A partir de 5 de novembro, a taxa de renovação da carta de condução passa a custar cerca de oito vezes mais do que custa atualmente. Jovens moçambicanos consideram que esta é um medida elitista e de exclusão.
Para estes profissionais, a subida é exagerada e não tem em conta as camadas sociais. À DW África, Silvestre Uamusse, motorista de transporte semicoletivo, afirma que esta medida é "uma exclusão. Eu sou motorista de chapa, dependo deste trabalho para sustentar a família. Não ganhamos nada praticamente. Então isto é uma exclusão mesmo", considera.
Carta "não é para quem pode"
Beny Boavida, também motorista dos transportes semicoletivos de passageiros, reforça as críticas, acrescentando que o Governo está a elitizar este documento. Para este profissional, "a carta de condução é um documento como um outro qualquer, para qualquer pessoa que quiser ter. Não é para quem pode, é para quem quer", reitera.
Moçambicanos descontentes com aumento da carta de condução
António Ngoenha é taxista e está também contra a medida anunciada. À DW África, lembra que em Moçambique há muitos jovens a trabalhar no setor dos transportes. Cidadãos que, segundo este taxista, "não estudaram" e que por isso a carta de condução é para eles uma mais valia. "A carta de condução devia até ser de borla ou custar 500 meticais [cerca de oito euros] ou 250 meticais [cerca de quatro euros]", conclui António Ngoenha.
Em declarações em Maputo, esta semana, a vice-ministra dos Transportes e Comunicações, Manuela Ribeiro, chegou mesmo a afirmar que só tira a carta de condução quem tem condições. "A carta de condução não é como o bilhete de identidade, que é obrigatório. A carta de condução não. É conforme as condições que eu tenho, vou tirar ou não a carta de condução", afirmou.
A vice-ministra justificou o agravamento das taxas de renovação da carta de condução com o argumento de que a atual é muito baixa. E questionou: "Acha que com 500 meticais pode produzir uma carta de condução?". Segundo a governante, tem sido o executivo que tem estado a subsidiar todos os custos, o que tem contribuído para a difícil situação fianceira em que se encontra Instituto Ncional dos Transportes Terrestres de Moçambique.
Ao longo de 2018, o Governo tem vindo a agravar várias tarifas, nomeadamente, nos setores da comunicação social, água, energia e combustível. Chegou agora a hora da carta de condução.
Volkswagen: O "Carocha" continua vivo na Etiópia
Há quase 40 anos que o Volkswagen Carocha deixou de ser produzido na Alemanha. O clássico já quase não se vê nas estradas do país de origem, mas continua a ser muito popular na Etiópia.
Foto: Reuters/T. Nigeri
Inesquecível
O Volkswagen Carocha continua a deixar a sua marca na Etiópia. Neste país africano, os mecânicos trabalham com entusiasmo nos carros e garantem a sua sobrevivência. O clássico da fabricante alemã é bastante popular e ficou conhecido por ter uma incrível durabilidade - comparado aos modelos de carros mais recentes.
Foto: Reuters/T. Negeri
Ainda com o pé na estrada
Em Addis Abeba, capital da Etiópia, os Carocha não são relíquias de museu. Os carros, com diferentes cores e acessórios - por vezes, já nem são originais de fábrica -, continuam a circular diariamente nas ruas. Na imagem, vê-se um destes veículos estacionado próximo aos Teatro Nacional da Etiópia, no centro da cidade.
Foto: Reuters/T. Nigeri
Vende-se: Carocha usado
Comprar um Volkswagen Carocha novo está fora de questão. Desde 2003 que o pequeno carro deixou de ser produzido. Ao todo, cerca de 20 milhões de VW Carocha saíram das linhas de montagem para o mundo. O carro tornou-se o mais vendido em todo o mundo.
Foto: Reuters/T. Nigeri
De velho a novo
E quem disse que só por terem saído de linha estes veículos não têm mais utilidade? Pelo menos na Etiópia, nenhum detalhe é descartado. Quando um Carocha deixa de funcionar, os mecânicos retiram-lhe as peças para reparar outros carros ainda funcionais.
Foto: Reuters/T. Nigeri
Um carro de confiança
Ishetu Kinfe é mecânico. Há 19 anos que conduz o seu VW Carocha. "Posso conduzí-lo em qualquer lugar, porque é um carro resistente, fácil de fazer manutenção e de baixo custo", diz Kinfe. Ele lamenta que os alemães tenham deixado de produzir este modelo - um carro confiável a um preço acessível.
Foto: Reuters/T. Nigeri
Nem todos sobrevivem
Alguns Carochas não tiveram salvação possível e foram abandonados. Este da imagem foi deixado sem os faróis e algumas outras peças nas proximidades da sede da União Africana, em Addis Abeba.
Foto: Reuters/T. Nigeri
Nostalgia e pragmatismo
Mas também na Etiópia, apesar do preço atrativo, o Carocha tem novos concorrentes no mercado. Em outubro deste ano (2017), o país lançou o seu primeiro modelo de carro montado localmente - com peças importadas da China. O chamado Abay pertence à empresa conjunta etíope -holandesa, Holland Car.
Foto: Getty Images/AFP/J. Cendon
Dos mais velhos aos mais novos
Na Etiópia, o Carocha certamente não será esquecido. O carro continua a ser popular entre as gerações mais novas - mesmo empoeirado e com imperfeições. Na oficinas mecânicas da capital etíope, estes clássicos ganham ares mais rejuvenescidos, com cores vibrantes e outros acessórios que vão mais ao encontro do gosto dos jovens.