Merkel pede diálogo entre partidos para superar divisões
Lusa
3 de outubro de 2021
No Dia da Reunificação Alemã, celebrado a 3 de outubro, a chanceler alemã lançou um apelo implícito aos partidos políticos alemães para ultrapassarem as diferenças durante a formação do novo Governo.
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A chanceler alemã, Angela Merkel, lançou este domingo (03.10) um apelo implícito aos partidos políticos alemães para ultrapassarem as divisões após as eleições, quando estão em curso negociações, que podem ser difíceis, para formar Governo.
"Devemos continuar a construir o nosso país. Podemos discutir a forma como fazer isso no futuro, mas sabemos que temos a solução e que é preciso ouvirmos a opinião uns dos outros e dialogar", disse Merkel, num discurso para assinalar a Reunificação Alemã em 1990.
"Temos as nossas diferenças, mas também temos coisas em comum. Devemos estar prontos a conhecer os outros (...) e a ter a capacidade de lidar com as diferenças", afirmou a ainda chanceler, acrescentando que "essa é a lição de 31 anos de unidade alemã".
Estas são as primeiras declarações de Merkel em relação ao resultado das eleições de domingo passado e à situação política atual. Foram feitas quando começam as negociações exploratórias entre partidos políticos para tentar formar um novo governo, um processo que se adivinha complicado.
Coalizão ainda incerta
Na sequência das legislativas, provavelmente será necessária uma aliança de três partidos com programas muito diferentes para formar a maioria, o que suscita receios de instabilidade política.
30 anos de reunificação alemã em Berlim
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A opção que é considerada atualmente a mais provável é uma coligação entre o Partido Social-Democrata (SPD), que conseguiu uma ligeira vantagem nas urnas, os ecologistas e o partido liberal (direita). A força de centro-direita a que Merkel pertence, a União Democrata-Cristã (CDU), tenta paralelamente aliar-se também aos Verdes e aos liberais.
Nesta intervenção, que pode ser o último grande discurso que faz antes de se afastar da política, a chanceler fez ainda um apelo à defesa da democracia. "Às vezes damos por certas, com muita ligeireza, as aquisições democráticas, como se não houvesse mais nada a fazer" para as defender, apontou.
"Mas, atualmente assistimos a um número crescente de ataques", considerou, citando as agressões a minorias religiosas ou étnicas e também tentativas "demagógicas de espalhar sem escrúpulos nem vergonha o ódio e o ressentimento".
A trajetória política de Helmut Kohl
Kohl governou a Alemanha ao longo de 16 anos, mais do que qualquer outro chanceler federal. A reunificação das duas Alemanhas e a União Europeia são os pontos altos da carreira política de Kohl, que morreu em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa/U. Baumgarten
O pai da reunificação alemã
Helmut Kohl governou a Alemanha ao longo de 16 anos, mais do que qualquer outro chanceler federal. A reunificação das duas Alemanhas e a União Europeia são os pontos altos da carreira política de Kohl, que morreu em 16 de junho de 2017. "Sem ele, a União Europeia de hoje não teria sido possível", disse a chanceler atual, Angela Merkel.
Foto: picture-alliance/dpa/U. Baumgarten
Nos passos de Adenauer
Kohl entrou para a União Democrata Cristã (CDU) em 1946, ainda como estudante da escola secundária com apenas 16 anos. Foi eleito deputado estadual da Renânia-Palatinado em 1959, aos 29 anos. Em 1966, tornou-se presidente estadual da CDU. A foto de 5 de janeiro de 1967 mostra Kohl e o primeiro chanceler federal da Alemanha pós-Guerra, Konrad Adenauer, na festa dos seus 91 anos, em Bonn.
Foto: picture alliance / dpa
Primeiro-ministro aos 39 anos
Em 1969, com a renúncia do então primeiro-ministro da Renânia-Palatinado, Peter Altmeier, Kohl foi eleito seu sucessor. Ele comandaria o estado até dezembro de 1976. Sempre manteve uma ligação forte a este estado onde também será sepultado no cemitério da catedral de Speyer, no dia 1 de julho de 2017. A foto é de 1971, ano em que a CDU obteve a maioria absoluta no parlamento regional.
Foto: Imago
Em família
A família foi muito importante para a formação da imagem pública de Kohl. Ele costumava passar suas férias de verão com a esposa e os filhos sempre no mesmo lugar, no lago Wolfgangsee, na Áustria. Esta foto é de 1974, e mostra Kohl ao lado da esposa Hannelore e dos filhos Peter (d) e Walter (e) na residência da família, em Oggersheim.
Foto: imago/Sven Simon
Kohl na chancelaria federal
Em 1973, Kohl se tornaria presidente nacional da CDU. Mas ele ainda não tinha atingido sua grande meta: a chancelaria federal. Foi só em 1982, quando divergências entre social-democratas e liberais levaram ao fim da coligação do então chanceler federal Helmut Schmidt, que Kohl finalmente conseguiu alcançar seu objetivo. Na foto, de 1º de outubro de 1982, Schmidt parabeniza o sucessor.
Foto: picture-alliance/dpa
Chanceler federal por 16 anos
Kohl foi três vezes reeleito para a chancelaria federal, ocupando o cargo ao longo de 16 anos, de 1982 a 1998. Ele permaneceu na presidência da CDU, para a qual havia sido eleito em 1973, até 1998. A partir de 2000, passou a ser o presidente de honra do partido. A foto é de 11 de setembro de 1989, quando Kohl foi reeleito para a presidência da CDU.
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Gesto de reconciliação
Esta foto, que mostra Kohl ao lado do Presidente da França, François Mitterrand, correu o mundo. Ela foi tirada em 22 de setembro de 1984, durante um evento para celebrar a reconciliação franco-alemã, perto do cemitério de Verdun, onde estão enterrados soldados que morreram na Primeira Guerra Mundial. De mãos dadas, os dois líderes criaram uma forte imagem de unidade e reconciliação europeia.
Foto: ullstein bild/Sven Simon
Queda do Muro
Kohl foi literalmente surpreendido pela queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. Ele estava em viagem pela Polónia quando os cidadãos da Alemanha Oriental invadiram a fronteira interna alemã, com a anuência dos guardas do lado oriental. Kohl interrompeu imediatamente sua visita à Polónia. Na foto, de 10 de novembro de 1989, ele é cercado por berlinenses na avenida Kurfürstendamm.
Foto: picture-alliance/dpa
Negociações com a União Soviética
Na foto Kohl (d) aparece junto com Mikhail Gorbatchov (centro), e o ministro alemão do Exterior, Hans-Dietrich Genscher (e), durante uma visita ao Cáucaso, em 15 de julho de 1990, para discutir a reunificação alemã. Durante uma caminhada com Gorbatchov, Kohl obtivera do então chefe do Kremlin a aprovação da reunificação do país e da retirada das tropas soviéticas da Alemanha Oriental.
Foto: picture-alliance/dpa
Acordo entre as Alemanhas
Na presença do chanceler da Alemanha Oriental, Lothar de Maizière (esq. atrás) e do chanceler federal Helmut Kohl (centro atrás), os ministros das Finanças da Alemanha Ocidental e Oriental, Theo Waigel (dir.) e Walter Romberg (esq.), assinam, em 18 de maio de 1990, o acordo da união monetária das duas Alemanhas. O acordo abriria o caminho para a reunificação das duas Alemanhas (RFA e RDA).
Foto: picture-alliance/dpa
Chanceler da reunificação
A reunificação alemã, em 3 de outubro de 1990, foi o ponto alto da carreira de Helmut Kohl. Ele entraria para a história como o "chanceler da reunificação". Na foto, tirada em frente do edifício do Parlamento alemão em Berlim, Kohl aparece ao lado da esposa Hannelore, do ministro do Exterior Hans-Dietrich Genscher (e) e do Presidente Richard von Weizsäcker (d).
Foto: picture-alliance/dpa
"Paisagens florescentes"
No início dos anos 1990, Kohl é festejado pelos alemães-orientais como promotor da Reunificação. É dessa época a famosa expressão "paisagens florescentes", que ele usou para se referir ao futuro imediato da antiga Alemanha Oriental, a República Democrática Alemã (RDA). A foto mostra o então chanceler cercado por admiradores em Leipzig, durante uma campanha eleitoral, em 14 de março de 1990.
Foto: picture-alliance/dpa
Mentor de Angela Merkel
Sem Kohl, o sucesso da atual chanceler federal alemã, Angela Merkel, é praticamente inconcebível. Foi ele que apoiou a política oriunda da Alemanha Oriental no início da sua carreira nacional, escolhendo-a para ser ministra da Família e, mais tarde, do Meio Ambiente. A foto é de 16 de dezembro de 1991, quando Merkel era ministra da Família. Mais tarde, Merkel viria a ser a primeira chanceler.
Foto: picture-alliance/dpa
A derrota de 1998: Fim de uma era
Em setembro de 1998, a CDU e Kohl perderam as eleições parlamentares. Venceu o SPD e o seu candidato Gerhard Schröder, que governou pela primeira vez na história alemã com uma coligação entre social-democratas e verdes. A foto mostra uma cerimónia de despedida para Kohl, em Berlim, com honras militares.
Foto: picture-alliance/dpa
Escândalo de caixa dois
Em 1999, a imagem de Kohl é duramente atingida por um escândalo de doações ilegais para campanhas eleitorais da CDU ao longo dos anos 1990. O partido vira as costas para Kohl, e a primeira a fazê-lo é Merkel, sua protegida. Na foto, de dezembro de 1999, Kohl deixa mais cedo uma entrevista coletiva sobre o caso. Ao fundo, o presidente da CDU, Wolfgang Schäuble, e a secretária-geral Angela Merkel.
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Relação rompida
Kohl acabou admitindo que sabia das doações, mas se recusou a dar o nome dos doadores, anônimos até hoje. O processo contra Kohl foi arquivado em troca de uma multa milionária, e ele se afastou da política. Merkel tentou várias vezes se reconciliar com seu antigo mentor, que rejeitou todas as tentativas de aproximação. A foto mostra os dois na festa de 75 anos de Kohl, em Berlim, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa
Segundo casamento e isolamento social
Em 2001 a primeira mulher de Kohl, Hannelore Kohl, cometeu suicídio. Sete anos mais tarde, Kohl casou-se pela segunda vez com Maike Richter (e). Os últimos anos da vida foram marcados por um isolamento social. Após uma queda em 2007, teve dificuldades a falar. Cortou as relações com os seus filhos. Poucas pessoas tiveram acessos a sua casa em Oggersheim, onde morreu em 16 de junho de 2017.