Mina moçambicana com financiamento de 150 milhões dos EUA
Lusa
11 de setembro de 2023
Empresa Syrah anunciou, esta segunda-feira, que prevê receber um financiamento norte-americano de 150 milhões de dólares para a mina moçambicana de grafite de Balama, em Cabo Delgado.
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A mineira australiana Syrah prevê receber um financiamento norte-americano de 150 milhões de dólares para a subsidiária Twigg, que opera a mina moçambicana de grafite de Balama, em Cabo Delgado, foi anunciado esta segunda-feira (11.09).
Numa informação aos mercados, a Syrah explica que a conclusão da operação de financiamento a 13 anos - através da DFC, agência de financiamento e desenvolvimento do Governo dos Estados Unidos da América (EUA) - permitirá custear os requisitos de capital das operações locais de grafite, uma das maiores reservas mundiais daquela matéria-prima, utilizada em baterias de carros elétricos.
A operação possibilitará, inclusive, "estudos de viabilidade para o desenvolvimento do recurso de vanádio de Balama" e a "expansão atual e futura da instalação de armazenamento", servindo ainda à "sustentação das operações de Balama".
"O empréstimo proposto pela DFC para Balama está alinhado com o compromisso da DFC de promover acordos e parcerias comerciais e de investimento entre os EUA e a África", explica a Syrah.
Uma nota emitida pela Casa Branca consultada pela Lusa refere que este financiamento visa garantir a implementação de cadeias de fornecimento em Moçambique, mais concretamente "financiar investimentos na operação de mineração e processamento de grafite da empresa em Balama".
"Enquanto se aguarda a notificação do Congresso, este investimento aumentará a produção e diversificará a cadeia de abastecimento global de grafite, que é um mineral crítico para uma gama de produtos de energia limpa e tecnologia avançada.
O apoio da DFC também conduzirá à criação de emprego e ao investimento em infraestruturas locais, garantindo simultaneamente elevados padrões ambientais e sociais que são essenciais para uma mineração responsável", lê-se na declaração do Governo norte-americano.
Nampula: "Terra prometida" não consegue albergar mais "peregrinos"
Nampula tornou-se, desde o início dos ataques terroristas em Cabo Delgado, uma das "terras prometidas" para os refugiados. Muitos deslocados querem agora fixar ali residência, mas há dificuldades por falta de espaço.
Foto: Sitoi Lutxeque/DW
Dificuldades em acolher mais pessoas
Muitos deslocados querem fixar residência em Nampula, uma cidade desenvolvida e calma no norte de Moçambique. No entanto, sentem fortes dificuldades devido à falta de terras disponíveis. O Governo local tenta encontrar soluções, que muitas vezes não são as que os habitantes mais gostam.
Foto: Sitoi Lutxeque/DW
Há novas construções em zonas de risco
O fluxo populacional que a cidade de Nampula está a conhecer nos últimos anos, principalmente desde os conflitos em Cabo Delgado, tem contribuído para o aumento da construção de habitações em locais de risco. Até 2017, a cidade contava com mais de 700 mil habitantes, mas atualmente, de acordo com fontes do município, estima-se que sejam cerca de 900 mil.
Foto: Sitoi Lutxeque/DW
Vende-se terreno: uma violação da lei que é ignorada
Em Moçambique, de acordo com a lei, a terra não pode ser vendida. Os terrenos são propriedade do Estado e cabe ao mesmo atribuí-los aos cidadãos. No entanto, as vendas ocorrem com regularidade. Em Nampula, em todos os bairros, incluindo os que estão em expansão, os terrenos são vendidos com um olhar indiferente por parte das instituições que velam pela legalidade.
Foto: Sitoi Lutxeque/DW
“Conflito por terras” entre mortos e vivos
A procura de espaço para viver está a originar o aumento de conflitos. Na zona do Muthita, no bairro de Mutauanha, a população invadiu áreas de reserva para construção de diversas infraestruturas do município. Esta imagem mostra uma disputa de terra num cemitério comunitário, entre os mortos e os cidadãos que o invadiram, tirando o sossego dos defuntos.
Foto: Sitoi Lutxeque/DW
Naphutha: um rio resistente
O Rio Naphuta é fundamental no abastecimento de água da população do bairro de Mutauanha. Contudo, a sua existência é cada vez mais difícil. O rio sofre uma forte pressão humana, devido às construções de moradias e alterações climáticas.
Foto: Sitoi Lutxeque/DW
Moradores unem esforços e abrem estrada
Na Unidade Comunal Muthita, no bairro de Mutauanha, os moradores decidiram unir-se. Recorrendo a enxadas, ancinhos, entre outras ferramentas de trabalho agrícola, decidiram abrir estradas. Embora de dimensões reduzidas, estes caminhos em terra batida permitem a mobilidade de viaturas pequenas.
Foto: Sitoi Lutxeque/DW
Terras “sem ninguém”
A cidade de Nampula é a maior do norte de Moçambique. Na sua área ainda permanecem vastas terras férteis e intactas. Contudo, muitos cidadãos preferem ignorá-las devido à falta de condições mínimas. Em algumas destas zonas não ocupadas têm sido feitas delimitações de terrenos, mas a distribuição dos mesmos não tem sido frequente.
Foto: Sitoi Lutxeque/DW
Nem tudo é negativo
A lotação da cidade moçambicana de Nampula não está apenas a criar pesos negativos. Os bairros de expansão da cidade estão também a conhecer novas e melhores moradias. Há nestes bairros luz e água. No entanto, a oferta desta última, por parte do Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG), não dura as 24 horas do dia.
Foto: Sitoi Lutxeque/DW
Fábricas consomem mais terras
O “boom” populacional na cidade não está a travar o desenvolvimento. Nos últimos anos, a cidade tem vindo a conhecer um aumento de novas infraestruturas económicas e vários investimentos que consomem extensas terras. Ao longo da Estrada Nacional número 1, desde a entrada até à saída da cidade, há novas construções de indústrias a surgirem.
Foto: Sitoi Lutxeque/DW
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Recorda-se na nota que na recente Cimeira do G20 de 2023, em Nova Deli, Índia, o Presidente norte-americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, reuniram um grupo de líderes para "acelerar os investimentos para dimensionar projetos de infraestruturas de alta qualidade e o desenvolvimento de corredores económicos através da Parceria para Infraestruturas e Investimento Globais (IGP)".
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Exportação de Cabo Delgado
A Syrah anunciou em 18 de julho ter produzido em abril 15 mil toneladas de grafite para baterias de carros elétricos, que exporta de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, tendo interrompido no mês seguinte a produção devido aos 'stocks' internacionais.
A produção da mineira australiana em Cabo Delgado tinha subido para 41 mil toneladas de grafite natural no primeiro trimestre deste ano, face a 35 mil toneladas no trimestre anterior, acima das vendas, que subiram de 28 para 30 mil toneladas.
A firma australiana está também a construir a sua própria fábrica de material de baterias Vidalia, nos Estados Unidos da América, que será alimentada com minério moçambicano, neste caso com duas toneladas enviadas em abril.