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Meio milhão de moçambicanos enfrenta fome

20 de junho de 2018

Fome ameaça mais de quinhentas mil pessoas em 19 distritos de quatro províncias moçambicanas. As reservas alimentares disponíveis são insuficientes.

Seca na província de Gaza, no sul de Moçambique (Foto de Arquivo/2016)Foto: DW/E. Saúl

O Instituto de Gestão de Calamidades (INGC), diz que dispõe de estoques alimentares para apoiar as famílias apenas para menos de um mês. Este cenário contraria as contas do Governo que afirma que o balanço da primeira época da campanha agrícola 2017-2018 foi positivo. 

Segundo o responsável da área de segurança alimentar no Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar, Hiten Jantitlal, a produção global superou as metas traçadas. "No cômputo geral de todas as culturas, tivemos um crescimento acima de cem por cento, estamos a falar de 104 por cento, daquilo que estava planificado".

Chuvas irregulares, inundações e lagartasO Governo explica o que teria contribuído para que os 19 distritos não alcançassem as metas na produção agrícola. "Irregularidade de chuvas mas também algumas inundações que ocorreram na região norte e tivemos o impacto das lagartas. Neste caso estamos a falar da lagarta de funil que há dois anos está a afetar a cultura do milho". 

Inundações provocadas pela chuva em Inhambane (2017)Foto: DW/L. da Conceição

O INGC, segundo refere o seu porta-voz, Paulo Tomás, já está a mobilizar fundos junto dos seus parceiros para poder ajudar as famílias mais carenciadas. "Das reservas que o INGC e seus parceiros têm neste momento poderá permitir uma assistência de pelo menos mais um mês e isto vai permitir-nos fazer com intensidade alguma mobilização de recursos para prestar assistência a estes agregados familiares", esclareceu. 

As províncias afetadas são Gaza e Inhambane no sul e Sofala e Tete no centro. Esta última, segundo o INGC, está a precisar de uma ajuda urgente. "A maior preocupação vai para a província de Tete onde temos cerca de 34 mil famílias já nesta situação seguida da província de Gaza. Teremos também a componente de água e saneamento que deverá estar prevista neste plano", alertou o porta-voz.

Seca agrava risco de insegurança alimentar Anualmente Moçambique tem estado a enfrentar cheias e secas severas que comprometem a produção agrícola. Já no passado mês de maio, uma rede de alerta para riscos de fome tinha anunciado que partes do centro e sul de Moçambique deveriam enfrentar grandes dificuldades no acesso a comida a partir de junho, devido à seca.

Meio milhão de moçambicanos enfrenta fome.

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Apesar de o grau de alerta não chegar ao nível de emergência, como já aconteceu em 2016, há sinais de escassez ao nível da agricultura de subsistência, da qual depende a maioria dos moçambicanos. 
 
"Devido a uma fracassada campanha agrícola de 2017/18, os agregados familiares mais pobres não têm acesso a rendimento aos níveis habituais no interior de Gaza, Inhambane, norte de Maputo, sul de Tete e partes das províncias de Manica e Sofala", referia a Rede de Sistemas de Alerta Antecipado de Fome (FEWS Net, sigla inglesa), que foi criada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) em 1985 para apoio à tomada de decisões na gestão de apoio humanitário.

O risco de insegurança alimentar é classificado de acordo com uma escala de cinco níveis: risco mínimo, "stress", crise, emergência e fome.

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