Ministro alemão pede à UE parceria climática com a África
AFP | tm
1 de janeiro de 2020
O ministro alemão da Cooperação Económica e para o Desenvolvimento, Gerd Müller (CSU), pediu à nova Comissão da UE que coloque a África no centro de sua política de proteção climática.
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"Na África e nos países emergentes a proteção do climaé um fator decisivo", disse o político da União Social-Cristã (CSU) aos jornais do grupo de média Funke (edições de quinta-feira). "Precisamos de uma parceria abrangente sobre clima e energia entre a Europa e a África", disse.
O ministro alertou que o orçamento da União Europeia (UE) deveria ser mais direcionado à promoção de investimentos futuros, "em vez de continuar a investir em subsídios que preservam propriedades na Europa", lembrou o ministro. "Como parte do Acordo Verde, espero que a nova Comissão da UE lance um ambicioso programa de investimento e inovação para a expansão de energia renovável em África".
Como primeiro passo, plataformas de pesquisa conjuntas devem ser criadas no novo ano, especialmente no norte da África. A Alemanha, que assumirá a presidência do Conselho na segunda metade do ano, deve definir o caminho para o futuro planejamento financeiro da UE para os anos de 2021 a 2027 em tais investimentos.
Müller anunciou que o Ministério do Desenvolvimento e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) lançariam um programa de entrada no mercado de energias renováveis em 2020: "Isso tornará mais fácil para as empresas de médio porte, alemãs e africanas, o financiamento de futuras tecnologias em África".
O Acordo Verde da nova Comissão da UE, sob a chefe da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, prevê que a União Europeia atinja neutralidade climática até 2050. Isso significa que a partir de então as emissões remanescentes de gases causadores do efeito estufa serão completamente compensadas. Para este fim, está prevista uma profunda reestruturação das economias da UE em todas as áreas, para as quais bilhões de euros em investimentos são necessários todos os anos.
Aquecimento global: Caminhamos para o fim da agricultura tradicional?
No Corno de África, países como a Eritreia estão a registar padrões meteorológicos cada vez mais irregulares, colocando em causa a subsistência dos agricultores.
Foto: DW/M. Belloni
Agricultura: um modo de vida
As alterações climáticas têm um impacto irreversível nas comunidades que dependem do ambiente natural para as necessidades básicas. Na Eritreia, estima-se que cerca de 80% da população são agricultores de subsistência, que cultivam principalmente sorgo, trigo e milho. Esses agricultores são vulneráveis a mudanças nos padrões climáticos, que podem devastar a produção de alimentos.
Foto: DW/M. Belloni
Colher fora de horas
Durante os últimos anos, a Eritreia, tal como o resto do Sudeste Africano, sofreu flutuações climáticas exacerbadas pela tendência de aquecimento dos oceanos, o chamado "El Niño". As chuvas caíram, inesperadamente, na Eritreia, em outubro do ano passado, o que levou o governo a aconselhar os agricultores a colherem mais cedo.
Foto: DW/M. Belloni
Stock de alimentação vulnerável
"Se não tivessem reagido, ou não tivessem reagido com base na colheita tradicional, provavelmente perderiam a colheita", diz Peter Smerdon, do Programa Mundial de Alimentos. Embora o "El Niño" seja um evento complexo e de ocorrência natural, pesquisas científicas sugerem que o aquecimento global fará com que este evento cíclico ocorra com mais frequência e intensidade.
Foto: DW/M. Belloni
Consenso sobre as alterações climáticas
A maioria das comunidades científicas concorda que mudanças significativas a longo prazo no sistema climático da Terra ocorreram e estão ainda a ocorrer de forma mais célere que no passado. Prevê-se que a continuação das emissões para a atmosfera terrestre provoquem um maior aquecimento, afetando África com temperaturas elevadas e aumentando a variabilidade sazonal das chuvas.
Foto: DW/M. Belloni
Consequências económicas globais
"As pessoas nos países mais ricos devem estar preocupadas com os efeitos da mudança climática no Corno de África", afirma Challiss McDonough, do Programa Alimentar Mundial. "A mudança climática é uma das principais causas da fome global, perdendo apenas para os países doadores. Por isso, investir no clima e na redução do risco de desastres faz sentido do ponto de vista económico".
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Ainda de pé
A árvore de sicómoro tem um simbolismo significativo na Eritreia. Os anciãos costumavam reunir-se debaixo destas enormes árvores centenárias, para discutir questões importantes e leis comunitárias. Muitas destas árvores foram derrubadas durante a colonização e a guerra. As que ainda restam têm de enfrentar os efeitos da mudança climática.
Foto: DW/M. Belloni
Praias ameaçadas
"Um dos impactos das mudanças climáticas numa região costeira é a elevação do nível do mar, que aumenta a probabilidade de desastres relacionados com inundações, como marés altas, que podem eliminar uma safra inteira", diz Smerdon. Além disso, acrescenta, "a intrusão de água salgada devido à mudança climática pode aumentar a erosão e a salinidade dos solos, prejudicando a fertilidade da terra."
Foto: DW/M. Belloni
Corais em perigo
A costa deslumbrante da Eritreia inclui recifes de coral, um fator potencial de turismo, se sobreviverem no estado actual. "Até há alguns anos atrás, este pedaço de mar estava cheio de corais, mas no ano passado morreram todos", revela um mergulhador da Eritreia à DW. "A temperatura do mar estava muito alta. Ao mesmo tempo, os pescadores dependem dos recursos do oceano para comércio.
Foto: DW/M. Belloni
À procura de um caminho
As alterações climáticas na Eritreia são evidentes noutros locais. "Enquanto trabalhava na América Central, na África Oriental e no Médio Oriente, falei sempre com pessoas mais velhas, especialmente agricultores, e a mensagem deles é comum", diz Sam Wood, da Save the Children na Etiópia. "Os padrões climáticos estão a tornar-se menos previsíveis e, quando vem a chuva, é muito ou muito pouco."