Militares negam ataques, mas tanzanianos relatam tensão
28 de outubro de 2021O brigadeiro-general Marco Gaguti disse esta quarta-feira (27.10) que não há notícias de ataques alegadamente protagonizados por insurgentes no sul da Tanzânia.
"Os nossos sistemas são fortes. Todas as aldeias têm liderança e não há nada que possa acontecer sem nós sabermos”, disse o comissário regional de Mtwara em entrevista à DW África.
Segundo Gaguti, a situação é calma na região e não há registos de violência. "As fronteiras na região estão seguras”, disse.
As declarações do militar tanzaniano surgem após relatos de ataques armados no sul da Tanzânia, que teriam sido perpetrados pelos insurgentes que provocam a crise de segurança em Cabo Delgado.
Moradores não querem falar
Por outro lado, a DW África também ouviu outras fontes na região que manifestaram grande preocupação sobre o que está realmente a acontecer no terreno, mas não quiseram ser citadas ou gravar entrevista alegando medo.
Segundo o Abudo Gafuro, da Associação Kuendeleya, deslocados vindos de regiões fronteiriças entre Moçambique e Tanzânia confirmaram dois ataques na região de Mtwara, na Tanzânia.
"Não sabemos se há vítimas humanas, mas houve troca de tiros. Foram dois ataques em simultâneo, protagonizados por um grupo de terroristas. Presume-se que sejam os que estão em debandada, a fugirem de Moçambique para o lado de lá.”, disse Gafuro, que apura detalhes dos episódios.
Para o ativista, que também colabora com investigações do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), os combatentes do grupo radical islâmico estariam sem terreno, porque suas bases foram destruídas na província de Cabo Delgado.
"As forças conjuntas estão agora a fazer um trabalho de limpeza, o que implica que os terroristas estejam à procura de um sítio para se refugiarem. É óbvio que seja a Tanzânia, porque foi uma das portas que usaram para entrarem cá em Moçambique”, disse.
Em outubro de 2020, a polícia tanzaniana confirmou que cerca de 300 jihadistas levaram a cabo um ataque no sul do país e revelou que o grupo terrorista "Estado Islâmico" estaria por trás da ação. Na ocasião, os relatos davam conta de cerca de 300 terroristas que saíram de Moçambique e atacaram o posto em Kitaya, em Mtwara. Segundo a polícia tanzaniana "algumas pessoas" foram mortas no incidente.