Abriu portas esta sexta-feira (03.08) a Casa dos Pequeninos - um projeto social da igreja católica para crianças em situação de risco, financiado pela cooperação portuguesa.
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A cinco quilómetros do centro da cidade de São Tomé, em Obô Longo, distrito de Mé Zochi, o novo lar para meninos de rua e crianças rejeitadas pelas famílias é um dos maiores projetos concebidos pelo bispo da diocese, Dom Manuel António, desde que chegou às ilhas, em 2006.
O bispo mostra-se muito satisfeito com o arranque do projecto, "um sonho" que tinha desde a sua chegada: "Criar condições para essas crianças que estavam acolhidas em condições precárias".
As crianças da Casa dos Pequeninos são o retrato de um país com problemas sociais. Algumas são órfãs, outras foram abandonadas pelos familiares por serem fruto de uma relação extraconjugal ou de uma gravidez indesejada. "Essas situações têm a ver com a pobreza que vivemos aqui”, considera Dom Manuel António. O bispo fala em "situações de alcoolismo e famílias desestruturadas” e explica que "estas crianças precisam de ser acolhidas e apoiadas no seu crescimento”.
Apelo à generosidade
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"Têm-se feito aqui verdadeiros milagres", sublinha, descrevendo o projeto como "uma obra emblemática da ação social que a igreja realiza". Acolhe quarenta crianças com menos de seis anos. "Ainda agora, quando cheguei, estava aí mais uma senhora com mais uma criança, porque ela esta numa situação complicada", disse Dom Manuel António.
Preocupado com a situação das crianças de rua, agravada pela pobreza que tende a aumentar no país, o bispo Dom Manuel António pede aos são-tomenses para que sejam mais generosos. Apesar deste esforço, não páram de aumentar os pedidos de ajuda para as crianças de rua, diz o bispo da diocese de São Tomé.
A Casa dos Pequeninos foi construída com a ajuda da cooperação portuguesa e foi inaugurada durante a visita de trabalho ao arquipélago do ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de Portugal, José Vieira da Silva.
"Eu saio daqui com conforto, ao olhar para essas crianças e saber que elas estão bem”, disse José Silva. "Olhando para essas crianças (...), também podemos projectar o seu futuro, aí podemos acreditar que este esforço de cooperação é feito ao serviço provavelmente do mais ambicioso dos projectos".
Centro Aberto ajuda órfãos a desenvolver competências laborais
Em Manica, centro de Moçambique, crianças e jovens órfãos podem aprender várias competências laborais num centro aberto para jovens e idosos. É uma forma de tirar os jovens das ruas e de lhes dar perspetivas de emprego.
Foto: DW/B. Jequete
Aprender para o futuro
Pita Tobias tem 17 anos. É órfão de pai e mãe e aprende carpintaria num centro para jovens. À DW África conta: "Estou a aprender carpintaria desde o início de 2015. Faço biscates, a concertar portas, janelas, cadeiras, fechaduras de portas, com os quais tenho ganhado dinheiro, para ajudar a minha avó em casa". O seu sonho é concluir, pelo menos, o nível médio de ensino e procurar emprego digno.
Foto: DW/B. Jequete
Novas oportunidades para jovens
Em Manica, o Governo moçambicano, através do Instituto Nacional de Ação Social (INAS), construiu um Centro Aberto para o Atendimento de Crianças Órfãs e Pessoas Idosas. O centro oferece cursos profissionalizantes para promover o auto-emprego e, consequentemente, tirar os mais jovens da rua e reduzir a mendicidade e criminalidade. Carpintaria, costura e agricultura são algumas das áreas ensinadas.
Foto: DW/B. Jequete
Futuros empreendedores
Este alpendre construído de pau a pique e coberto de plástico e capim é a "carpintaria". A carpintaria é um dos ofícios mais ensinados no centro. Alguns dos formandos mais crescidos dizem já ter conhecimentos suficientes para abrir o seu negócio, mas, como ainda não conseguem ter o próprio material, continuam a frequentar o centro.
Foto: DW/B. Jequete
Deixar a pobreza para trás
João Lucas, adolescente de 15 anos, decidiu abraçar o curso de costura. Já sabe coser uniformes, fatos de capulana, túnicas, entre outros modelos de roupa. "Esta peça que tenho nas mãos, fui eu que confecionei. Quero agradecer aos gestores e organizadores deste projeto porque nós, mesmo que não tenhamos emprego, sabemos fazer algo que nos dará dinheiro. A pobreza ficou para trás."
Foto: DW/B. Jequete
Trabalhar na indústria para depois abrir o próprio negócio
Abel Francisco, de 18 anos e órfão de pai e mãe, agradece ao Governo a oportunidade. Está perto de obter um certificado que lhe permitirá encontrar emprego mais facilmente. "Para alguns colegas foi difícil enquadrarem-se numa carpintaria industrial, por falta de certificado. Com o papel nas mãos, é fácil encontrar emprego. Gostava de trabalhar para conseguir o meu material e ter o meu negócio."
Foto: DW/B. Jequete
Aprendizagem a passo-e-passo
Isabel Caetano, adolescente de 14 anos, já aprende a costurar há 14 meses e conta que já sabe, pelo menos, fazer botinhas e chapéus para recém-nascidos. "Outro tipo de peça de roupa, poderei aprender com o tempo. Por agora tenho de saber costurar roupa para recém-nascidos com perfeição."
Foto: DW/B. Jequete
Boa estratégia governamental
Saene Francisco Sabonete, de 48 anos, é formado na área da carpintaria e tem mais de duas décadas de experiência. É o instrutor dos órfãos no centro. "O Governo pensou numa boa estratégia, ao dar ferramentas básicas para o auto-emprego, visando acabar com mendigos e vulnerabilidade. O que nos inquieta é a falta de material. O que existe é insignificante para o número de crianças."
Foto: DW/B. Jequete
Criar emprego
Com o valor que consegue na venda de produtos feitos por ele e biscates, Alberto Francisco investe na compra de material de carpintaria. Segundo o próprio, "chegou o tempo do desmame e de dar oportunidades a outros" que também podem beneficar da formação. "A minha ideia é abrir a minha carpintaria e contratar alguns aqui do centro. Será uma valia para mim e para eles."
Foto: DW/B. Jequete
É necessário mais material
De visita ao centro, Maria Glória Siaca, diretora-geral do Instituto Nacional de Ação Social (INAS), foi recebida com inúmeros pedidos de material para aumentar o número de cursos profissionalizantes. "Estamos a encetar contatos com parceiros visando a compra de mais materiais", respondeu a dirigente.
Foto: DW/B. Jequete
Exploração infantil ainda existe
Enquanto algumas crianças aprendem vários ofícios, outras realizam trabalhos que não são adequados à sua idade. Há crianças em Manica que ainda são usadas em trabalhos forçosos, o que viola os seus direitos. Por desconhecimento ou receio, as crianças não agem em sua defesa e cingem-se a cumprir ordens. O trabalho infantil é punível por lei.
Foto: DW/B. Jequete
Falta de formação pode levar ao mundo do crime
Infelizmente, a formação promovida pelo centro não chega a todos. Há crianças de rua em Manica que, para além de mendigar, por vezes seguem o caminho do crime. Algumas praticam pequenos furtos, outras são enganadas por bandidos perigosos e levadas a assaltar residências. O Governo prometeu acabar com este cenário, mas é um processo lento.
Foto: DW/B. Jequete
Crianças de rua
Os rapazes desta imagem dizem não sair da rua. Alguns têm famílias mas preferem viver naquelas condições. Dormem em passeios, cobertos com caixas, sacos e cobertores apanhados em lixeiras. Dizem ter fugido de casa porque a comida não chegava para todos ou por vingança aos pais. De dia, fazem biscates, como lavar viaturas, para ganhar dinheiro para se alimentarem.