Membro do Boko Haram condenado por raptos em Chibok
Lusa | AFP
13 de fevereiro de 2018
Um elemento do grupo extremista Boko Haram foi condenado a 15 anos de prisão pela participação no rapto de centenas de raparigas em 2014, num liceu em Chibok, no nordeste da Nigéria.
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"Um membro do Boko Haram que fez parte do grupo que raptou as raparigas de Chibok foi condenado a 15 anos de prisão", no tribunal de Kainji, onde as audiências tiveram início na segunda-feira (12.02) para julgar os insurgentes, disse à agência de notícias AFP Salihu Isah, porta-voz do Ministério da Justiça nigeriano.
O arguido, Haruna Yahaya, 35 anos, que tem um braço paralisado e uma perna deformada, declarou-se culpado e apelou à clemência dos juízes, afirmando que foi "forçado a integrar" o grupo terrorista e, segundo o seu advogado, "agiu devido à sua severidade", revelou o porta-voz.
Raparigas de Chibok reencontram famílias
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Ainda assim, o tribunal considerou que o arguido tinha a opção de não ter tomado parte nas atividades do Boko Haram, pelo que o condenou a uma dura pena de prisão, disse Salihu Isah à AFP.
As centenas de presumíveis membros do grupo extremista começaram a ser ouvidos na segunda-feira num tribunal instalado numa base militar em Kainji, centro da Nigéria, que irá determinar se serão condenados, ilibados ou enviados para centros de reabilitação.
Raptos em 2014
Em abril de 2014, 219 raparigas do liceu de Chibok, no nordeste da Nigéria, com idades entre os 12 e os 19 anos foram sequestradas pelo Boko Haram, rapto que provocou uma vaga de solidariedade mundial, visível nas redes sociais, associada à frase "bring back our girls" (devolvam as nossas raparigas).
Desde então, 107 jovens foram encontradas ou trocadas depois de negociações com o Governo. No início de janeiro, várias apareceram num vídeo difundido pelo grupo, no qual afirmavam que não iriam voltar e que não queriam abandonar o "califado".
Reféns do Boko Haram libertados na Nigéria: "Ainda dói"
As 293 mulheres e crianças libertadas na semana passada pelo exército nigeriano das mãos do Boko Haram foram levadas para um campo de refugiados perto da cidade de Yola. Mas o seu sofrimento está longe de terminar.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
O sorriso perdido
"O que se percebe imediatamente é que as crianças aqui quase não riem", conta um funcionário do acampamento de Malkohi, na periferia da cidade nigeriana de Yola. Cerca de metade das perto de 300 pessoas que eram mantidas em cativeiro pelo Boko Haram tem menos de 18 anos. Um terço das crianças no acampamento sofre de desnutrição.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Primeiros dias de vida no acampamento
Lami Musa é mãe da mais recente moradora do acampamento de Malkohi. Deu à luz na semana passada. Um dia depois foi salva por soldados nigerianos. Durante a operação de resgate várias mulheres foram mortas pelos terroristas. "Apertei firmemente a minha filha contra o meu corpo e inclinei-me sobre ela", recorda a jovem mãe.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Filho perdido durante o cativeiro
Halima Hawu não teve tanta sorte. Um dos seus três filhos foi atropelado enquanto os terroristas a raptavam. Durante a operação de resgate um soldado nigeriano atingiu-a numa perna, porque os membros do Boko Haram usam as mulheres como escudos humanos. "Ainda dói, mas talvez agora o pior já tenha passado", espera Halima Hawu.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Poucos alimentos para as crianças
Babakaka, de três anos, teve de passar seis meses com o Boko Haram. Só raramente havia algum milho para as crianças, contam antigos prisioneiros. Quando foram libertados pelos soldados, Babakaka estava quase a morrer de fome. Babakaka continua extremamente fraco e ainda não recebeu tratamento médico adequado no acampamento.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Sobrevivência por um triz
A mãe de Babakaka foi levada para o Hospital de Yola juntamente com cerca de outras vinte pessoas gravemente feridas. Durante a fuga, alguém que seguia à sua frente pisou uma mina. A explosão foi tão forte que a mulher ficou gravemente ferida. Perdeu o bebé que carregava.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Roupas usadas do Ocidente
Exceptuando algumas doações de roupas velhas, ainda não chegou muita ajuda internacional às mulheres e crianças do acampamento de Malkohi. Aqui há falta de muitas coisas, sobretudo de pessoal médico. Não há qualquer vestígio do médico de serviço no acampamento. Apenas duas enfermeiras e uma parteira mantêm em funcionamento o posto de saúde temporário.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Dependentes de voluntários
"Não entendo por que motivo o nosso serviço de emergência nacional não faz mais", reclama a assistente social Turai Kadir. Por sua própria iniciativa, Turai Kadir chamou uma médica para tratar das crianças mais desnutridas. Na verdade, essa é a tarefa da NEMA, a agência nigeriana de gestão de emergências, que está sobrecarregada.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
"Incrível capacidade de resistência"
Regina Musa voltou há poucos meses dos Estados Unidos para dar aulas de Psicologia na Universidade de Yola. Agora, a psicóloga presta aconselhamento psicológico a mulheres e crianças. "As mulheres têm demonstrado uma incrível capacidade de resistência", diz Musa. Durante o período traumático, muitas delas também se preocupavam com os filhos de outras pessoas. Autor: Jan-Philipp Scholz (em Yola)