uma onda de contestação, reunindo várias figuras da sociedade, desde a política, a académicos e artistas, internamente, o silêncio e medo de manifestações em Angola depois do processo dos 17 ativistas é o que mais se tem observado nos últimos tempos.

Políticos, jornalistas, músicos, artistas plásticos e outros atores da sociedade angolana têm manifestado abertamente o seu desagrado com o regime de Luanda, não só contra a condenação dos jovens ativistas, como também pelas constantes ocorrências de violação dos direitos humanos e da má governação.

Mas quando o assunto é protesto de rua muitos optam por não marcar presença. A DW Africa foi tentar compreender os porquês e falou com dois analistas políticos bastante conhecidos na sociedade angolana.

A realidade angolana "é outra"

Para o sociólogo e jornalista João Paulo Nganga, o silêncio que se observa na sociedade angolana quanto a condenação dos ativistas tem a ver com o facto da “realidade angolana ser outra e ter muitos problemas”. “O que se passa é que o caso dos ativistas não é um caso isolado. Há muitos casos de flagrantes violações dos direitos humanos, não é apenas dos ativistas, é das zungueiras, dos terrenos, das pessoas condenadas por práticas completamente injustas”, acrescenta. “Há muita injustiça social, por isso é que os angolanos apesar de comungarem dos ideais dos ativistas muitas vezes não têm tempo, por causa das dificuldades da sua própria vida, de participar, de fazer ouvir a sua própria voz”, destaca o sociólogo Nganga.

Prisão em LuandaFoto: DW/P. Borralho

João Paulo Nganga sublinha ainda que além do receio de retaliações, eventuais interesses pessoais e políticos estarão na base do silêncio de muitos atores políticos e não só perante as situações de flagrantes violações dos direitos humanos.

“As razões são várias. As pessoas têm medo de represálias, há a dinâmica social, o passado histórico, a guerra. Tudo contribui para que haja letargia social. Isto para dizer que nós temos que encontrar soluções para os problemas, respostas que venham de dentro. Não serão os outros a virem resolver os nossos problemas”.

Já o antigo bastonário da Ordem dos Advogados de Angola (OAA), Inglês Pinto, considera que, o silêncio da sociedade angolana em torno da condenação dos 17 ativistas é uma consequência da falta de cultura democrática dos cidadãos e de “disciplina partidária”. “Por vezes a disciplina partidária põe em causa o exercício do direito de análise crítica, de liberdade de pensamento”.

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