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Militares acham heroína em edifício usado por insurgentes

Lusa
18 de outubro de 2021

Autoridades suspeitam que droga seria traficada pelos próprios insurgentes. Escritório da ONU para a Droga e Crime Organizado aponta o controlo do tráfico como uma das razões do conflito na província moçambicana.

Symbolbild: Heroin - Heroinfund
Foto ilustrativaFoto: picture-alliance/dpa/J. Woitas

As autoridades moçambicanas anunciaram que apreenderam 28 quilos de heroína em zonas controladas por grupos insurgentes em Cabo Delgado, indiciando a presença de redes de tráfico. Em junho, a polícia apreendeu mais de 400 quilos de heroína em Quelimane, na província da Zambézia. 

A droga fez parte de um total de 250 quilos de estupefacientes incinerados no sábado em Pemba, capital provincial, disse o porta-voz da Procuradoria Provincial de Cabo Delgado, Ângelo Sueta, citado hoje pelo jornal O País.  "A heroína foi apreendida pelas Forças de Defesa e Segurança num dos edifícios que era ocupado pelos terroristas. Os donos da droga puseram-se em fuga durante os combates, mas, mesmo assim, foi aberto um processo-crime contra desconhecidos", referiu. 

Pela quantidade apreendida, "dá para entender que não era para consumo, talvez fosse para tráfico", acrescentou aquele responsável.  A província de Cabo Delgado é apontada por vários relatórios internacionais como um corredor de heroína oriunda da Ásia com destino, sobretudo, à Europa e EUA.

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Tráfico seria razão do conflito

O Escritório das Nações Unidas para a Droga e Crime Organizado (UNODC) tem apontado mesmo o controlo do tráfico como uma das razões do conflito em Cabo Delgado. A droga incinerada no sábado inclui ainda 24 quilos de cocaína apreendida no mar, ao largo de Pemba, 179 quilos de efedrina apreendida no bairro Cariaco, Pemba, e 22 quilos de cannabis.

 Em apenas um ano, as autoridades da justiça incineraram quase uma tonelada de droga em Cabo Delgado. A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas. Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.

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