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PolíticaAlemanha

Merz avisa Netanyahu que é contra anexação da Cisjordânia

7 de dezembro de 2025

Chanceler alemão Friedrich Merz advertiu Netanyahu, em Jerusalém, que Israel não deve adotar medidas de anexação na Cisjordânia. O primeiro-ministro israelita disse que o tema continua em debate.

Friedrich Merz (à esquerda) e Benjamin Netanyahu (à direita)
Merz avisa Netanyahu que é contra anexação da CisjordâniaFoto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance

Friedrich Merz e Benjamin Netanyahu deram uma conferência de imprensa conjunta durante a visita do chanceler alemão a Israel, tornando-se o primeiro líder de um grande país europeu a deslocar-se ao país desde que o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de captura contra Netanyahu pela sua alegada implicação em crimes de guerra na Faixa de Gaza.

Nas declarações iniciais, Merz afirmou categoricamente que "não pode haver medidas anexionistas na Cisjordânia" e acrescentou que não pode ocorrer "nenhuma medida formal, política, estrutural ou de outro tipo que equivalha a uma anexação".

O aviso surge depois de o Parlamento israelita ter aprovado, em leitura preliminar no passado mês de outubro, uma proposta para anexar a Cisjordânia ocupada medida duramente condenada por vários países, incluindo pela administração norte-americana e pelo então presidente Donald Trump.

Netanyahu afirmou que o statu quo na Cisjordânia "não mudou" e que Israel continua a controlar a segurança do territórioFoto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance

Questionado sobre o alerta de Merz, Netanyahu afirmou que o statu quo na Cisjordânia "não mudou" e que Israel continua a controlar a segurança do território.

"Por isso não há uma explosão de terrorismo na Judeia e Samaria - termo bíblico usado pelo governo israelita para se referir à Cisjordânia, nem nas zonas palestinianas", disse o primeiro-ministro, acrescentando que "esse princípio manter-se-á no futuro previsível" e que "não tem nada a ver com a questão da anexação política, que continua a ser tema de debate".

Resolução de dois Estados

Relativamente a um futuro Estado palestiniano, composto pela Cisjordânia e pela Faixa de Gaza, o chanceler alemão afirmou que a Alemanha trabalha para que Israel seja reconhecido e aceite no Médio Oriente, mas sublinhou que o seu país acredita também "firmemente" na solução de dois Estados palestiniano e israelita.

"Uma solução de dois Estados só pode ser alcançada através de negociações, e será o resultado dessas negociações, mas essas negociações são necessárias agora", explicou.

Alemanha defende uma solução de dois Estados para fim do conflito na Faixa de GazaFoto: Zain Jaafar/AFP/Getty Images

Segundo Merz, o seu governo defende que "o reconhecimento de um Estado palestiniano só pode ser o fim, e não o início, desse processo", razão pela qual a Alemanha não o reconheceu na Assembleia Geral da ONU em setembro, ao contrário de vários países, incluindo a vizinha França.

Reformas

O chanceler alemão referiu-se ainda às reformas que a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), que governa na Cisjordânia ocupada, se comprometeu a realizar, visando o seu papel no governo de Gaza e num futuro Estado palestiniano.

"Há muito a criticar nesta autoridade, e com razão. Eu próprio a critico", declarou, para depois acrescentar que, "agora que há sinais de reforma", é necessário apoiar a ANP, o que fez numa chamada telefónica ontem com o seu presidente, Mahmoud Abbas.

Os territórios palestinianos não têm atualmente continuidade territorial e, enquanto em Gaza governa o braço político do Hamas, na Cisjordânia permanece a ANP, embora na maior parte dessa zona - a denominada Área C, que equivale a 60% do território, Israel detenha tanto controlo militar como civil desde os Acordos de Oslo de 1993.

Além disso, existem centenas de postos de controlo militares israelitas ao longo de toda a Cisjordânia, bem como um sistema de permissões que impede a livre circulação dos palestinianos entre cidades, proibindo muitos de entrar em Jerusalém, entre outras localidades.

EFE Agência de notícias