André Txetema, vice-presidente da Assembleia Autárquica de Alto Molocué, foi fortemente golpeado em sua residência por um grupo de homens armados. Delegado provincial do MDM acredita que houve motivação política.
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O vice-presidente da Assembleia Autárquica de Alto Molocué, na província da Zambézia, centro de Moçambique, e membro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira força política do país, foi fortemente golpeado na madrugada de sexta-feira (05.07) na sua residência por um grupo de homens armados.
André Txetema escapou da morte por pouco, informou a comissão provincial do MDM numa conferência de imprensa realizada este sábado (06.07) em Quelimane.
"Antes de entrar na residência da vítima, o grupo primeiro cortou os cabos de transporte da corrente elétrica que garantem a iluminação da casa da vítima. De seguida, entraram na residência e começaram a torturá-lo. Por um pouco empedaçavam a cabeça dele", afirmou o delegado político provincial do MDM, Rogério Warro Warro.
"Nós queremos que os órgãos da Justiça apareçam e que nos digam quem são e onde esses meliantes se encontram. Advertimos aos órgãos de direito a investigar e a trazer à tona os resultados que pretendemos. A vítima já está fora de perigo e encontra-se internada no Hospital Central de Nampula. Não conseguimos entrar em contato com ele, mas os nossos companheiros de Nampula estiveram no hospital e disseram-nos que ele está fora de perigo neste momento", acrescentou.
Motivação política
Andre Txetema já foi cabeça de lista do MDM naquela vila autárquica nas eleições autárquicas realizadas em Moçambique em outubro de 2018 e não conseguiu vencer a corrida eleitoral, ficando na terceira posição, atrás da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o partido no poder, e o segundo mais votado, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição.
A vítima salvou-se por um lado graças a vizinhos que tentavam se aproximar por causa de gritos. "Houve muitos gritos, porque na casa havia familiares da vítima que gritavam e pediam socorro. Quando os bandidos se aperceberam que os vizinhos acordaram, eles dispararam alguns tiros para o ar para afugentar os moradores que se aproximavam para saber o que se passava", disse o delegado do MDM.
Rogério Warro Warro diz que a delegação do MDM veio sempre registando denúncias de tentativas de sequestros, torturas e ameaças de morte contra os seus membros em vários distritos da província da Zambézia. O delegado acredita que o ataque contra André Txetema tem motivação politica.
"Tem motivações políticas, sim, porque sabemos que estamos na fase de pré-campanha para as eleições [gerais de 15 de outubro] e esta é uma maneira de nos intimidar", sublinhou.
Alguns membros do MDM que não quiseram se identificar temem que o pior aconteça, uma vez que o período eleitoral derradeiro se avizinha com o início da campanha eleitoral marcada para setembro próximo.
Josefa Marcolino, uma residente em Alto Molocué, disse que a população está triste com este acontecimento. "Isso lembra-me depois da contagem de votos no ano passado em que as crianças não passeavam, as ruas deixaram de ser movimentadas devido aos disparos e gritos por todos lados da vila e as manifestações contra resultados eleitorais", lamenta.
Autárquicas: Quem venceu nas principais cidades de Moçambique
Os resultados eleitorais das eleições autárquicas moçambicanas dão a vitória ao partido no poder em 44 municípios. A RENAMO, a principal força da oposição, venceu em sete autarquias. O MDM conquistou apenas a Beira.
Foto: DW/S. Lutxeque
Eneas Comiche, edil da capital entre 2004 e 2008, venceu em Maputo
Segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) saiu como grande vencedora em Maputo com 56,95% dos votos, contra os 36,43% da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a terceira força política mais votada com 5,13%.
Foto: DW/R. da Silva
Com margem estreita, Calisto Cossa conquista segundo mandato na Matola
No município da Matola, a FRELIMO foi considerada vencedora com 48,05% dos votos, contra os 47,28% da RENAMO, uma diferença inferior a um ponto percentual. A vitória da FRELIMO foi, no entanto, contestada pela oposição. Membros da Comissão Distrital de Eleições disseram mesmo que houve fraude eleitoral.
Foto: DW/Leonel Matias
Emídio Xavier, da FRELIMO, eleito pelo município de Xai-Xai
Na província de Gaza, concretamente na cidade de Xai-Xai, a FRELIMO venceu com 81,21% dos votos contra apenas 12,36% da RENAMO. Em 134 mesas, Xai-Xai registou 53,90% de votos válidos e uma abstenção de 43,86%.
Foto: DW/C. Matsinhe
Benedito Guimino, da FRELIMO, reeleito em Inhambane
Na cidade de Inhambane, capital provincial, a FRELIMO arrasou com 79,50% contra os 15,55% da RENAMO. Sobraram apenas 4,95% para o MDM. Inhambane contou com 65 mesas de voto e uma abstenção de 35,14%.
Foto: DW/L. da Conceição
Daviz Simango, líder do MDM, mantém-se na Beira
Na cidade da Beira, província de Sofala, o MDM conseguiu a única vitória neste sufrágio. A terceira força parlamentar arrecadou 45,77% dos votos. Em segundo lugar, ficou a FRELIMO com 29,26%. Em terceiro, surge a RENAMO com 24,57%. Neste município registou-se uma abstenção de 36,65%.
Foto: DW/A. Sebastiao
João Ferreira foi aposta da FRELIMO na cidade de Chimoio
Em Chimoio, província de Manica, a FRELIMO obteve maioria absoluta com 52,51% da votação. A RENAMO garantiu 44,51% dos votos válidos. Nesta cidade do centro do país havia 220 mesas e, curiosamente, não foram contabilizados quaisquer votos nulos ou brancos.
Foto: DW/M. Muéia
Manuel de Araújo reeleito em Quelimane - desta vez pela RENAMO
Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, a RENAMO venceu com 59,17% da votação contra os 36,09% arrecados pelo partido no poder, a FRELIMO. Quelimane com 168 mesas de votos registou uma taxa de abstenção de 34,72%. Do total de votos, 61,39% foram considerados válidos.
Foto: picture-alliance/dpa
César de Carvalho volta à edilidade de Tete, que liderou entre 2004 e 2013
Na província de Tete, na cidade com o mesmo nome, a FRELIMO levou a melhor com 54,49% contra os 43,02% da RENAMO, num universo de 57,04% votos considerados válidos. Nesta província do Centro Norte de Moçambique havia 184 mesas de voto.
Foto: DW/A.Zacarias
RENAMO vence em Nampula com atual edil Paulo Vahanle
Em Nampula, a RENAMO obteve mais votos do que o partido no poder. 59,42% dos munícipes votaram no principal partido da oposição, contra os 32,20% que votaram na FRELIMO. O MDM surge em terceiro com 6,23%. Nesta cidade contabilizaram-se 196.230 votos válidos, o que corresponde a 57,30% do total da votação. Em Nampula havia 456 mesas de voto.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO vence no município de Lichinga
Na cidade de Lichinga, na província do Niassa, a FRELIMO ganhou com 51,93% contra os 45,19% da RENAMO. O MDM garantiu o terceiro posto com apenas 2,88%. A abstenção situou-se nos 41,91%.
Foto: DW/M. David
Em Pemba, venceu Florete Simba Motarua da FRELIMO
Na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, a vitória foi alcançada pela FRELIMO que arrecadou 54,21% dos votos. A RENAMO não foi além dos 39,01%. Pemba com 134 mesas de votos contabilizou 56,23% de votos válidos. A taxa de abstenção nesta cidade nortenha foi de 40,87%.