Afirmando que o arquipélago é “um dos sítios mais seguros do mundo”, Fernando Vaz dá conta que o Governo está atento ao narcotráfico e tem um plano de reforço de medidas de segurança para preservar a atividade turística.
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O ministro do Turismo da Guiné-Bissau, Fernando Vaz, negou, em entrevista à DW África, que as ilhas Bijagós sejam usadas como canal de tráfico de droga no país. Afirmando que o arquipélago dos Bijagós é um dos sítios mais seguros do mundo", o executivo guineense diz que o Estado está atento ao problema do narcotráfico e tem um plano de reforço de medidas de segurança para preservar a atividade turística naquela região integrada na reserva natural da Guiné-Bissau.
Governo com estratégia de desenvolvimento turístico
"Vendeu-se muito essa imagem de insegurança e da droga nas ilhas, isso é falso. Qualquer estranho que chega a uma ilha é rapidamente detetada pelos próprios nativos. Sabe-se que alguém estranho, um intruso está presente na ilha. Portanto, é fácil o controlo", asseverou Fernando Vaz, dando conta que, por causa da estratégia de desenvolvimento turístico, o Estado, está hoje presente "em quase todas as ilhas".Para o ministro do Turismo da Guiné-Bissau, a "entrada de droga" é um problema que afeta vários pólos turísticos, não só o arquipélago dos Bijagós. Acontece no Algarve, em Portugal, no Sal e Praia, em Cabo Verde, na Madeira e Marraquexe, exemplifica. Para Fernando Vaz, "aquilo que se passou na Guiné-Bissau foi extremamente empolado no mundo, mas não corresponde em termos de quantidade e frequência. Aconteceu uma ou duas vezes, eventualmente, mas posso-lhe garantir que não acontece", atualmente. O ministro garante mesmo que "o turista está mais seguro na Guiné-Bissau do que noutros países africanos de língua portuguesa".
24.03.17 Droga Turismo Guiné-Bissau - MP3-Mono
O plano não contempla apenas as ilhas dos Bijagós, adianta o governante, referindo que a Guiné-Bissau leva a cabo uma operação a nível internacional para a promoção e divulgação do enorme potencial turístico nacional - "uma estratégia em defesa de um turismo sustentável" - precisa o ministro.
Fernando Vaz dá conta que a imagem negativa que se tem projetado pelo mundo da Guiné-Bissau deve-se também à "situação política e aos golpes de Estado que aconteceram no país". O governante garante que o clima de instabilidade política não afetará o plano de desenvolvimento do turismo. "Penso que o turismo irá ajudar imenso para a mudança da imagem negativa que se tem da Guiné-Bissau", afirmou.
Oposição e empresário procupados com o narcotráfico
Numa recente entrevista exclusiva à DW, o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, acusou o Governo guineense de fechar os olhos à entrada de droga no país. Com base em relatórios de organizações não-governamentais, Simões Pereira também apontou o dedo ao Presidente da República, José Mário Vaz, acusando-o "de estar ligado ao negócio do narcotráfico".
Adelino da Costa (conhecido por Dakosta), empresário de sucesso em Nova Iorque (EUA) com investimento turístico nos Bijagós, manifesta a sua preocupação e pede medidas sérias para combater a face oculta do narcotráfico na Guiné-Bissau.
À DW África, o empresário afirmou que esta é uma situação "muito preocupante". "É um problema muito maior do que os nossos olhos podem atingir, porque é um problema que não se vê e é aí que começa. São os donos invisíveis os patrões do negócio chamado droga. Então, pode até ser um problema maior que a Guiné-Bissau", chama a atenção.
Para o combate a este fenómeno, o empresário quer ver uma maior cooperação com os países europeus, porque a droga passa por África em direção à Europa. De acordo com o ministro do Turismo, o Governo da Guiné-Bissau tem tomado medidas de segurança e de fiscalização, que visam persuadir atos ilícitos e de criminalidade.
A colocação de autoridades policiais na ilha de Orango é exemplo disso, acrescenta o governante. "Em termos de segurança, posso lhe afirmar (que o arquipélago dos Bijagós) é um dos sítios mais seguros do mundo. Nunca ouviu falar de um rapto nos Bijagós, de um sequestro ou de um assassinato, de qualquer mal do género", afirmou Fernando Vaz, acrescentando que, anualmente, o destino recebe "perto de 40 mil turistas".
Guiné-Bissau: O país onde nenhum Presidente terminou o mandato
Desde que se tornou independente, a Guiné-Bissau viu sentar na cadeira presidencial quase uma dúzia de Presidentes - incluindo interinos e governos de transição. Conheça todas as caras que passaram pelo comando do país.
Foto: DW/B. Darame
Luís de Almeida Cabral (1973-1980)
Luís de Almeida Cabral foi um dos fundadores do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e também o primeiro Presidente da Guiné-Bissau - em 1973/4. Luís Cabral ocupou o cargo até 1980, data em que foi deposto por um golpe de Estado militar. O antigo contabilista faleceu, em 2009, vítima de doença prolongada.
Foto: Bundesarchiv/Bild183-T0111-320/Glaunsinger
João Bernardo Vieira (1980/1994/2005)
Mais conhecido por “Nino” Vieira, este é o político que mais anos soma no poder da Guiné-Bissau. Filiado no PAIGC desde os 21 anos, João Bernardo Vieira tornou-se primeiro-ministro em 1978, tendo sido com este cargo que derrubou, através de um golpe de Estado, em 1980, o governo de Cabral. "Nino" ganhou as eleições no país em 1994 e, posteriormente, em 2005. Foi assassinado quatro anos mais tarde.
Foto: picture-alliance/dpa/L. I. Relvas
Carmen Pereira (1984)
Em 1984, altura em que ocupava a presidência da Assembleia Nacional Popular, Carmen Pereira assumiu o "comando" da Guiné-Bissau, no entanto, apenas por três dias. Carmen Pereira, que foi a primeira e única mulher na presidência deste país, foi ainda ministra de Estado para os Assuntos Sociais (1990/1) e Vice-Primeira-Ministra da Guiné-Bissau até 1992. Faleceu em junho de 2016.
Foto: casacomum.org/Arquivo Amílcar Cabral
Ansumane Mané (1999)
Nascido na Gâmbia, Ansumane Mané foi quem iniciou o levantamento militar que viria a resultar, em maio de 1999, na demissão de João Bernardo Vieira como Presidente da República. Ansumane Mané foi assassinado um ano depois.
Foto: picture-alliance/dpa
Kumba Ialá (2000)
Kumba Ialá chega, em 2000, à presidência da Guiné-Bissau depois de nas eleições de 1994 ter sido derrotado por João Bernardo Vieira. O fundador do Partido para a Renovação Social (PRS) tomou posse a 17 de fevereiro, no entanto, também não conseguiu levar o seu mandato até ao fim, tendo sido levado a cabo no país, a 14 de setembro de 2003, mais um golpe militar. Faleceu em 2014.
Foto: AP
Veríssimo Seabra (2003)
O responsável pela queda do governo de Kumba Ialá foi o general Veríssimo Correia Seabra, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. Filiado no PAIGC desde os 16 anos, Correia Seabra acusou Ialá de abuso de poder, prisões arbitrárias e fraude eleitoral no período de recenseamento. O general Veríssimo Correia Seabra viria a ser assassinado em outubro de 2004.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Bordalo
Henrique Rosa (2003)
Seguiu-se o governo civil provisório comandado por Henrique Rosa que vigorou de 28 de setembro de 2003 até 1 de outubro de 2005. O empresário, nascido em 1946, conduziu o país até às eleições presidenciais de 2005 que deram, mais uma vez, a vitória a “Nino” Vieira. O guineense faleceu, em 2013, aos 66 anos, no Hospital de São João, no Porto.
Foto: AP
Raimundo Pereira (2009/2012)
A 2 de março de 2009, dia da morte de Nino Vieira, o exército declarou Raimundo Pereira como Presidente da Assembleia Nacional do Povo da Guiné-Bissau. Raimundo Pereira viria a assumir de novo a presidência interina da Guiné-Bissau, a 9 de janeiro de 2012, aquando da morte de Malam Bacai Sanhá.
Foto: AP
Malam Bacai Sanhá (1999/2009)
Em julho de 2009, Bacai Sanhá foi eleito presidente da Guiné Bissau pelo PAIGC. No entanto, a saúde viria a passar-lhe uma rasteira, tendo falecido, em Paris, no inicio do ano de 2012. Depois de dirigir a Assembleia Nacional de 1994 a 1998, Bacai Sanhá ocupou também o cargo de Presidente interino do seu país de maio de 1999 a fevereiro de 2000.
Foto: dapd
Manuel Serifo Nhamadjo (2012)
Militante do PAIGC desde 1975, Serifo Nhamadjo assumiu o cargo de Presidente de transição a 11 de maio de 2012, depois do golpe de Estado levado a cabo a 12 de abril de 2012. Este período de transição terminou com as eleições de 2014, que foram vencidas por José Mário Vaz. A posse de “Jomav” como Presidente marcou o regresso do país à ordem constitucional no dia 26 de junho de 2014.