Protestos na Libéria para pedir melhorias económicas
tm | Evelyn Kpadeh | com agências
7 de janeiro de 2020
Milhares de liberianos saíram segunda-feira às ruas da capital, Monróvia, para protestar contra a corrupção e exigir que o Presidente George Weah tome medidas para melhorar a economia. Pelo menos uma pessoa ficou ferida.
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Dezenas de membros da polícia de choque foram destacados para a capital e, ao início da noite, dispararam gás pimenta contra os manifestantes. A manifestação foi a segunda mais popular em menos de um ano contra a forma como George Weah, ex-jogador de futebol eleito Presidente da Libéria em 2017, está a lidar com os problemas económicos do país.
O Conselho dos Patriotas, que organizou o protesto, exige que Weah despeça toda a sua equipa económica. "Queremos que o Presidente tome medidas específicas para solucionar as questões que estão na base das nossas queixas. A economia, a corrupção e a cultura da impunidade: são esses os temas nos quais queremos que o Presidente trabalhe", disse Henry Costa, presidente do Conselho dos Patriotas e porta-voz dos manifestantes.
Protestos na Libéria para pedir melhorias económicas
A economia da Libéria declinou durante os dois anos de mandato de George Weah. São comuns os atrasos no pagamento de salários, os bancos já não podem emprestar dinheiro e há hiperinflação no preço de bens de primeira necessidade.
"Eu votei em George Weah, mas estou muito insatisfeita. Nada mudou, as coisas estão mesmo a piorar", lamenta Vivian Reeves, uma manifestante liberiana que, em 2017, votou em no ex-jogador de futebol.
Os manifestantes também pediram explicações sobre os 25 milhões de dólares (cerca de 22 milhões de euros) que o executivo de Weah retirou da reserva federal do país. Insatisfeito, o liberiano Abel Blackie questiona: "Há algum resultado sobre essas investigações?"
Condomínios e viagens geram críticas
George Weah também tem sido criticado por construir propriedades privadas - que englobam cerca de 50 condomínios - logo após ter tomado posse como Presidente, apesar dos seus apoiantes afirmarem que as construções foram feitas com o dinheiro pessoal do ex-jogador.
As viagens com comitivas extensas é outra das críticas apontadas ao chefe de Estado liberiano.
Nascido em Monróvia, em 1966, Weah foi o primeiro africano negro condecorado como melhor jogador de futebol do mundo pela FIFA, em 1995. Jogou em clubes como o Chelsea, AC Milan, Paris Saint-Germain e Manchester City antes de regressar, em 2003, ao país natal para se envolver na política.
O movimento de contestação queria inicialmente a demissão do Presidente, mas a população considerou que a atitude era antidemocrática e pediu que o chefe de Estado se responsabilize apenas pela fraca economia do país.
George Weah: De estrela do futebol a Presidente da Libéria
A sua vida dava um filme. O filho de um modesto mecânico tornou-se um futebolista de elite na Europa. Agora foi eleito Presidente da Libéria. A DW África revê a vida de Weah em imagens.
Foto: picture alliance/dpa/AP Photo/A. Dulleh
Uma nova estrela do futebol
Fora da Libéria, Georges Weah é muito mais conhecido como futebolista. Foi mesmo considerado um dos melhores pontas-de-lança da sua geração. O futebol fê-lo escapar a uma vida difícil. Filho de um mecânico, cresceu num dos bairros de lata da capital liberiana. A família mergulhou na pobreza após a prematura morte do seu pai. Felizmente, Weah foi descoberto por um clube liberiano de futebol.
Foto: picture-alliance/DPPI Media
Dos Camarões a França
George Weah foi o melhor marcador na Libéria em 1987, jogando no Invencible Eleven, a melhor equipa do país, à altura. Quando o seu clube defrontou os camaronenses do Tonnerre Yaoundé, os dirigentes, notando o seu talento, ofereceram-lhe um contrato. Mas a vida nos Camarões não foi fácil. Weah vivia com outros jogadores e teve dificuldades em adaptar-se ao francês, a língua nacional do país.
Foto: DW/M. Edwin
Em grande na Europa
Depois de seis meses nos Camarões, Weah transferiu-se para os franceses do Mónaco em 1988. Era o começo da sua carreira de sucesso na Europa que o levou aos principais clubes e ligas continentais. Foi o melhor futebolista do mundo em 1985 e foi três vezes eleito futebolista africano do ano. O antigo treinador do Milan, Arrigo Sacchi, disse sobre ele que "em cada momento Weah reinventa o futebol".
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O sonho falhado de um Campeonato do Mundo
Mas enquanto Georges Weah tinha sucesso na Europa, o seu sonho de jogar uma fase final de um "Mundial" ficou por concretizar. Em 2002, a Libéria qualificou-se para a CAN no Mali. Weah era o diretor técnico e jogador, mas renunciou após a eliminação na fase de grupos.
Foto: picture-alliance/empics
Combatendo a pobreza e as violações dos direitos humanos
Weah usou o seu sucesso para ajudar os menos afortunados. Em 1997, o fundo das Nações Unidas para as crianças (UNICEF), nomeou-o representante especial para o desporto. Weah doou avultadas quantias para caridade, o que o tornou ainda mais popular no seu país, devastado pela guerra, e com o qual sempre manteve contacto próximo ao longo dos anos.
Foto: AP
Vida familiar
George Weah é casado com Clar, uma cidadã norte-americana com raízes jamaicanas. O casal tem três filhos. O seu filho mais velho seguiu as pisadas do pai como futebolista. Weah deu o nome da sua mulher a uma televisão liberiana que adquiriu: "Ela sempre me apoiou e motivou a fazer algo pelo meu país", referiu Weah à revista alemã "Stern" em 2008.
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2005: candidatura surpresa a Presidente
George Weah teve de lidar com algumas contrariedades após o final da sua carreira. Tornou-se político e candidatou-se às primeiras eleições presidenciais democráticas liberianas depois do final da guerra civil, em 2005. Ficou em segundo lugar, perdendo para o antigo vice-presidente do Banco Mundial Ellen Johnson-Sirleaf, que venceu com 59,4 por cento dos votos. Weah conseguiu 40,6 por cento.
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O trabalho no Parlamento
Depois de uma candidatura sem sucesso para se tornar vice-presidente em 2011, Weah ganhou um lugar no Senado, a câmara alta do Parlamento, em 2014. Bateu o seu maior rival, o filho da Presidente Johnson-Sirleaf, por larga margem, conquistando 78 por cento dos votos. Mas, de acordo com os "media" liberianos, Weah raramente era visto no Parlamento, não dando o seu apoio a nenhuma legislação.
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2017: Segunda tentativa
George Weah tinha já provado ser um lutador na política. Em 2017 ele concorreu de novo à presidência. Enquanto os seus apoiantes continuavam a seguir o líder, a decisão de Weah de escolher Jewel Taylor para o acompanhar chocou quer compatriotas quer estrangeiros. Ela é a ex-mulher de Charles Taylor, antigo Presidente liberiano, condenado em 2012 por crimes de guerra.
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O novo Presidente da Libéria
George Weah venceu a primeira volta das eleições em outubro de 2017. A necessária segunda volta foi adiada pelo Supremo Tribunal liberiano após queixas de fraude interpostas por outra candidatura. Weah venceu a segunda volta, a 26 de dezembro de 2017, com 61,5 por cento dos votos, contra 38,5 do antigo vice-presidente Joseph Bokai, célere a reconhecer a derrota e a congratular Georges Weah.