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Ministros na gestão das finanças da FRELIMO é "aberração"

7 de março de 2024

À DW, porta-voz da RENAMO diz que não se pode aceitar que o partido no poder "use ministros de Estado para servir aos seus interesses". Para José Manteigas, trata-se de estratégia para "drenar o cofre do Estado".

José Manteigas, porta-voz da RENAMO
José Manteigas: "A FRELIMO capturou absolutamente o Estado moçambicano"Foto: R. da Silva/DW

A 26 de fevereiro, a Comissão Política da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) reunida em mais uma sessão indicou o primeiro-ministro, Adriano Maleiane, e o ministro da Economia e Finanças, Max Tonela, para dirigirem a área de Finanças a Logística do gabinete central de preparação das eleições criado pelo partido para „criar as condições para a vitória do partido no poder nas eleições presidenciais, legislativas e provinciais de outubro”.

Esta nomeação está a criar um mal estar na opinião pública nacional, considerando que Tonela e Maleiane são o núcleo duro do Governo.

À DW, porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição moçambicana, diz que "isso é uma aberração". José Manteigas classifica esta indicação como uma forma de garantir o desvio de fundo públicos para a campanha eleitoral da FRELIMO, partido no poder, "sem nenhum questionamento”.

DW África: Como reage à indicação de Adriano Maleiane e Max Tonela para a direção da área de Finanças a Logística do gabinete central de preparação das eleições da FRELIMO?

José Manteigas (JM): Não se pode aceitar que se tenha a coragem de pegar o ministro das Finanças do Estado moçambicano para servir os interesses de um partido político. Isso é uma aberração. Em nenhuma parte do mundo isso é possível. Só aqui em Moçambique onde a FRELIMO capturou absolutamente o Estado moçambicano. E é a confirmação daquilo que nós temos denunciado sistematicamente. É a partidarização do Estado.

Não podemos acreditar que dentro da FRELIMO não haja quadros que pudessem ocupar essas funções para as quais foram indicados o Adriano Maleiane e o Max Tonela. Isso para dizer que é fato: a FRELIMO usa meios do Estado, usa os cofres do Estado para drenar para a sua campanha eleitoral. Essa é a nossa conclusão.

Moçambique vai a votos a 9 de outubro de 2024Foto: DW/C. V. Teixeira

DW África: Isso significa, no seu entender, que essa indicação é uma forma de garantir uma maior e melhor drenagem dos fundos públicos para as contas da FRELIMO?

JM: Claramente. Não há dúvidas. Ao colocarem o Maleiane e o Tonela lá - que são os gestores diretos do herário público, são os gestores diretos dos impostos dos moçambicanos. Tanto é assim que o presidente da autoridade tributária é inclusivamente uma chefe sénior dentro da FRELIMO. Significa que fazem do cofre do Estado um saco azul para os fins do partido FRELIMO. Aliás, um primeiro-ministro e um ministro das Finanças são os gestores diretos, os primeiros e únicos responsáveis pelos fundos do Estado.

Portanto, isso é para drenar o dinheiro do Estado. Aliás, todos nós sabemos que a FRELIMO, quando vai para as eleições já não conta com o eleitorado. Conta-se com o pagamento de consciências, com a corrupção, com o suborno, com os membros das mesas de votação, mais concretamente os presidentes das mesas. E tudo isso envolve dinheiro. Um dinheiro que o partido FRELIMO como tal não tem. Então, tem que recorrer aos fundos do Estado.

DW África: Mas há quem diga que a FRELIMO tem dinheiro na base das quotas dos membros. Essa justificação não convence a RENAMO?

JM: Não há nenhum membro do partido FRELIMO que paga quotas. A FRELIMO usa cortes diretos dos salários dos funcionários públicos. E nós já denunciamos isso várias vezes. Agora, como sabem que esse dinheiro para corromper pessoas, estamos em ano de eleições gerais, vai ser insuficiente, pegaram o Maleiane e o Max para melhor abrirem o cofre do Estado sem nenhum questionamento.

DW África: Quando começar a campanha eleitoral, em algum momento estas figuras terão que deixar as atividades estatais para atender as atividades partidárias. Como é que fica o Estado?

JM: Olha, com toda a franqueza, os governantes que nós temos em Moçambique nunca se dedicaram ao trabalho no Estado, nunca se dedicaram aos interesses da população mocambicana. Porque quando saem para qualquer atividade, o fazem como políticos.

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