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Moçambique: Prevê-se época de chuvas mais intensa no centro

Lusa
24 de outubro de 2021

O centro de Moçambique pode sofrer mais intempéries que o resto do país na próxima estação das chuvas, acentuando um padrão de anos anteriores, segundo a mais recente previsão sazonal.

Regenfälle in Mosambik
Foto: A Verdade

As autoridades estão inclusivamente a planear um investimento num novo centro meteorológico para aquela zona com apoio do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que se deve tornar realidade até 2024 e aumentar a precisão das previsões e alertas.

A nova estação chuvosa está a começar: acontece anualmente de outubro a março.

Desta vez, para a região centro do país prevê-se que possa cair chuva "acima do normal" em "praticamente em todos os períodos" e isto sem ainda conhecer a previsão ciclónica - cuja época vai de novembro a abril, refere Acácio Tembe.

Num sala com vários computadores, o chefe do departamento de previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inam), em Maputo, olha para os mapas que recebe de serviços de satélite para antecipar o que se vai passar nos próximos dias.

Outros colegas traçam o padrão meteorológico sazonal.

Em média, em cada época, formam-se nove a 12 sistemas de baixas pressões na bacia do sudoeste do oceano Índico, dos quais cinco a sete chegam à categoria de ciclone tropical.

Destes, dois a três ciclones podem atingir o canal de Moçambique e depois chegar ao país.

"Na última época [2020/21] tivemos os ciclones Chalane, Eloise e Guambe" a provocar inundações, estragos e mortes, recorda.

Segundo dados oficiais, a conjugação de diferentes desastres naturais provocou 96 mortes na anterior época chuvosa em Moçambique.

Ciclones em Moçambique

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória no território: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas de dois dos maiores ciclones (Idai e Kenneth) de sempre a atingir a nação lusófona, especialmente as províncias de Sofala e Manica, no centro.

"Estamos a trabalhar para instalar um centro regional de previsão de tempo na cidade da Beira e que vai permitir fazer previsões mais precisas para as províncias centrais", sem depender apenas de modelos nacionais, refere Acácio Tembe.

Nos últimos três anos, cinco ciclones tropicais (Desmond, Idai, Kenneth, Chalane, Eloise e Guambe) causaram centenas de mortes e avultados danos materiais, principalmente nas províncias do centroFoto: picture-alliance/dpa/Y. Lemmer

O projeto tem o apoio do BAD e está em fase de preparação para ser concretizado nos próximos dois anos.

"Vai permitir criar melhores condições" de previsão e alerta "para aquela região que tem sido assolada nos últimos tempos" por alguns dos mais graves desastres naturais, sublinha.

Além de infraestruturas e equipamento, o investimento inclui formação de meteorologistas que deve arrancar em breve, acrescenta.

Nos terrenos no Inam, no centro de Maputo, três antenas parabólicas ocupam o espaço exterior à entrada do gabinete de previsões, ligadas a diferentes satélites que fornecem imagens, sendo que boa parte dos dados também chega diretamente através de redes fechadas na Internet a que o instituto tem acesso.

Mais à frente, há uma estação automática e outra manual que realizam diferentes medições: vento, temperatura, humidade, pluviosidade, entre outras.

Meses críticos 

Dezembro e janeiro costumam ser meses críticos, com os solos a começar a ficar saturados e os níveis de precipitação ainda a aumentar, o que requer do Inam "mais trabalho de monitorização e alerta" relativos às condições meteorológicas.

Acácio Tembe prepara no seu computador as previsões que dão conta da aproximação de vento forte.

"No início e fim da época chuvosa há vendavais, fenómenos de curta duração" que podem ser acompanhados por "trovoadas severas e queda de granizo" devido a bruscas oscilações de temperatura - no caso, dias subitamente tórridos com os termómetros a baterem nos 40º no sul do país.

Outra ambição do Inam passa por instalar estações meteorológicas em todos os distritos - há inclusive um programa governamental intitulado "Um distrito, uma estação" -, aumentando a rede que já produz previsões para 40, aqueles onde há maior atividade económica e turismo.

"Com dados locais é possível dar informação com maior precisão e antecipar quaisquer fenómenos meteorológicos" com maior rigor, conclui Acácio Tembe, antes de mudar de sala para iniciar uma intervenção para uma televisão local.

A previsão do tempo continua a ser uma das informações diárias obrigatória para os meios de comunicação social, com atenção redobrada durante a época chuvosa que agora arranca em Moçambique.

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