Estudo realizado por associação moçambicana indica ainda que inexistência de mantas em Inhambane poderia representar uma perda anual de 15,3 a 24,4 milhões de euros. Necessidade de conservação destes animais é urgente.
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A promoção do turismo associado ao mergulho com mantas na província de Inhambane, em Moçambique, pode gerar um impacto económico direto de 32 milhões de euros, revela um estudo da Associação Megafauna Marinha, divulgado esta semana. Destes, cerca de 10,3 milhões de euros representam o lucro direto dos operadores de mergulho a operar na região. O estudo revela ainda que a inexistência de mantas neste destino poderia representar uma perda anual de 15,3 a 24,4 milhões de euros.
Todos os anos, a "oportunidade de deparar-se com um destes animais icónicos no seu ambiente natural" leva turistas do mundo inteiro a viajar até Moçambique, o que de acordo com Stephanie Venables, cientista da associação, traz "beneficios diretos à economia local”. Ou seja, acrescenta a responsável, o estudo agora divulgado mostra que "a conservação destes gigantes marinhos supera o benefício económico de pescá-los".
Associaçãoluta por alterações à lei
Em 2015, a Megafauna Marinha chamava a atenção para o facto de, na última década, as populações de tubarões-baleia e mantas – os dois gigantes do mar mais apreciadas pelos turistas nesta zona - terem sofrido um declínio na sua população de 79 e 88 por cento, respetivamente. Neste sentido, Stephanie Venables volta a reafirmar que existe, efetivamente, "uma redução considerável" da população de mantas, no entanto, na sua opinião, é ainda "possível fazer a diferença” e "salvar estes animais emblemáticos”.
A associação propõe por isso a criação de novos projetos na área da proteção e alterações à lei. "Estas espécies emblemáticas têm sido cartões-de-visita para a indústria turística e faunística, criando assim incentivos para a sua proteção e do seu habitat, através da criação de áreas de proteção marinha e imposição de restrições de pesca ou comércio", aponta a associação, dando conta que a costa moçambicana possui quase 2.500 quilómetros e, no entanto, só existem seis áreas de proteção marinha. A Associação Megafauna Marinha tem trabalhado com os governos locais e líderes comunitários para proteger as espécies ameaçadas de extinção e salvaguardar também o valor económico do turismo marinho.
Para realizar este estudo, a associação usou dados recolhidos em 478 inquéritos sobre despesas de turismo, 15 inquéritos aos parceiros e estatística anual de mergulhos, fornecida por operadores turísticos na zona costeira.
Transformar lixo em artesanato
A organização moçambicana ALMA produz artesanato do lixo que recolhe no Tofo, Moçambique. Por exemplo, de jornais usados fabricam-se bases para tachos. Os artigos são vendidos em Moçambique e no estrangeiro.
Foto: DW/J. Beck
Esta base para tachos foi feita de jornais
A organização moçambicana ALMA - Associação de Limpeza e Meio Ambiente produz uma variada gama de produtos de artesanato do lixo que recolhe no Tofo, uma aldeia na costa da província de Inhambane, no sul de Moçambique, que é famosa pelas suas praias e pelos locais de mergulho. Por exemplo, de jornais usados fabricam-se bases para tachos. Os artigos são vendidos em Moçambique e no estrangeiro.
Foto: DW/J. Beck
ONG faz a recolha do lixo
Com o apoio da Câmara Municipal de Inhambane (CMI), a ALMA é responsável pela recolha do lixo no bairro Josina Machel, onde também se situa a localidade do Tofo. A aldeia é um centro do turismo ecológico em Moçambique. Muitos turistas procuram esta parte da costa do Oceano Índico para mergulhar com raias jamanta e tubarões baleia que são encontrados com frequência.
Foto: DW/J. Beck
As praias limpas do Tofo
Para além da recolha normal de lixo, que é feita duas vezes por semana, os membros da ALMA limpam as ruas e as praia. "Uma vez por mês fazemos uma limpeza geral", conta Gito Nhanombe, o coordenador da ALMA. "Sem a ALMA o Tofo não estaria tão limpo", diz Nhanombe. A limpeza torna o Tofo mais atrativo para turistas. "E menos lixo na praia, significa também menos lixo no mar", diz o coordenador.
Foto: DW/Johannes Beck
Evitar imagens como esta
Com a limpeza regular das ruas e praias do Tofo, a ALMA quer evitar imagens como esta (foto da Indonésia). O lixo plástico no mar é perigoso: pode asfixiar tartarugas que confundem sacos plásticos com medusas e tentam comê-los. Mas o plástico nos oceanos também ameaça a saúde dos homens, pois após a sua decomposição entra na cadeia alimentar através do consumo de peixes que comeram o granulado.
Foto: picture alliance/WILDLIFE
Separação de lixo
Em alguns lugares, como aqui em frente da esquadra local da Polícia da República de Moçambique no Tofo, existem vários contentores de lixo. Cada um serve para diferentes tipos de lixo. Neste caso para separar plástico do lixo comum para facilitar a reciclagem. Um sistema que já é amplamente usado em países como a Alemanha.
Foto: DW/J. Beck
Triagem do que pode ser reutilizado
Os membros da ALMA separam do lixo tudo o que podem usar para o fabrico de artesanato ou para a reciclagem. Guardam as tampas de garrafas de cerveja e de refrigerantes numa caixa. Guardam também papel, cavilhas de latas e pacotes de bebidas. Neste momento não há recolha de plástico, mas a ALMA espera encontrar um novo comprador para as grandes quantidades de plástico reciclado.
Foto: DW/J. Beck
Tampas como base
As tampas de garrafas são forradas com restos de capulanas, que são fornecidos por um alfaiate de Inhambane. No total, 11 pessoas trabalham nos dois setores de limpeza e artesanato da ALMA: seis mulheres e cinco homens. A venda do artesanato e do material reciclado permite à organização não-governamental criar empregos e pagar salários.
Foto: DW/J. Beck
Bases para tachos
Depois de forrarem as tampas, os artesãos juntam várias destas caricas para criar bases para tachos em formato hexagonal. Um conjunto destas bases custa 250 meticais moçambicanos (equivalente a 6,25 euros) e pode servir para colocar tachos, garrafas e copos na mesa.
Foto: DW/J. Beck
Jornais usados ganham nova vida
Entre os materiais procurados pelos artesãos da ALMA estão os jornais. Se não chegarem muito sujos à ALMA, podem ser processados. O papel dos jornais tem boa textura e, quando é impregnado com cola, pode ser enrolado e transformado em bases. Neste caso, custam 150 meticais (equivalente a 3,75 euros).
Foto: DW/J. Beck
A lixeira da ALMA
Mas mesmo com reciclagem e com o aproveitamento de alguma parte do lixo para artesanato, ainda sobra uma grande parte do lixo recolhido. Este material é depositado numa lixeira a céu aberto no terreno da ALMA junto à estrada principal de acesso ao Tofo. Se houver um comprador para o plástico reciclado, a quantidade de lixo depositado poderá ser reduzida.
Foto: DW/J. Beck
Loja local no Tofo
Os produtos produzidos localmente são vendidos na loja da ALMA. O coordenador da ALMA, o jovem moçambicano Gito Nhanombe (na foto), apresenta os produtos aos interessados e explica os materiais que foram usados. Esta bolsa é feita de pacotes de leite.
Foto: DW/J. Beck
Venda principalmente a turistas
Em vários pontos de Moçambique encontram-se pontos de venda da ALMA. São principalmente turistas os clientes da ALMA, mas alguns moçambicanos também fazem compras. No Restaurante Sul do Tofo (na foto), uma montra junto ao balcão mostra alguns produtos. Também há vendas na Europa através de encomendas. A cooperação alemã GIZ já apresentou trabalhos da ALMA numa exposição em Bona, Alemanha.
Foto: DW/J. Beck
Quem adivinhava que eram anilhas de latas?
À primeira vista, muitas peças da ALMA não fazem pensar em reciclagem de lixo. Estes suportes de copos foram feitos com anilhas de latas de alumínio. Os artesãos moçambicanos uniram-nas com fio de croché, em forma de flor. O artesanato amigo do ambiente cria empregos e contribui para manter uma parte da costa moçambicana limpa.