II Guerra Mundial: Merkel recorda vítimas do nazismo
Lusa
8 de maio de 2021
Para Merkel, "08 de maio de 1945 foi um dia de libertação" que "marcou o fim da ditadura nacional-socialista e o colapso da civilização que foi o Shoa [Holocausto]"e insistiu na obrigação de manter viva a sua memória.
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A chanceler alemã, Angela Merkel, recordou este sábado (08.05) as vítimas do nazismo e insistiu na obrigação de manter viva a sua memória, no 76.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial.
"É a nossa eterna responsabilidade manter viva a memória de milhões de pessoas que perderam as suas vidas durante os anos da ditadura nacional-socialista", declarou a chanceler numa mensagem difundida pelo porta-voz do Governo, Steffen Seibert, na sua conta de Twitter.
O ministro das Relações Exteriores alemão, Heiko Maas, também agradeceu, através da rede social Twitter, a todos aqueles que "arriscaram e sacrificaram as suas vidas milhões de vezes para libertar o mundo do fascismo".
"Infelizmente, a ideia do fascismo ainda hoje não foi completamente erradicada. Todos os dias temos que nos unir em favor da democracia e da liberdade", acrescentou.
Holocausto: sobrevivente relata o terror em Auschwitz
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"Devastação causada pelo racismo"
Também o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, sublinhou, na sexta-feira (07.05), a importância de manter viva a memória dos crimes cometidos pelo regime nacional-socialista de Hitler.
"A superação do nacional-socialismo, lembrando a injustiça e a culpa, não enfraquece a nossa democracia; pelo contrário, fortalece o seu poder de resistência e a sua solidez", afirmou.
A memória dos crimes contra a Humanidade causados pelo Holocausto e a devastação causada pelo nacional-socialismo e pelo racismo passaram a fazer parte da identidade alemã e devem sê-lo também no futuro, frisou.
Para o Presidente alemão, é preciso estar ciente de que "cada geração assimila novamente a história e que a cada geração a memória volta a ser tarefa".
Auschwitz: 75 anos após a libertação
Há 75 anos, as tropas do exército soviético chegaram aos campos de concentração de Auschwitz e libertaram os sobreviventes. Décadas depois, a história permanece viva e precisa ser contada para as próximas gerações.
Foto: DW/M. Oliveto
A escolha marcada pelo ódio
Era assim que morriam os que chegavam. Ainda nos trilhos, o infame médico Josef Mengele apontava para as pessoas. Mandava para a esquerda aqueles que iriam trabalhar nos campos de concentração; e para a direita, aqueles que não estavam aptos a trabalhar, e eram, por isso, levados imediatamente para as câmaras de gás.
Foto: DW/M. Oliveto
As vítimas desconheciam o que se ia passar
A esperança era uma mentira em Auschwitz. Os escolhidos a dedo pelo médico da SS eram orientados a colocar os nomes nas malas e deixar os seus pertences num local reservado. Diziam-lhes que podiam vir buscar os pertences depois dum banho de desinfeção. Entravam depois num grande barracão com diversos chuveiros, de onde saia o gás tóxico ZyklonB. As vítimas morriam em poucos minutos.
Foto: DW/M. Oliveto
Tortura
Josef Mengele era um instrumento da crueldade em Auschwitz. Ele também escolhia as vítimas que seriam as cobaias das suas pesquisas. Os escolhidos eram encaminhados para o “Bloco 10”, uma das edificações mais emblemáticas de Auschwitz. As mulheres eram esterilizadas e mutiladas, gémeos eram alvos de experiências como a retirada de membros entre outras atrocidades.
Foto: DW/M. Oliveto
As marcas do passado
O que ficou das vítimas que passaram por Auschwitz pode sertraduzido em números: mais de 470 próteses (foto acima), 40 quilos de óculos, quase quatro mil malas, mais de cem mil sapatos, mais de 39 mil negativos de registo fotográficos feitos pelos soldados da SS, além de mais de sete toneladas de cabelo, já que todos que chegavam a Auschwitz tinham a cabeça raspada.
Foto: DW/M. Oliveto
A capacidade de destruição
“Auschwitz tinha cinco crematórios, um pequeno no antigo campo e quatro em Birkenau. O extermínio de judeus atingiu o pico nos anos 1943-44. Os organizadores acreditavam que em todos os crematórios, seria possível queimar mais de 4.700 corpos por dia. Mas em termos práticos, a eficiência das câmaras de gás era ilimitada”, para o pesquisador Piotr Setkiewicz
Foto: DW/M. Oliveto
A tentativa de apagar o passado
Em 1945, durante a libertação, os oficiais da SS tentaram destruir as provas das barbáries cometidas em Auschwitz. Mais de 50 mil prisioneiros foram obrigados a marchar dia e noite, sem descanso nem comida, e sempre com medo de serem mortos a tiro se caissem, para evadir as forças inimigas dos nazis. Mas 75 anos mais tarde, as provas existem e a memória permanece viva.
Foto: DW/M. Oliveto
O genocídio de milhões
O plano era exterminar todos os judeus da Europa. Só em Auschwitz foram chacinadas mais de 1,1 milhão de pessoas, na grande maioria judeus, mas também polacos, ciganos, homens, mulheres e crianças capturados em vários países europeus. Na base dos registos, documentos e fotos dos prisioneiros encontrados nos escritórios do comando, foi possível fazer uma lista de nomes das vítimas.
Foto: DW/M. Oliveto
Passado e presente
O campo de concentração Auschwitz-Birkenau, e os outros, funcionaram ao longo de toda a guerra (1940-1945). Todos eles eram verdadeiras máquinas de extermínio, eficientes e sistemáticas, tal como uma linha de montagem. Auschwitz tornou-se no símbolo da morte industrializada no mundo. É preciso aprender com os erros do passado, para evitar que eles se voltem a repetir no futuro.
Foto: DW/M. Oliveto
O perigo de voltar a acontecer
Para o sobrevivente Gerhard Baader, aos 92 anos, “A questão é sempre: Auschwitz, pode voltar a acontecer? É tão monstruoso que parece que não. Mas claro que pode. Talvez não da mesma maneira. Mas ainda existem as ideias que tornaram Auschwitz possível. Sou cauteloso ao comparar com a situação hoje, mas devemos ter sempre em mente o genocídio de populações inteiras”.