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Chefe da diplomacia alemã de visita à região do Sahel

António Cascais | Stefan Ehlert
13 de abril de 2022

A chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, esteve no Mali e hoje visita o Níger, enquanto Berlim se prepara para decidir sobre prorrogação da missão em Bamako. A França já anunciou fim das suas operações militares.

Annalena Baerbock visitou as tropas alemãs no Mali
Annalena Baerbock visitou as tropas alemãs no MaliFoto: Florian Gaertner/photothek/picture alliance

Os encontros governamentais de Annalena Baerbock têm um objetivo comum: ajudar a decidir se a Alemanha vai ou não alargar o mandato das suas tropas no Mali, depois de a França ter anunciado o fim da sua missão no país.

"É legítimo discutir quanto tempo queremos ficar no Mali, se os nossos instrumentos estão a funcionar e onde podemos melhorar. Mas eu advertiria contra uma retirada abrupta, como fizemos no Afeganistão. A retirada só agravaria a situação de segurança no Mali e jogaria a favor da Rússia", afirma Ulf Laessing, especialista da Fundação alemã Konrad Adenauer.

Alemanha devia ficar?

Uma opinião similar tem Richard Moncrieff, também especialista na região do Sahel. "Penso que [a Alemanha] devia ficar. Em parte porque a ONU precisa dela e a ONU é muito importante no Mali por muitas razões, particularmente para a realização de eleições, que espero que depois conduzam a um governo civil", sublinha.

"O papel dos alemães é muito apreciado não só pela ONU, mas também pela população e pelos oficiais malianos", justifica Moncrieff.

Annalena Bearbock procura traçar um novo caminho para a Bundeswehr no MaliFoto: picture alliance/dpa

Mais de mil soldados alemães estão destacados no Mali em duas missões: na força de manutenção de paz da ONU (MINUSMA), e na missão de formação e treino da União Europeia, suspensa no início desta semana, por falta de garantias, do lado de Bamako, de que não está a cooperar com mercenários russos do Grupo Wagner.

Ambos os mandatos expiram nas próximas semanas, se o parlamento alemão não os prorrogar.

Execuções sumárias

A visita da ministra alemã dos Negócios Estrangeiros ao Mali acontece poucos dias depois da organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) ter denunciado que as forças armadas do Mali, juntamente com soldados estrangeiros, alegadamente russos, terão executado de forma sumária cerca de 300 civis na cidade de Moura, no final de março. E Annalena Baerbock fez questão de recordar isto mesmo durante a sua visita ao país.

Ainda que nas ruas de Bamako, as opiniões sobre a presença de mercenários russos no país se dividam, Tuaregue Mohamed Ramadan, político da oposição, diz-se muito preocupado.

"A situação de segurança é catastrófica e não está estável. Há ataques a toda a hora e o grande problema é que a população está a sofrer. Fala-se de violações muito graves dos direitos humanos e de ataques a civis no centro e no oeste do país", alerta.

Há mais de mil soldados alemães destacados atualmente no Mali Foto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance

Repercussões da guerra da Ucrânia

Mas não são apenas os grupos terroristas que ameaçam desestabilizar ainda mais a região. A guerra na Ucrânia pode também ter sérias repercussões na África Ocidental, por causa da interrupção mundial no fornecimento de farinha de trigo.

Annalena Baerbock prometeu prestar particular atenção aos problemas de abastecimento alimentar durante a sua visita à região do Sahel. "A agressão do regime russo na Ucrânia tem consequências que se estendem muito para além da região", disse a ministra.

Do Mali ao Níger

A ministra dos Negócios Estrangeiros alemã visita hoje o Níger, onde será recebida pelo Presidente Mohamed Bazoum. Entre os temas abordados pelos dois governantes, estará a possibilidade de Berlim transferir os soldados estacionados no Mali para o Níger.

A França já disse que o centro das suas futuras operações militares no Sahel será transferido para este país, nomeadamente para a zona fronteiriça com o Burkina Faso.

As tropas alemãs já dispõem de um centro logístico no Níger. A base de transporte aéreo de Niamey faz parte da missão da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização do Mali (MINUSMA) e assegura uma grande parte do fornecimento logístico às forças alemãs no Mali.

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