Um simpatizante da RENAMO sofreu ferimentos depois de ter sido baleado quinta-feira, em Tete, interior de Moçambique, num incidente relacionado com a campanha eleitoral, anunciou o maior partido da oposição.
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O incidente aconteceu dentro de uma esquadra de polícia quando se tentava resolver uma disputa relacionada com um local para afixação de cartazes, entre simpatizantes da Renamo e da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), noticiou a Agência de Informação de Moçambique (AIM).
A RENAMO responsabiliza membros da FRELIMO pelo disparo, enquanto a polícia anunciou estar a recolher dados sobre a ocorrência.
Ao todo, o maior partido da oposição moçambicana diz que são quatro os seus militantes que foram vítimas desde o início da campanha eleitoral, adianta "O País". Segundo o jornal, a chefe-adjunta da brigada central da FRELIMO para assistência à província de Tete, Ana Rita Sithole, negou todas acusações da RENAMO e disse que "os militantes do partido no poder foram alertados a pautar pelo civismo neste processo".
Campanha eleitoral
O incidente em Tete é o mais grave ocorrido na campanha que arrancou na terça-feira (25.09) e que tem decorrido de "forma tranquila", segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), ONG da sociedade civil moçambicana que publica um boletim eleitoral regular.
"Nos 53 municípios, os nossos correspondentes reportam uma campanha ordeira, com as caravanas dos diferentes concorrentes a cruzarem-se sem violência", refere.
A RENAMO também denunciou um caso insólito ocorrido durante a campanha para as eleições autárquicas em Quelimane. Esta quinta-feira (27.09), no mercado de Namuinho, um dos bairros periféricos, um alegado agente da Polícia da República de Moçambique (PRM) na Zambézia ter-se-á infiltrado na caravana do maior partido da oposição para, alegadamente, atentar contra a segurança de Manuel de Araújo.
Segundo o porta-voz da RENAMO, Latifo Charifo, o alegado agente foi rapidamente neutralizado por seguranças particulares do candidato. Manuel de Araújo confirmiu o sucedido, mas sem avançar muitos detalhes. "Decidi não entrar em assuntos que não têm que ver com o corpo da campanha, essa é a minha estratégia. Estou concentrado na campanha", declarou.
Quase sete milhões de eleitores estão recenseados para as quintas eleições autárquicas de Moçambique, marcadas para 10 de outubro em 53 municípios, que cobrem parte do território nacional onde decorre a campanha eleitoral..
Guerrilheiras da RENAMO aguardam paz e reintegração
A desmilitarização também se faz no feminino. As mulheres estão prontas para entregar as armas, assegura a Liga Feminina da RENAMO, e aguardam com expetativa a reintegração nas forças governamentais.
Foto: DW/M. Mueia
Na expetativa do acordo
Muitas mulheres na RENAMO são guerrilheiras e aguardam a sua reintegração social. Estão interessadas em entregar as armas e exercerem outras atividades profissionais. Esperam pelo acordo final entre as principais partes envolvidas no processo de deliberação, neste caso as bancadas parlamentares da RENAMO e A FRELIMO.
Foto: DW/Marcelino Mueia
O aguardado regresso à vida civil
Teresa Abdul, da província do Niassa, começou a combater quando tinha apenas 14 anos. Aguarda o desarmamento e o regresso à vida civil com muita expectativa. “Este processo é muito melhor. Temos muitas pessoas que passaram pela guerra, lutaram, mas até agora não estão a ser reintegradas nos seus lugares, é triste. Caso este processo ocorra, estaremos agradecidos porque todos estarão na linha”.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Luta de quase quatro décadas
As mulheres do maior partido da oposição comemoraram o 38º aniversário da criação da Liga Feminina a 5 de Julho de 2018. As celebrações a nível nacional tiveram lugar na província moçambicana da Zambézia, juntando representantes do partido oriundos maioritariamente das províncias.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Que se cumpra o acordo feito com Dhlakama
Albertina Naene, ex-guerrilheira, ingressou nas fileiras militares da RENAMO com apenas 13 anos. Hoje, com 46, apela ao Presidente para prosseguir com os acordos de cessação definitiva das hostilidades militares."O Governo da FRELIMO está a atrasar o processo. Deveria cumprir o que ficou acordado com o presidente Dhlakama. Queremos que aqueles nossos irmãos saiam para virem conviver connosco”.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Encontros para motivar e mobilizar apoiantes
A morte do líder da RENAMO não significa o fim do regime partidário. As autoridades políticas da RENAMO na província da Zambézia, têm mantido encontros constantes depois da morte de Afonso Dhlakama. Os encontros não visam apenas traçar planos de atividade para as delegações distritais e membros do partido, também servem para motivar os seus simpatizantes e eleitores.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Maria Inês Martins - presidente da Liga da Mulher da RENAMO
Para a presidente da Liga da Mulher da RENAMO, a integração dos guerrilheiros nas forças governamentais podia começar pelos que, depois dos acordos de paz de 1992, foram integrados e depois afastados “sem justa causa”. “Foram desmobilizados e despromovidos, a outros foram dadas reformas compulsivas. Esta seria uma prova de que o Presidente Nyusi está disponível para cumprir o que acordaram".
Foto: DW/M. Mueia
O desejo de uma vida em paz
Populares querem paz, para continuar a produzir comida, dizem as vendedeiras ao longo da estrada EN1 em Malei, distrito de Namacurra, na Zambézia. Apesar da zona não ter sido afetada pelo conflito no ano passado, algumas vendedeiras dizem que
temiam a situação. Dormiam em prontidão, com malas preparadas para abandonarem as suas casas, em caso de conflito.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Partido "envelhecido"
A RENAMO, continua a ser um partido político com muitos membros idosos. De acordo com o politólogo Ricardo Raboco, a derrota da RENAMO nos pleitos eleitorais está também associada a este fator. Mas o politólogo também opina que, em Moçambique, os mais velhos são mais fiéis à RENAMO e poucos emigram para outras formações políticas. E há cada vez mais idosos a filiar-se pela RENAMO.