A investigação prende-se com a alegada influência da poderosa família Gupta na nomeação de ministros.
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O Presidente sul-africano, Jacob Zuma, pediu esclarecimentos ao tribunal, na terça-feira (25.10.), se poderia questionar testemunhas antes do Ministério Público finalizar o relatório, que é dado como finalizado a 14 de outubro.
O Presidente da África do Sul esteve, na terça-feira (25.10), no Conselho Nacional das Províncias, a câmara alta do Parlamento sul-africano, para dar explicações essencialmente sobre dois assuntos.
O partido da oposição Aliança Democrática perguntou no Parlamento se Zuma planeava intervir na questão de Pravin Gordhan, um processo que pode pôr em causa a economia do país.
“Não posso ter nenhum tipo de intervenção a partir do momento em que os agentes da lei levaram o assunto para o tribunal. Apenas o tribunal pode analisar e julgar esse tema”, respondeu Zuma.
O Ministro das Finanças Pravin Gordhan vai ser presente a juiz na próxima semana, 2 de novembro, sob a acusação de corrupção. Gordhan foi intimado pelo Ministério Público por causa de uma decisão tomada há 10 anos: ao que tudo indica concedeu indevidamente uma reforma antecipada, quando estava à frente da Autoridade Tributária.
“As acusações contra Gordhan são motivo de preocupação para todos nós, incluindo os investidores”, disse Zuma que, em nome do Executivo expressou "total apoio ao ministro”.
No entanto, vários analistas dizem que a acusação é uma tentativa deliberada de Jacob Zuma afastar o ministro do poder. Veterano respeitado do ANC (Congresso Nacional Africano), Gorhan tem tentado combater a corrupção e os excessos do Governo de Zuma, atingido por vários escândalos e pela crise económica do país.
Haverá ou não relatório anti-corrupção?
No Parlamento, a Aliança Democrática quis também saber se o chefe de Estado pretendia ou não retirar a ação judicial contra um relatório do Ministério Público, que aparentemente mostra que membros da família Gupta têm apontado nomes para cargos ministeriais.
“Como cidadão deste país, tenho o direito de exercer os meus direitos. Eu embarguei esse relatório. Não há nada de mal”, afirmou o chefe de Estado.
Os deputados do partido Lutadores pela Liberdade Económica recusaram-se a ouvir o discurso do Presidente. “O honrado Jacob Zuma não é competente o suficiente para ser Presidente deste país”, justificou Younus Vawda.
“Este homem que está aí sentado é um assassino. Vejam, ele está a rir-se. Este homem aí sentado é um ladrão”, acusou o deputado do mesma força partidária Nkagisang Koni.
Ambas as intervenções levaram a Presidente do Conselho Nacional das Províncias a expulsar do Parlamento todos os membros do partido Lutadores pela Liberdade Económica, um a um.
Vários analistas têm alertado para o risco de contaminação que os casos que envolvem o Presidente Zuma possam ter na economia, já por si fragilizada, nos últimos anos, pela perda do valor da moeda nacional, o rand.
Alguns membros da velha guarda do partido no poder, o Congresso Nacional Africano, também já romperam relações com Zuma por causa das suas últimas decisões políticas. Uma situação que pode prejudicar a imagem do partido e do Governo.
26.10.2016 Zuma no Parlamento - MP3-Mono
Zuma está sob pressão da oposição e também no seio do seu próprio partido, o ANC.
Joanesburgo, entre a decadência e a revitalização
Joanesburgo ainda luta com os efeitos do apartheid. A cidade tenta parar o declínio dos bairros decadentes e trazer o perigoso centro de volta à vida.
Foto: DW/T. Hasel
Entre a decadência e a ressurreição
Joanesburgo ainda luta com os efeitos do apartheid. A cidade tenta parar o declínio dos bairros decadentes e trazer o perigoso centro de volta à vida. Fundada em 1886 após a descoberta de enormes jazidas de ouro, Joanesburgo já teve várias fases de boom e momentos de profunda depressão. Isso mostram os vários edifícios construídos em diferentes estilos arquitetónicos.
Foto: DW/T. Hasel
Vida nova nas ruínas industriais
A última e maior das três centrais termoelétricas de Joanesburgo, no coração da cidade, gerou eletricidade para a metrópole entre 1934 e 1942. Depois, o prédio industrial decaiu, até que foi restaurado há dez anos. Desde 2007, a construção abriga a sede da mineradora Anglo Gold Ashanti, a terceira maior produtora de ouro do mundo.
Foto: DW/T. Hasel
Destruídos e abandonados
A fachada neobarroca do hotel Cosmopolitan, construído entre 1899 e 1902, reflete o otimismo que surgiu em Joanesburgo na época da corrida do ouro. A casa em estilo vitoriano, que antigamente abrigava um pub, foi popular entre os operadores de minas por muito tempo. Durante décadas entregue à deterioração, há planos de restaurar a casa e voltar a usá-la.
Foto: DW/T. Hasel
Mercado no centro da cidade
Após o fim do apartheid, muitos bancos e empresas sul-africanos deixaram o centro de Joanesburgo e se estabeleceram no norte da cidade. Muitos sul-africanos negros das favelas e townships (áreas urbanas que foram guetos durante o apartheid), mudaram-se para o centro. Atualmente, eles revitalizaram o centro com uma abundância de pequenas lojas.
Foto: DW/T. Hasel
Brilho fresco
Nas casas de Fietas, subúrbio de Joanesburgo, as lojas e oficinas ficam no piso térreo e os apartamentos, no primeiro andar. Nos anos 60 e 70, o regime do apartheid desalojou quase todos os moradores do bairro, para abrir espaço para os brancos. Uma grande parte das casas foi destruída. O Museu Fietas é um dos poucos edifícios que sobreviveram no estilo original.
Foto: DW/T. Hasel
Uma casa alemã
Em 1935, o arquiteto alemão Wilhelm Pabst fugiu dos nazistas da Alemanha e emigrou para Joanesburgo. Na bagagem, tinha trazido um estilo expressionista, que usou quando ergueu, em 1948, a Chinese United Club Mansion (foto), na época em Chinatown, no centro da cidade.
Foto: DW/T. Hasel
Pistolas diante da tela
O cinema Avalon, no distrito Fordburg, é uma relíquia de uma época em que Joanesburgo ainda era cheia de pequenas salas de cinema. Com a saída de muitos sul-africanos brancos do centro da cidade no início dos anos 90, muitos cinemas fecharam, foram demolidos ou dedicados a novos usos. O Avalon é atualmente uma loja de armas.
Foto: DW/T. Hasel
De endereço chique a casa dos horrores
Dificilmente um edifício simboliza tanto a ascensão, queda e possível renascimento de Joanesburgo como o Ponte City, no distrito de Hillbrow. Inaugurado em 1975, o edifício alto e redondo figurava entre os melhores endereços da cidade. Após o fim do apartheid, em 1994, a construção degenerou e passou a ser considerada extremamente insegura. Atualmente, o prédio é muito popular entre os estudantes.
Foto: DW/T. Hasel
Seguindo os passos de Nelson Mandela
À primeira vista insignificante, o prédio da Chancellor House é historicamente importante. Em 1952, Nelson Mandela e Oliver Tambo abriram aqui o primeiro escritório de advocacia liderado por negros na África do Sul. Na década de 1990, os últimos inquilinos se mudaram daqui. A casa foi ocupada ilegalmente e foi se deteriorando até pegar fogo. Atualmente, o edifício renovado abriga um museu.
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À espera de novos moradores
Uma visão típica do centro de Joanesburgo: prédios da época do boom da cidade no início do século XX, que no fim do apartheid foram abandonados e negligenciados. Só recentemente as casas antigas têm sido compradas por investidores e parcialmente recompostas.
Foto: DW/T. Hasel
Vestígios do passado
"Lies Beeld", lê-se nesta placa enferrujada de propaganda no centro de Joanesburgo. Publicado na língua africâner (afrikaans), o jornal sensacionalista Beeld foi e é um dos mais lidos na África do Sul. A primeira edição chegou ao mercado em 1974. A publicação é lida, principalmente, por sul-africanos brancos.
Foto: DW/T. Hasel
Testemunhas do terror
Edifício transparente com um passado cruel: durante o apartheid muitos presos políticos foram interrogados, abusados e torturados no 10º andar do prédio da polícia no centro de Joanesburgo. Oito deles morreram, entre os quais o ativista Steve Biko. Um deles foi lançado do 10º andar por seus algozes.