Ministros do turismo da CPLP defendem reforço da mobilidade
Lusa
3 de maio de 2022
Ministros do Turismo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) defenderam o reforço da mobilidade para o "alargamento da conectividade aérea". O objetivo é inverter o efeito devastador da Covid-19 no setor.
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Reunidos esta terça-feira (03.05) em Luanda, onde avaliam a contribuição do turismo para a recuperação socioeconómica sustentável da CPLP no pós-covid e os desafios e oportunidades, os ministros consideraram o acordo de mobilidade como elemento estruturante para potenciar o turismo.
A melhoria da conectividade aérea, a revisão do regime de vistos, a dinamização do turismo doméstico e o alargamento de parcerias privadas foram apontados pelo vice-ministro da Cultura e Turismo de Moçambique, Freson Bacar, como alguns dos desafios.
Os números foram assinalados por Freson Bacar, dando conta que o país africano perspetiva voltar aos cerca de 2 milhões de turistas/ano. "Temos estado a participar em vários eventos internacionais e há um conjunto de medidas que temos estado a tomar no sentido de conciliar mais o turismo e cultura", disse aos jornalistas.
Fernando Vaz, ministro do Turismo e Artesanato e porta-voz do Governo da Guiné-Bissau, assinalou a relevância da reunião de Luanda para o seu país e para a comunidade defendendo a "livre circulação de turistas neste espaço comunitário".
"A nossa proposta vai ser bem clara e pensamos que a questão da mobilidade faz com que o turismo entre nós e as ligações, que são de séculos, se cimente mais e que se proporcione com mais facilidade", realçou.
O turismo na Guiné-Bissau, que está em processo de retoma e de criação de infraestruturas para catapultar a atividade após perdas de 100% originada pela pandemia, contribui anualmente com 2,7% para o PIB, perspetivando alargar para 25%.
Medidas essenciais
O ministro do Turismo e Transportes de Cabo Verde, Carlos Santos, apontou medidas essenciais para aumentar a conectividade, sobretudo a nível da comunidade para o fomento do turismo, enaltecendo o acordo de mobilidade no seio da CPLP: "É o elemento essencial estruturante para conseguirmos permitir que possamos nos movimentar e nós estamos a fazê-lo".
"E devemos continuar a defender que haja a materialização deste acordo de circulação e mobilidade das pessoas, que é o elemento essencial para que essa mobilidade exista", frisou o governante cabo-verdiano em declarações aos jornalistas.
Por seu lado, a secretária de Estado do Turismo de Portugal, Rita Marques, considerou, na sua intervenção, que os Estados-membros da CPLP devem aproveitar a fase pós-covid para poder construir o setor, sobretudo com a formação e capacitação dos recursos humanos.
Um turismo de proximidade e de coesão territorial foi também defendido pela governante portuguesa.
Filipe Zau, ministro da Cultura, Turismo e Ambiente angolano, referiu que Angola está empenhada em desenvolver políticas públicas para o desenvolvimento do setor do turismo, considerando o acordo de mobilidade da CPLP como um veículo fundamental para fomentar o turismo no espaço comunitário.
Turismo rural recupera património de São Tomé e Príncipe
Investidores estrangeiros estão a apostar na recuperação do património histórico de São Tomé e Príncipe. Veem nas roças abandonadas uma oportunidade de negócios para o turismo rural de luxo.
Foto: DW/C. Vieira
Roças abandonadas viram hospedagem de luxo
Investidores estrangeiros estão a apostar na recuperação do património histórico de São Tomé e Príncipe. Veem nas roças abandonadas uma oportunidade de negócios para o turismo rural de luxo. Na Ilha do Príncipe, as roças Belo Monte e Sundy passam por uma reforma para receber clientes em busca de férias cinco estrelas. Na foto, vista a partir do terraço de Belo Monte.
Foto: DW/C. Vieira
Hotel boutique em Belo Monte
Situada na Ilha do Príncipe, a Roça Belo Monte começou a operar como hotel boutique em 2015, depois de passar por uma recuperação que manteve o antigo estilo colonial, com arquitetura clássica e mobiliário elegante. Ao todo, o hotel oferece 15 quartos e estão em construção três chalés. O proprietário é o holandês Rombart Swanborn, um empresário que cresceu no Gabão.
Foto: DW/C. Vieira
Casa grande adaptada ao mais alto padrão
A casa grande costumava ter apenas um quarto, além da sala de estar e demais ambientes. Com a reforma, foram adaptados espaços originalmente usados como área de trabalho, para armazenar produtos e a cozinha. Agora, o edifício oferece três acomodações de luxo, com casas de banho individuais. Há também uma biblioteca e áreas de convívio. O hotel conta ainda com piscina, bar e restaurante.
Foto: DW/C. Vieira
O conforto tem o seu preço
Uma diária em Belo Monte custa, atualmente, entre 150 e 450 euros por pessoa, dependendo da estação do ano e do tipo de pacote turístico. Na foto, um dos quartos no prédio onde antigamente funcionava o hospital. As instalações disponibilizam casa de banho privativa, ar condicionado, televisão e internet.
Foto: DW/C. Vieira
Investimento em pesquisa científica
O valor gasto na reabilitação da Roça Belo Monte não foi divulgado. O investidor espera reaver o montante em 10 anos. Belo Monte ainda se encontra parcialmente em obras. Na foto, o prédio que irá abrigar um museu no terreno do hotel, onde cientistas poderão pesquisar sobre a história, fauna, flora e vida marinha da região, entre outros.
Foto: DW/C. Vieira
Reforma a todo vapor em Sundy
A Roça Sundy é outra roça em reabilitação na Ilha do Príncipe, situada a cerca de 140 km da capital São Tomé, está concessionada ao grupo HBD, do empresário milionário sul-africano Mark Shuttleworth. Será parte de um resort agrícola cinco estrelas de turismo sustentável. A casa grande será transformada num restaurante e oferecerá cursos profissionais de cozinheiros e empregados de mesa.
Foto: DW/C. Vieira
Formação e aproveitamento de mão de obra local
A reabilitação dos prédios centenários da Roça Sundy encontra-se em curso e tem por objetivo preservar ao máximo a estrutura original. Para tal, 20 trabalhadores participam numa formação para pedreiros. Aprendem a usar técnicas e materiais tradicionais, mais amigos do meio-ambiente. Carlos Sanches, de 21 anos, "nunca tinha trabalhado com cal", que agora usa para a pintura ou na argamassa.
Foto: DW/C. Vieira
Meio-ambiente tido em conta
Material reciclado também é utilizado nas obras. O vidro recolhido nas comunidades é moído e substitui a areia em rebocos e blocos, por exemplo. O português Manuel de Sousa Gomes, responsável pela formação dos profissionais, diz que pretende transmitir aos trabalhadores "técnicas de reboco e o brio no trabalho".
Foto: DW/C. Vieira
Impactos para a população local
O Grupo HBD apresenta o projeto da Roça Sundy como motor financeiro para a população local. Atualmente emprega mais de 100 das pouco mais de 400 pessoas que ainda vivem na senzala de Sundy. Futuramente, a população deverá ser realojada. Os investidores estrangeiros prometem aos moradores a doação de casas novas fora da roça, deixando o espaço livre para os turistas.
Foto: DW/C. Vieira
Esperança para os moradores
Miguel Guadalupe, de 31 anos, é um dos moradores da senzala da Roça Sundy. Acredita que o realojamento será bom para a sua família de seis pessoas. E espera que, com a chegada dos investidores estrangeiros, haja "mais trabalho e mais dinheiro".