Uma milícia líbia descobriu os migrantes presos em campos, depois de explusar uma facção rival da cidade portuária de Sabrata. O confronto foi reportadamente provocado pela Itália, que prometeu apoio a um dos grupos.
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A milícia, conhecida como Anti-ISIS Operation Room (Sala de Operações Anti-Estado Islâmico, na tradução literal para o português), tomou o controle de Sabrata, cidade a oeste da costa do Mediterrâneo da Líbia, do grupo armado al-Ammu - após cerca de duas semanas de combates pesados.
Os confrontos causaram a morte de 39 pessoas e 300 ficaram feridas, de acordo com o Ministério da Saúde do Governo de Unidade. A agência Associated Press fala em "centenas de mortos".
Este domingo (08.10), o porta-voz da milícia vitoriosa, Saleh Graisia, relatou à agência de notícias AP ter encontrado mais de 4.000 migrantes em vários locais da cidade, onde ficaram presos devido aos confrontos.
No entanto, no sábado (07.10), Bassem Ghrabli, comandante de uma força aliada ao Governo de Unidade, havia declarado à agência AFP terem sido presos "3.150 imigrantes ilegais de diferentes nacionalidades asiáticas, árabes e africanas".
Envolvimento italiano
Os contrabandistas humanos da Líbia há muito tempo usam Sabrata como uma base de operações e um porto principal para os seus barcos, em frente ao Mar Mediterrâneo. No início deste ano, a Itália decidiu fazer um acordo com a milícia al-Ammu, prometendo-lhes dinheiro e apoio logístico se concordassem em cortar o fluxo de migrantes.
O acordo causou a queda drástica do número de migrantes. No entanto, como o apoio italiano ameaçou enfraquecer o equilíbrio de poder na região volátil, as forças rivais decidiram atacar o grupo al-Ammu.
No domingo, representantes do Anti-ISIS Operation Room disseram que a milícia al-Ammu estava aprisionando migrantes para deportá-los mais tarde.
No mesmo dia, o ativista Essam Karrar, da Federação da Sociedade Civil Sabrata, disse que a milícia estava realmente tentando deportar os migrantes. A cidade estava agora "curando suas feridas" após os confrontos.
"Nós, as pessoas em Sabrata, fomos apenas ferramentas nas mãos dos europeus", disse ele.
A Líbia afundou no caos após o fim da ditadura de Muammar Kadhafi, em 2011. Três governos diferentes ainda disputam o controle do país.
Uma maré de ajuda para os refugiados
A AfricanTide Union é uma organização não-governamental que integra migrantes e refugiados na Alemanha. Na cidade de Dortmund há projetos para todas as idades, dirigidos a quem cruzou marés até chegar à Europa.
Foto: DW/C. Pereira
União de culturas
A AfricanTide Union é uma associação que ajuda migrantes e refugiados. Tem um centro em Dortmund que acolhe jovens dos 18 aos 25 anos, que frequentam cursos de alemão. Para facilitar a integração das pessoas na Alemanha, a organização também tem duas creches e um canal de televisão. A equipa da AfricanTide é multicultural - a maioria teve de deixar o seu país de origem e refugiar-se na Europa.
Foto: DW/C. Pereira
"Mamã Rosa"
Também conhecida por "mamã Rosa", a nigeriana Rosalyn Dressman fundou a AfricanTide em 2010, em Dortmund. "Fundámos a associação para nos ajudarmos uns aos outros, como as mães fazem", explica.
Foto: DW/C. Pereira
Aulas de alemão
As paredes da sala de aulas estão forradas com exercícios dos alunos que aprendem alemão. O curso é o primeiro passo para a integração de quem chega à Alemanha. Cerca de três anos depois, estão preparados para ter um emprego, diz a organização.
Foto: DW/C. Pereira
Creches para as crianças
A AfricanTide tem duas creches onde os migrantes e refugiados podem deixar os seus filhos. Desta forma, podem tratar dos documentos ou frequentar os cursos de alemão. A secretária Farina Görmar é uma das responsáveis pelo trabalho nas creches.
Foto: DW/C. Pereira
Televisão para africanos
A AfricanTide também tem um canal de televisão. A MyTideTV procura mostrar aos africanos os perigos de quem tenta emigrar para a Europa. Informa também sobre factos do continente africano e explica como é viver na Alemanha.
Foto: DW/C. Pereira
Voltar a nascer
A editora dos programas da MyTideTV, PoOy Eh, veio para a Alemanha depois de três semanas num campo de refugiados. Após esta experiência, a iraniana decidiu que também era importante mostrar às pessoas o que se passa na Alemanha. "Viver na Alemanha é como se voltássemos a ser novamente bebés, mas sem os nossos pais", afirma.
Foto: DW/C. Pereira
Luta pela independência
O centro da AfricanTide acolhe refugiados e migrantes dos 18 aos 25 anos. Orientados por assistentes sociais, os jovens podem aprender alemão e receber formação necessária para a futura integração na sociedade. A independência é o objetivo de quem vive aqui.