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"Missão cumprida": Grupo Wagner anuncia retirada do Mali

7 de junho de 2025

Grupo mercenário russo Wagner anuncia que vai deixar o Mali após mais de três anos de luta contra extremistas islâmicos. Mas a Rússia continuará a ter uma presença mercenária no país através do Corpo Africano.

Militares russo no Mali
Rússia continuará a ter uma presença mercenária no Mali através do Corpo AfricanoFoto: French Army /AP/picture alliance

O grupo mercenário russo Wagner anunciou que vai deixar o Mali após mais de três anos e meio de luta contra extremistas islâmicos no país.

No entanto, a Rússia continuará a ter presença mercenária no país. O Corpo Africano, a força paramilitar russa controlada pelo Estado, afirmou no seu canal do Telegram que a saída do grupo Wagner não irá introduzir quaisquer alterações e que o contingente russo permanecerá no Mali.

"Missão cumprida. A Companhia Militar Privada Wagner regressa a casa", anunciou o grupo.

O Mali, assim como os vizinhos Burkina Faso e Níger, luta há mais de uma década contra a insurgência armada. 

À medida que a influência ocidental na região foi diminuindo, a Rússia procurou ganhar espaço. Inicialmente, Moscovo expandiu a cooperação militar com as nações africanas, recorrendo ao Grupo Wagner. Mas desde a morte do líder do grupo, Yevgeny Prigozhin, em 2023, Moscovo tem vindo a apostar no Corpo Africano como uma força rival do Wagner. O Corpo Africano está sob o comando direto do Ministério da Defesa russo.

De acordo com as autoridades americanas, há cerca de 2.000 mercenários no Mali. Não se sabe ao certo quantos estão com o grupo Wagner e quantos fazem parte do Corpo Africano.

Beverly Ochieng, analista da consultora Control Risks, afirma que o Ministério da Defesa russo tem estado a negociar com o Mali a contratação de mais combatentes do Corpo Africano e a integração dos mercenários do grupo Wagner na força paramilitar russa controlada pelo Estado.

“Desde a morte de Prigozhin, a Rússia tem todo este plano para que o grupo Wagner fique sob o comando do Ministério da Defesa. Um dos passos que deram foi renovar ou introduzir o Corpo Africano, que é a forma de os paramilitares russos manterem uma presença nas áreas onde o grupo Wagner tem estado a operar”, disse Ochieng.

Wagner está presente no Mali desde finais de 2021, na sequência de um golpe militar, substituindo as tropas francesas e as forças internacionais de manutenção da paz. Mas o exército do Mali e os mercenários russos lutaram para conter a violência no país e foram ambos acusados de alvejar civis.

O anúncio da retirada do grup Wagner surge numa altura em que o exército maliano e os mercenários russos sofreram pesadas perdas durante os ataques do grupo JNIM, ligado à Al-Qaida, nas últimas semanas. Na semana passada, os combatentes da JNIM mataram dezenas de soldados num ataque a uma base militar no centro do Mali.

Rida Lyammouri, especialista em Sahel, sediado em Marrocos, salienta que as grandes perdas podem ter levado ao fim da missão do grupo mercenário.

“A ausência de um anúncio oficial e recíproco por parte das autoridades malianas e do Wagner indica uma possível disputa interna que levou a esta decisão súbita. Simultaneamente, isto pode indicar um novo quadro para a presença russa no país”, afirmou.

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AP Agência de notícias
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