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PolíticaAlemanha

Merkel promete reação ao caso Navalny "à escala europeia"

Lusa | AP | AFP | mc
28 de agosto de 2020

Em conferência de imprensa, Merkel prometeu uma reação "à escala europeia" ao presumível envenenamento do opositor russo Alexei Navalny. E reiterou que repetiria a política de 2015 de abrir as fronteiras aos migrantes.

Foto: AFP/Pool/M. Kappeler

A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu esta sexta-feira (28.08) a decisão de receber Alexei Navalny, o opositor russo que terá sido envenenado e se encontra internado em coma no hospital universitário Charité, em Berlim, desde sábado (22.08).

"Temos a obrigação de fazer tudo o que for necessário para esclarecer o caso. Quando tivermos mais informação sobre o que se passou, trataremos de ter uma reação à escala europeia e não de um país apenas", disse a chanceler numa conferência de imprensa em Berlim. 

Segundo a revista alemã Der Spiegel, os especialistas que estão a tratar Navalny pediram a colaboração das Forças Armadas por suspeitarem que o opositor tenha sido envenenado por um agente químico. O hospital pediu a colaboração de um laboratório militar de farmacologia e toxicologia em Munique (Baviera), no qual trabalham os maiores especialistas alemães em substâncias tóxicas e agentes químicos. 

Complicações para Nord Stream 2?

A Spiegel escreve ainda que Angela Merkel, que exigiu à Rússia o esclarecimento total do caso, pediu para ser informada diariamente sobre o estado de Navalny. 

Por outro lado, a chanceler alemã afirmou que o caso Navalny não deve ser relacionado com o projeto Nord Stream 2, o gasoduto germano-russo em construção no Mar Báltico, que os Estados Unidos não querem que seja concluído. 

Nord Stream 2 permitirá fornecer diretamente gás natural russo à Europa Ocidental, passando sob o Mar Báltico até chegar à AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa/B. Wüstneck

Os EUA argumentam que o Nord Stream 2 vai tornar a Alemanha dependente do gás russo, pondo em risco a segurança europeia. Propõem como alternativa a compra pela Europa de gás natural liquefeito norte-americano. 

Merkel voltaria a acolher refugiados

O controverso acolhimento na Alemanha de dezenas de milhares de migrantes do Médio Oriente foi outro tópico abordado na conferência de sexta-feira.

Merkel reiterou que voltaria a fazer o mesmo em circunstâncias semelhantes: "Tomaria essencialmente as mesmas decisões", disse em resposta a um jornalista que a questionou se lamentava a política de 2015 de manter a fronteira aberta aos migrantes.

"Quando as pessoas se encontram na fronteira germano-austríaca ou na fronteira húngaro-austríaca, têm de ser tratadas como seres humanos", acrescentou.

Refugiados à espera de se registarem em Berlim, em 2015Foto: Reuters/F. Bensch

Extrema-direita cresceu

Mais de um milhão de pessoas pediram asilo na Alemanha pela primeira vez em 2015-2016.

Apesar de, no início, aparentemente Merkel ter a opinião pública do seu lado, o debate em torno das migrações tornou-se profundamente divisório, levando mesmo à criação de um partido de extrema-direita - a AfD - ganhando uma presença significativa no Parlamento pela primeira vez desde o regime nazi.

A chanceler apontou sucessos na integração dos refugiados no mercado de trabalho e na sociedade alemã mas esclareceu que "o assunto continuará a ser motivo de preocupação nos próximos anos".

"O tema da migração não está terminado. Será um tema constante para o século XXI", conclui.

Covid-19 vai ser pior nos próximos meses

Na conferência, a chanceler alemã afirmou também que espera que a pandemia do novo coronavírus seja "ainda mais difícil" durante o outono e inverno alemães, prestes a começar.

"Vamos ter de viver com este vírus durante muito tempo ainda [...]. A situação permanece grave, é preciso levá-la a sério", apelou.

Angela Merkel pediu aos alemães para se manterem fiéis às medidas de prevenção contra o novo coronavírusFoto: AFP/Pool/M. Kappeler

A resposta da Alemanha à pandemia provocada pelo novo coronavírus é considerada relativamente bem-sucedida, o que levou a um aumento da popularidade de Angela Merkel.

A chanceler frisou que, por não ter de pensar na próxima campanha eleitoral, visto que não se vai recandidatar ao cargo em 2021, pode concentrar-se no combate à pandemia da Covid-19 e noutros problemas prementes durante o seu último ano de mandato.

Mais infeções

A Alemanha regista, contudo, nas últimas semanas um novo aumento de casos, em média 1.500 ao dia. Números que levaram as autoridades a impor novas restrições como o prolongamento até ao final do ano da proibição de reuniões ao ar livre de mais de 50 pessoas e a aplicação de multas de 50 euros para quem não usar máscara nos locais onde é obrigatório.

A partir de outubro, os viajantes que regressem de países ou regiões considerados de risco vão ter de fazer uma quarentena de pelo menos cinco dias, ao fim dos quais podem fazer um teste e, se o resultado for negativo, suspender o isolamento.

Moçambicano ajuda refugiados na Alemanha

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