Revolta dos representantes da RENAMO na Assembleia Autárquica contra o edil de Quelimane culminou no cancelamento da sessão desta quinta-feira (29.08). Membros da RENAMO alegam que Manuel de Araújo não paga os salários.
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Um grupo de 20 dos 24 membros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) que compõem a maioria na Assembleia Autárquica de Quelimane boicotou uma reunião na manhã desta quinta-feira (29.08) no salão nobre do edifício do Conselho Autárquico, alegando falta de entendimento e mau relacionamento com Manuel Araújo, edil da cidade e pertencente à mesma formação política.
Além de problemas relacionados com o não pagamento de salários, os membros da bancada da RENAMO em conflito com Manuel de Araújo disseram, sem gravar entrevistas, que as relações com o edil são más porque não há promoções e nem progressão na carreira profissional e muito menos subsídios de chefia para as pessoas que exerçam essas funções.
A reunião tinha sido marcada para as oito horas da manhã, mas devido à ausência dos representantes da RENAMO, o início dos trabalhos foi alargado para as 10 horas locais. Mesmo assim, a maioria dos membros da RENAMO não compareceu.
Sessão cancelada
O presidente da Assembleia Autárquica, Manuel António José, também da RENAMO, ao ver que só estavam presentes os membros da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), cancelou o encontro.
"Persistindo a falta de quórum necessário para que se possa iniciar os trabalhos, o presidente da Assembleia Municipal considera a reunião sem efeito nos termos do dispositivo legal do regimento," determinou.
A DW África tentou várias vezes, sem sucesso, ouvir os membros da RENAMO que não compareceram à reunião.
Críticas e indignação
Quelimane/Assembleia autárquica - MP3-Stereo
Já o chefe da bancada da FRELIMO, Francisco Ponta, ao falar aos microfones da DW África, mostrou-se indignado com a situação.
"Para nós, é muito triste. Estávamos preparados para discutir os assuntos que foram arrolados sobre a conta-gerência de 2018, assim como o reajuste do orçamento. Chegamos aqui e estamos a ver que os nossos colegas estão ausentes," descreveu.
"Temos informações de que há um assunto interno que está-se a tratar: primeiro, os membros não tiveram o seu ordenado e, como se não bastasse, solicitaram aos chefes das Finanças para debaterem a questão e perceber melhor o que está a acontecer. Como são problemas que não foram solucionados, então os colegas acharam melhor ficar em casa do que vir aqui e discutir essa questão. Há muita coisa que dá para se resolver e não está tendo solução. É lamentável," acrescentou.
Alige de Morais, também da FRELIMO, criticou o edil Manuel Araújo.
"O presidente do Conselho Autárquico apareceu aqui a mentir perante os membros da Assembleia, a dizer que estava a mudar carreiras. Alguns funcionários já tinham salários em atraso, portanto era tudo mentira. Ontem, víamos a bancada da RENAMO a aplaudir. Hoje é a própria bancada da RENAMO que está a ver que o presidente não serve para nada," disparou
No local, Manuel de Araújo, negou prestar qualquer informação à DW África, tendo afirmado estar muito ocupado.
Recorde-se que a Assembleia Autárquica de Quelimane é constituída por 40 membros - dentre os quais 24 da RENAMO, 15 da FRELIMO e um do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Autárquicas: Quem venceu nas principais cidades de Moçambique
Os resultados eleitorais das eleições autárquicas moçambicanas dão a vitória ao partido no poder em 44 municípios. A RENAMO, a principal força da oposição, venceu em sete autarquias. O MDM conquistou apenas a Beira.
Foto: DW/S. Lutxeque
Eneas Comiche, edil da capital entre 2004 e 2008, venceu em Maputo
Segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) saiu como grande vencedora em Maputo com 56,95% dos votos, contra os 36,43% da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a terceira força política mais votada com 5,13%.
Foto: DW/R. da Silva
Com margem estreita, Calisto Cossa conquista segundo mandato na Matola
No município da Matola, a FRELIMO foi considerada vencedora com 48,05% dos votos, contra os 47,28% da RENAMO, uma diferença inferior a um ponto percentual. A vitória da FRELIMO foi, no entanto, contestada pela oposição. Membros da Comissão Distrital de Eleições disseram mesmo que houve fraude eleitoral.
Foto: DW/Leonel Matias
Emídio Xavier, da FRELIMO, eleito pelo município de Xai-Xai
Na província de Gaza, concretamente na cidade de Xai-Xai, a FRELIMO venceu com 81,21% dos votos contra apenas 12,36% da RENAMO. Em 134 mesas, Xai-Xai registou 53,90% de votos válidos e uma abstenção de 43,86%.
Foto: DW/C. Matsinhe
Benedito Guimino, da FRELIMO, reeleito em Inhambane
Na cidade de Inhambane, capital provincial, a FRELIMO arrasou com 79,50% contra os 15,55% da RENAMO. Sobraram apenas 4,95% para o MDM. Inhambane contou com 65 mesas de voto e uma abstenção de 35,14%.
Foto: DW/L. da Conceição
Daviz Simango, líder do MDM, mantém-se na Beira
Na cidade da Beira, província de Sofala, o MDM conseguiu a única vitória neste sufrágio. A terceira força parlamentar arrecadou 45,77% dos votos. Em segundo lugar, ficou a FRELIMO com 29,26%. Em terceiro, surge a RENAMO com 24,57%. Neste município registou-se uma abstenção de 36,65%.
Foto: DW/A. Sebastiao
João Ferreira foi aposta da FRELIMO na cidade de Chimoio
Em Chimoio, província de Manica, a FRELIMO obteve maioria absoluta com 52,51% da votação. A RENAMO garantiu 44,51% dos votos válidos. Nesta cidade do centro do país havia 220 mesas e, curiosamente, não foram contabilizados quaisquer votos nulos ou brancos.
Foto: DW/M. Muéia
Manuel de Araújo reeleito em Quelimane - desta vez pela RENAMO
Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, a RENAMO venceu com 59,17% da votação contra os 36,09% arrecados pelo partido no poder, a FRELIMO. Quelimane com 168 mesas de votos registou uma taxa de abstenção de 34,72%. Do total de votos, 61,39% foram considerados válidos.
Foto: picture-alliance/dpa
César de Carvalho volta à edilidade de Tete, que liderou entre 2004 e 2013
Na província de Tete, na cidade com o mesmo nome, a FRELIMO levou a melhor com 54,49% contra os 43,02% da RENAMO, num universo de 57,04% votos considerados válidos. Nesta província do Centro Norte de Moçambique havia 184 mesas de voto.
Foto: DW/A.Zacarias
RENAMO vence em Nampula com atual edil Paulo Vahanle
Em Nampula, a RENAMO obteve mais votos do que o partido no poder. 59,42% dos munícipes votaram no principal partido da oposição, contra os 32,20% que votaram na FRELIMO. O MDM surge em terceiro com 6,23%. Nesta cidade contabilizaram-se 196.230 votos válidos, o que corresponde a 57,30% do total da votação. Em Nampula havia 456 mesas de voto.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO vence no município de Lichinga
Na cidade de Lichinga, na província do Niassa, a FRELIMO ganhou com 51,93% contra os 45,19% da RENAMO. O MDM garantiu o terceiro posto com apenas 2,88%. A abstenção situou-se nos 41,91%.
Foto: DW/M. David
Em Pemba, venceu Florete Simba Motarua da FRELIMO
Na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, a vitória foi alcançada pela FRELIMO que arrecadou 54,21% dos votos. A RENAMO não foi além dos 39,01%. Pemba com 134 mesas de votos contabilizou 56,23% de votos válidos. A taxa de abstenção nesta cidade nortenha foi de 40,87%.