Primeiro metro de superfície em Angola começa a ser construído em 2020. O investimento vai custar aos cofres do Estado cerca de três mil milhões de dólares. Cidadãos louvam a iniciativa, mas preferem "ver para crer".
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Andar de transporte público em Luanda e noutras cidades angolanas é um verdadeiro problema. Quem o diz é o cidadão Pedro Soma, em declarações à DW África. Os taxistas, vulgo kandongueiros, têm sido a sua solução.
"É muito difícil, visto que há escassez e também há excesso de lotação nos transportes públicos tanto de autocarros como de comboios. Normalmente ando mais de táxi," conta.
Também Graciano Luís, outro residente da capital angolana, fala em escassez de transportes públicos. Os autocarros e os comboios que circulam por Luanda não satisfazem a demanda, diz.
"Não há autocarros suficientes e os que existem não chegam em determinados sítios. São apenas para alguns sítios restritos," lamenta.
Para Vasco da Gama, especialista em questões rodoviárias, a procura por transporte público é maior que a oferta. O autor do livro "A Problemática do Congestionamento em Luanda" diz ainda que o número de habitantes contrasta com os meios de transporte disponíveis.
"Nós temos uma cidade, hoje, com oito milhões de habitantes para pouco mais de mil autocarros em linha, incluindo a isso uma linha de comboio. Nós estamos a falar que, em termos de capacidade de transportação das pessoas - dos cidadãos que queiram ir ao trabalho, à escola, aos passeios - temos um número maior se comparado com o número de transportes disponíveis," afirma.
Metro de superfície pode ser solução para o problema dos transportes de Luanda?
"Ver para crer"
Para solucionar o problemática dos transportes públicos em Luanda, Ricardo de Abreu, ministro angolano dos Transportes, anunciou para 2020 o início da construção de um metro de superfície para a capital do país. O investimento vai custar aos cofres do Estado cerca de três mil milhões de dólares.
Em declarações à Televisão Pública de Angola (TPA), o governante disse que o metro vai circular do Porto de Luanda a Cacuaco, da avenida Fidel de Castro Ruz ao Benfica, do Porto de Luanda à Praça da Independência e da Cidade do Kilamba ao 1º de Maio.
O cidadão Pedro Soma louva a iniciativa, mas prefere ver para crer.
"A iniciativa é boa, mas não acho que isso seja concretizado no período próximo, porque temos visto nas políticas do Governo que promete mais do que realiza," critica.
Graciano Luís também gosta da iniciativa governamental.
"Resolveria o problema. Dava uma solução boa nos transportes públicos," avalia.
Vasco da Gama também vê com bons olhos esta iniciativa. No entanto, diz que o metro pode ser parte da solução do trânsito caótico em Luanda, se forem criadas todas as condições necessárias.
"Com a possível entrada do metro, se forem criadas todas as condições necessárias - nomeadamente as paragens, as praças, os acessos fáceis, incluindo a isso a electricidade ininterrupta - este meio, o metro, no caso, poderá resolver parte do problema, essencialmente problema ligado ao congestionamento e também da sinistralidade adjacente a si. Portanto, entendemos que é preciso esperar para ver," conclui.
Os reis do transporte em Maputo
"My love", "ten years" e "smart kika" são modalidades de transporte que disputam clientes na capital de Moçambique. Veículos privados procuram satisfazer diariamente a grande demanda da população.
Foto: DW/R. da Silva
Os 'donos' do transporte
"Smart kikas" (autocarros), "my loves" (carrinhas de caixa aberta) e "ten years" (minibus) são as designações de diferentes meios de transporte em Maputo. Na verdade, são considerados os reis do transporte na capital devido à inoperância da Empresa Municipal de Transporte de Maputo. São veículos que, todos os dias, tentam satisfazer a demanda por transporte na capital moçambicana.
Foto: DW/R. da Silva
Disputa acirrada
Os veículos "ten years" são populares por causa da flexibilidade, manobras fáceis nas estradas e poucos atrasos. Entretanto, são os mais desconfortáveis devido à proximidade dos assentos, o que castiga as pessoas mais altas. O minibus faz barreiras aos autocarros pela disputa de clientes e chega a criar embaraços ao tráfego. Para os condutores, vale tudo por mais um passageiro.
Foto: DW/R. da Silva
Transporte de mercadorias
Estas camionetas estão à espera de carregar mercadorias de cidadãos que fazem compras num dos maiores mercados informais de Maputo, o Xikheleni. Quando não aparecem clientes ou se a receita for baixa, esses veículos fazem desvio de aplicação, carregando pessoas para o centro da cidade nas horas de ponta.
Foto: DW/R. da Silva
'Bom samaritano'
Há ocasiões em que os "my loves" servem de "bom samaritano". Quando o bolso não é suficiente para fretar os "smarts" ou minibus, estas camionetas acabam sendo a solução mais barata para transportar convidados, sobretudo para os casamentos. Aos sábados, são comuns cenários assim.
Foto: DW/R. da Silva
Viaturas particulares
Viaturas particulares também transportam as pessoas, como se pode ver nesta imagem. Não é nenhum dos três tipos de transporte já descritos, mas a verdade é que a crise no geral dos transportes obriga as pessoas a fazer este tipo de negócio. É preciso ter músculo para apanhar transporte na capital.
Foto: DW/R. da Silva
Demanda sem fim
Num dos terminais em Maputo, vemos os autocarros designados "smart kikas" numa clara alusão aos telemóveis desta marca que são tão abundantes em Moçambique. Apesar da aquisição de mais "smart kikas" para o transporte no setor privado, o problema do transporte ainda está longe do fim.
Foto: DW/R. da Silva
Luta para entrar
Esta imagem mostra pessoas à espera de transporte. Quando chega um, assiste-se a uma luta. Os passageiros disputam espaços dentro das viaturas. A espera por transporte pode ser longa.
Foto: DW/R. da Silva
Riscos
Os "my loves" são igualmente a solução encontrada para os passageiros que ficam desesperados nas paragens. O que as pessoas realmente querem é chegar aos locais de trabalho sob todos os riscos. O Governo central acabou rendendo-se aos "my loves" pelo papel fundamental que desempenham no transporte.
Foto: DW/R. da Silva
'Magwevas'
Este tipo de transporte não é muito comum na capital. Estas viaturas costumam carregar mercadoria de senhoras chamadas "magwevas" (que compram a grosso) para serem deixadas nos seus exatos destinos. Mas quando há ocasião para fazer chapa, lá estão eles.
Foto: DW/R. da Silva
Mais conforto
O interior do "smart kika" até dá conforto aos passageiros. A questão da segurança dos passageiros está prevista no momento do movimento do veículo, mesmo quando estiver lotado. Muitos citadinos não gostam dos autocarros por alegadamente levarem muito tempo para chegar ao destino.