Guiné-Bissau "detém sistema de emissão de passaporte fiável"
26 de novembro de 2021O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau garantiu, em comunicado, que o país tem um "sistema de emissão de passaporte fiável" e com "elevado nível de segurança".
"Fruto de um esforço assinalável, a Guiné-Bissau detém hoje um sistema de emissão de passaporte fiável e uma gama de elevado nível de segurança", afirmou, em comunicado, o secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros guineense, embaixador Cândido Barbosa.
Em causa estão notícias divulgadas na imprensa espanhola relativas à detenção no domingo (21.11) em Barcelona, Espanha, de Pierre Conrad Dadak, um "multimilionário francês famoso por ser um senhor de guerra", refere o jornal La Razon.
Segundo o mesmo jornal, o homem, com nacionalidade francesa e polaca, e sobre quem pendiam mandados de captura internacional de vários países, utilizava um "passaporte diplomático da Guiné-Bissau" e já tinha sido detido em Espanha em 2016.
"A 10 de novembro de 2014 foi a polícia belga que detetou uma transferência de 60.000 euros a partir de uma das empresas de Dadak para um cônsul honorário da Guiné-Bissau por gasto em consultadoria", escreve o jornal.
"Os investigadores sustentam que Dadak pode utilizar também os seus negócios no país africano para camuflar operações de venda de armas coordenadas desde Espanha", acrescenta a notícia.
Embaixador aponta para "passaporte falsificado"
Segundo o secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, é do "conhecimento público que o fenómeno da contrafação e falsificação de documentos de identidade e de viagem constitui um dos maiores desafios dos Estados e da comunidade internacional em matéria de segurança no transporte internacional e no combate ao crime organizado transnacional".
No comunicado, o embaixador Cândido Barbosa recorda que o Governo guineense no âmbito do reforço dos mecanismos de atribuição de passaportes começou a emitir em junho uma nova gama de passaportes "biométricos em policabornato".
O embaixador Cândido Barbosa salienta que a notícia só "pode estar a referir-se a um passaporte falsificado tendo em consideração que as autoridades não dispõem de qualquer registo concernente à emissão do dito passaporte no sistema".
O comunicado qualifica também de "graves as referidas notícias" e salienta que está a "acompanhar os esforços" das autoridades espanholas e que a representação diplomática guineense em Espanha já "solicitou o esclarecimento da notícia e comprovativo da autenticidade do dito passaporte", que não foi emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau.
O Projeto de Denúncia do Crime Organizado e Corrupção (OCCRP), uma rede de jornalistas de investigação, divulgou em fevereiro de 2018, uma investigação sobre Pierre Conrad Dadak, que refere que esteve na Guiné-Bissau em 2013, onde chegou num voo privado.
"Dadak chegou ao país prometendo ao governo que investiria em jogos de azar e na banca. Um pagamento de 60.000 euros que fez posteriormente ao cônsul honorário do país em Malága, Espanha, garantiu-lhe um passaporte diplomático, de acordo com os arquivos do caso espanhol e entrevistas", refere a OCCRP.