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CulturaCabo Verde

Ministro acusa Fundação Amílcar Cabral de "desonestidade"

Lusa
25 de novembro de 2023

O ministro da Cultura cabo-verdiano, Abraão Vicente, acusou a Fundação Amílcar Cabral de "desonestidade intelectual" após esta anunciar a entrega da candidatura dos escritos ao programa Memória do Mundo da UNESCO.

Foto: João Carlos/DW

Em declarações à agência Lusa, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde disse que estranhou a comunicação da Fundação Amílcar Cabral (FAC), de que na quinta-feira (23.11) foi "submetido formalmente à UNESCO, através das vias apropriadas, o dossier de candidatura dos 'Arquivos de Amílcar Cabral' ao registo do Memória do Mundo da UNESCO". 

Ministro critica procedimento da FAC

Abraão Vicente esclareceu que a "única forma" de se submeter uma candidatura é através da Comissão Nacional de Memória Mundo, criada pelo Governo, e onde confirmou que o dossier já foi entregue e "está conforme", tal como o dos documentos sobre a escravatura, protegidos pelo Arquivo Nacional de Cabo Verde.

Abraão Vicente, ministro da Cultura de Cabo VerdeFoto: Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas

Neste sentido, acusou a fundação, liderada pelo antigo Presidente cabo-verdiano Pedro Pires, de "desonestidade intelectual" e de "chegar-se à frente" para "parecer" que fez submissão "sem o trabalho do Estado e da Comissão Nacional da UNESCO".

"Porque nós ainda não recebemos nenhum comunicado da parte da delegação de Dacar nem da UNESCO em Paris em como as duas candidaturas foram aceites. Os prazos terminam no dia 30 de novembro", precisou o membro do Governo, que preside à Comissão Nacional da UNESCO.

E considerou ainda que o anúncio foi "precipitado" e "põe em causa" o trabalho de consultoria e preparação dos técnicos cabo-verdianos, entre eles do presidente da Comissão Nacional Memória do Mundo.

"Fiquei mesmo espantado ao ver a notícia, exatamente porque há aqui um trabalho que é conjunto, e não vale a pena, mais uma vez, buscar-se protagonismo através do nome de Amílcar Cabral", entendeu, criticando ainda a "jogada dupla muito inteligente" da FAC.

Abraão Vicente deixou claro que o Governo apoia "integralmente" a inscrição dos escritos de Cabral na UNESCO, mas esclareceu que o processo deve ser entregue "sempre" pela Comissão Nacional na plataforma para o efeito.

Obras de Amílcar CabralFoto: DW/R. Belincanta

"Aqui há claramente uma tentativa de passar um atentado de incompetência às instituições do Estado, algo que não vou deixar passar em branco porque eu não estou em nenhuma disputa ideológica", prosseguiu, em alusão ao facto de o Governo ser suportado pelo Movimento para a Democracia (MpD), enquanto Amílcar Cabral fundou o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que deu origem ao Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, atualmente na oposição).

FAC agradece apoio

Na sua comunicação, a FAC agradeceu a todos quantos apoiaram e processo e, "particularmente" o Comité Nacional para o Memória do Mundo, a Comissão Nacional para a UNESCO e a Missão Permanente de Cabo Verde junto da UNESCO em Paris.

"Apresentámos um dossiê sólido e nós pensamos que tem todas as condições para ser aprovado pela UNESCO", declarou à Lusa Adão Rocha, membro da FAC.

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