Milhares de refugiados fogem da Ucrânia para países vizinhos
gcs | com agências | DW (Deutsche Welle)
28 de fevereiro de 2022
Centenas de milhares de pessoas fugiram para a Polónia, Hungria, Roménia, Moldávia e Eslováquia. Comissário europeu teme crise humanitária na Ucrânia de "proporções históricas" devido a invasão russa.
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As filas de trânsito junto à fronteira com a Polónia chegam a ter 14 quilómetros. De acordo com as autoridades polacas, mais de 100 mil pessoas refugiaram-se no país, nos últimos dias, vindas da Ucrânia. Mais de 70 mil entraram na Hungria, de acordo com dados oficiais.
"Vamos deixar entrar todas as pessoas", anunciou o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. No passado, o governante opôs-se fortemente a receber refugiados da Síria, do Iraque e do Afeganistão, e foi considerado como um aliado do Presidente russo, Vladimir Putin. Mas Orbán apoia agora as sanções europeias contra Moscovo face à invasão da Ucrânia.
No fim de semana, de visita à localidade de Beregsurány, na fronteira com a Ucrânia, Órban prometeu ajuda a todos os que fogem da guerra. "Vi pessoas sem documentos de viagem, mas vamos dar-lhes documentos de viagem. E vamos deixar entrar aqueles que chegaram de países terceiros, depois da sua respetiva triagem", afirmou o primeiro-ministro.
Problemas para cidadãos africanos na fronteira
Há relatos de que cidadãos africanos a viver na Ucrânia terão sido perseguidos ou rejeitados por guardas fronteiriços na Polónia. Uma funcionária do Ministério dos Negócios Estrangeiros da África do Sul escreveu na rede social Twitter que estudantes sul-africanos tinham sido maltratados na fronteira.
Refugiados da Ucrânia chegam à Polónia
02:16
O Jornal de Angola noticiou que 168 angolanos residentes na Ucrânia já conseguiram entrar na Polónia. A Embaixada de Angola está a auxiliar a retirada da Ucrânia dos estudantes angolanos "que o desejarem" no posto fronteiriço de Korczowa-Krokowets, aconselhando-os a levarem consigo os documentos de viagem.
Europa à beira de "crise humanitária histórica"
Até agora, 370 mil pessoas refugiaram-se nos países na fronteira ocidental da Ucrânia desde o início da invasão russa, na quinta-feira passada (24.02), de acordo com as Nações Unidas.
O comissário europeu para a Gestão de Crises, Janez Lenarčič, diz que a Europa se deve preparar para a possibilidade de uma crise humanitária de "proporções históricas" na Ucrânia.
Quatro milhões de ucranianos poderão fugir do país, segundo estimativas de Lenarčič – ao todo, 18 milhões de pessoas poderão ser afetadas na Ucrânia e nos países vizinhos "a nível humanitário".
"Assistimos ao que se pode tornar na maior crise humanitária no nosso continente desde há vários anos", afirmou o comissário europeu.
Rússia - Ucrânia: Uma cronologia das relações que levaram a guerra à Europa
Ao invadir a Ucrânia, o Presidente Vladimir Putin foi acusado pelos países ocidentais de provocar uma guerra na Europa. Veja aqui a cronologia dos acontecimentos que levaram à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2004
O candidato pró-Rússia, Viktor Yanukovich (na foto), é declarado Presidente, mas alegações de fraude eleitoral provocam um movimento de protesto. Conhecida como a Revolução Laranja, a iniciativa força uma nova votação, que resulta na eleição do pró-ocidental Viktor Yushchenko.
Foto: Reuters/T. Makeyeva
2005
Um ano mais tarde, o novo Presidente, Viktor Yushchenko, promete retirar a Ucrânia da órbita de Moscovo e conduzi-la em direção à NATO e União Europeia. Durante a sua campanha em 2004, Yushchenko sofreu uma tentativa de assassinato por envenenamento que o deixou desfigurado. Desde então, fez uma recuperação física total.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/A. Vitvitsky
2008
Na cimeira de Bucareste, a NATO concorda em iniciar o processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia. "Acordámos hoje que estes países se tornarão membros da NATO", lê-se na declaração da cimeira. Na mesma cimeira, o Presidente russo, Vladimir Putin (na foto), avisou que as relações com o Ocidente dependeriam do respeito pelos interesses do seu país.
Foto: Vladimir Rodionov/dpa/picture-alliance
2010
Viktor Yanukovich derrota Yulia Tymoshenko nas presidenciais e torna-se chefe de Estado. As eleições foram consideradas justas por observadores internacionais. Uma semana antes da assinatura do acordo com a UE, Yanukovich suspende o processo e anuncia que a Ucrânia prefere juntar-se à Rússia na União Aduaneira Eurasiática.
Foto: Reuters
2013 e 2014
A decisão de Yanukovich gera uma onda de protestos de apoiantes da integração europeia. O movimento chamado "Euromaidan", por centrar as manifestações na Praça Maidan, em Kiev, tornam-se violentos. Dezenas de manifestantes são mortos, mas o Presidente acaba por ser retirado do Governo, exilando-se na Rússia.
Foto: Tomas Rafa
2014 - anexação da Crimeia
Em março, a Rússia anexa a península da Crimeia, no sudeste da Ucrânia.
Em abril, separatistas com apoio de Moscovo declaram a independência das "repúblicas" de Luhansk e de Donetsk, na região oriental ucraniana do Donbass, iniciando uma guerra que provoca 14 mil mortos em oito anos.
Foto: Imago Images
2019
O ex-ator e comediante Volodymyr Zelensky é eleito Presidente da República em 21 de abril e promete pôr fim ao conflito no leste da Ucrânia. Em 2021, apela ao novo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, para apoiar a adesão da Ucrânia possa à NATO, colocando o país em novamente nos trilhos rumo à Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Sivkov
2021 - Março até Novembro
O Governo russo estaciona tropas perto da fronteira da Ucrânia, alegando treinos miltares.
A Ucrânia acusa Putin de ter concentrado 100 mil tropas e armamento pesado nas suas fronteiras, o que motiva um pedido de explicação dos EUA ao Kremlin. Putin acusa o Ocidente de exacerbar tensões "entregando armas modernas a Kiev e conduzindo exercícios militares provocatórios" no Mar Negro.
Foto: Maxar Technologies via REUTERS
2021 - Dezembro
Biden adverte que a Rússia será alvo de sanções económicas duras se invadir a Ucrânia.
Moscovo divulga as suas exigências ao Ocidente: tratados a proibir a adesão da Ucrânia e da Geórgia à NATO, o estabelecimento de bases militares no leste e a retirada de tropas aliadas da Roménia e da Bulgária, num regresso à situação anterior a 1997.
Foto: Brendan Smialowski/AFP
2022 - 10 de Fevereiro
Tropas russas e bielorrussas iniciam dez dias de exercícios de combate próximo da fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia. A presença destas tropas gera mais preocupação na comunidade internacional, que vê os exercícios como um posicionamento estratégico das tropas russas, dando-lhes mais um ponto de entrada na Ucrânia.
Foto: Alexander Zemlianichenko/AP Photo/picture alliance
2022 - 21 de Fevereiro
Os líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk pedem a Putin para as reconhecer como Estados independentes. Putin assina os decretos em que a Rússia reconhece a independência das regiões e ordena ao exército russo que envie uma missão de "manutenção da paz" para os territórios no leste da Ucrânia.
A NATO acusa Moscovo de fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia.
Foto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance
2022 - 22 de Fevereiro
Zelensky pede ao Ocidente "medidas de apoio claras e eficazes", assegura que os ucranianos "não vão ceder uma única parcela do país" e responsabiliza a Rússia por tudo o que acontecer.
Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, diz que tomou medidas para interromper a certificação do gasoduto Nord Stream 2, numa decisão saudada pela UE e pelos EUA.
Foto: Clemens Bilan/Getty Images
2022 - 24 de Fevereiro
Tropas russas entram na Ucrânia e muitos locais são atingidos por mísseis. Vladimir Putin pronuncia um discurso no qual afirma que apenas alvos militares serão atingidos. Mas relatos de civis feridos e vídeos de ataques em zonas urbanas enchem as redes sociais. Várias baixas são reportadas nas primeiras horas do conflito.
Foto: Ukrainian President s Office/Zuma/imago images
2022 - 24 de Fevereiro
Edifícios residenciais civis atingidos durante a operação militar do Kremlin contra a Ucrânia. Relatos, vídeos e pedidos de ajuda surgem nas redes sociais, expondo vários cenários em que zonas urbanas e civis foram apanhados na destruição dos ataques militares.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2022 - 24 de fevereiro
Muitas pessoas utilizaram as estações de metro em Kiev como abrigo durante a operação militar do Kremlin. As sirenes contra ataques aéreos soaram pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial. As estações encheram-se de pessoas à procura de guarida.
Foto: Zoya Shu/AP/dpa/picture alliance
2022 - 24 de Fevereiro
Protestos contra a iniciativa militar do Kremlin surgem em vários países, incluindo na Rússia. Na foto, uma manifestante russa é detida pela polícia enquanto segura um cartaz que diz "Não à guerra!".