Um total de 2.074 migrantes foram resgatados nas últimas horas na região do Mediterrâneo Central e as previsões apontam para que esse número continue a aumentar, uma vez que estão em curso várias operações de salvamento.
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Na sexta-feira (14.04), foram concluídas 19 operações de resgate de três pequenas lanchas de madeira e 16 barcos insufláveis, sendo que num dos botes foi encontrado o corpo de um jovem.
Segundo fontes da Guarda Costeira italiana, o adolescente foi encontrado sem vida no fundo da lancha, tendo o seu corpo sido recuperado durante o resgate realizado pela embarcação "Aquarius", operada pela organização Médicos sem Fronteiras (MSF).
Esta organização não governamental (ONG) escreveu no Twitter que as embarcações "Prudence" e "Aquarius" estão a realizar operações no Canal da Sicília, a faixa de mar que separa a Itália da costa africana, tendo já resgatado mais de mil migrantes.
"Os estados da União Europeia continuam a fechar os olhos" e em 2017 "o mar continua a ser um cemitério", criticou ainda a associação em outras publicações naquela rede social.
Por outro lado, a Guarda Costeira italiana, que coordena as operações de resgate nesta área do Mediterrâneo, informou que o número de pessoas socorridas deve continuar a aumentar nas próximas horas, já que estão em andamento várias operações de salvamento.
Cenário semelhante na costa grega
Este sábado (15.04), a guarda-costeira grega escoltou um bote com cerca de 50 migrantes no mar Jónico em direção à ilha de Cefalónia. A embarcação foi detetada pela manhã e encontrava-se à deriva.
De acordo com o gabinete de imprensa desta força de segurança da Grécia, os passageiros, cujo número exato e nacionalidade ainda são desconhecidos, parecem estar "de boa saúde".
O mar Jónico é um braço do mar Mediterrâneo que separa a Grécia de Itália. Nos últimos meses tornou-se a principal porta de entrada dos migrantes e refugiados, após o encerramento da rota dos Balcãs e a entrada em vigor, em março de 2016, do pacto União Europeia-Turquia, que reduziu de forma significativa o fluxo migratório proveniente deste país em direção às ilhas gregas do mar Egeu.
ONGs alvo de acusações
O diretor da Agência da Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas dos Estados-membros da União Europeia (Frontex) criticou recentemente as organizações não governamentais que auxiliam migrantes ao largo da Líbia, dizendo que incentivam o tráfico e colaboram mal com a polícia.
O número de mortos ou de pessoas desaparecidas no Mediterrâneo, provenientes da Líbia, já atingiu os 666 desde o início do ano, tendo sido de mais de cinco mil em 2016, de acordo com os dados mais recentes da organização internacional para as migrações.
Segundo dados divulgados pela Fundação italiana ISMU, instituto independente que estuda os fenómenos migratórios, nos primeiros três meses do ano chegaram a Itália 24 mil migrantes, dos quais 2.293 eram menores não acompanhados.
Estes números representam um aumento de 30% nas chegadas de migrantes a Itália em relação ao mesmo período do ano passado.
Milhares de migrantes atravessam Níger rumo à Europa
São jovens oriundos da África Ocidental e fazem tudo para chegar à Europa. Estão mesmo dispostos a arriscar a vida, atravessando o deserto, rumo ao Mediterrâneo. Mas nem todos são bem sucedidos.
Foto: DW/A. Cascais
Apoio aos "menos bem sucedidos"
Em Niamey existe um centro de acolhimento da Organização Internacional para as Migrações (OIM). Aqui são acolhidos os jovens "revenants", que não conseguiram atravessar o deserto e se veem obrigados a regressar aos seus países de origem. A OIM, que faz parte do sistema das Nações Unidas, dá-lhes abrigo provisório, alimentação e apoio na obtenção de passaportes e outros documentos.
Foto: DW/
À espera do regresso a casa
Os jovens que procuram apoio no centro da OIM vêm dos mais diferentes países: Guiné-Conacri, Mali, Senegal, Gâmbia ou Guiné-Bissau, movidos sobretudo por objetivos económicos. Muitos tiraram cursos superiores, mas não arranjam trabalho. Muitas famílias apostam na emigração de pelo menos um filho. Caso esse filho seja bem sucedido poderá eventualmente apoiar economicamente o resto da família.
Foto: DW/A. Cascais
Frustrados por terem falhado a Europa
Muitos investiram todas as suas economias, pediram dinheiro a familiares e perderam tudo. Agora esperam pelo regresso aos seus países com a sensação de terem sofrido grandes derrotas pessoais. Os assistentes sociais falam de casos em que os jovens não se atrevem a voltar ao seio das suas famílias, "por sentirem vergonha". Precisam de apoio psicológico, mas esse apoio não existe.
Foto: DW/A. Cascais
Otimismo apesar das derrotas
Alguns dos migrantes sofrem lesões e contraem doenças durante a travessia do deserto, mas mesmo assim não perdem o ânimo. Em muitos casos, os jovens tentam várias vezes, ao longo da vida, atingir a terra prometida: a Europa. Muitos nunca o conseguem, mas não perdem o otimismo. Em 2016, a OIM prestou apoio a mais de 6 mil "revenants" - migrantes que não foram bem sucedidos no Níger.
Foto: DW/A. Cascais
Espancado na Líbia
Dumbya Mamadou, de 26 anos de idade, oriundo do Senegal, conseguiu atingir a Líbia, depois de uma "odisseia de 5 dias e 5 noites" pelo deserto do Níger. Mas na Líbia foi maltratado. "Os líbios apontaram-me armas e espancaram-me, não têm respeito pelo ser humano", afirma o jovem. Dumbya volta ao seu país de origem com um sentimento de derrota: "Queria estudar na Europa, agora não sei o que fazer".
Foto: DW/
Roubado no Burkina Faso
Mamadou Barry, de 21 anos, oriundo da Guiné-Conacri, tinha um sonho: aplicar em França os seus conhecimentos de marketing e os seus talentos musicais. Mas a viagem rumo à Europa correu-lhe mal. "Fui roubado no Burkina Faso, o primeiro país pelo qual passei", conta. Mesmo assim, Mamadou aprendeu uma grande lição para a vida: "coisas que nunca teria aprendido se nunca tivesse saído de Conacri".
Foto: DW/A. Cascais
Rap contra a frustração
Mamadou Barry tenta digerir as suas derrotas e decepções através da música. Há três anos que o jovem canta e interpreta temas de rap e hiphop de sua autoria. O seu último tema foi escrito em Niamey, capital do Níger, e tem a seguinte letra: "A migração arrasou-me / e ninguém me pode consolar / O Mar Mediterrâneo já matou muitos / e nós cá continuamos: sem comida, sem cama, sem saúde".
Foto: DW/
Central de autocarros de Niamey: uma placa giratória
É da estação de autocarros de Niamey que partem diariamente centenas de furgonetas, muitas delas repletas de jovens migrantes, em direção ao norte. Os migrantes tornaram-se um fator relevante para a economia do Níger. Há muita gente que ganha a sua vida prestando diversos serviços aos migrantes: viagens pelo deserto, alimentação e mesmo cuidados médicos.
Foto: DW/A. Cascais
Mais migrantes tentam atravessar deserto do Níger
O número de migrantes que viajam através dos vastos territórios desérticos do Níger para chegar ao norte da África e à Europa não pára de aumentar, tendo alcançado os 200 mil em 2016, segundo estimativas do escritório da Organização Internacional para as Migrações. Outras fontes falam de 10 mil migrantes que atravessam o Níger por semana. A situacão geográfica do Níger é o fator determinante.
Foto: DW/A. Cascais
Agadez, o "olho da agulha"
Agadez, cidade desértica no Níger, é um dos principais pontos de trânsito no Saara para os imigrantes em fuga de nações empobrecidas do oeste da África. As "máfias" do tráfico humano têm beneficiado do caos na Líbia para transportar dezenas de milhares de pessoas para o continente europeu em embarcações precárias. Os migrantes muitas vezes sofrem abusos dos passadores.