A África do Sul entra esta quinta-feira em confinamento obrigatório de três semanas. Só serão permitidas deslocações essenciais a supermercados, hospitais ou farmácias. Imigrantes moçambicanos temem ficar sem sustento.
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Para estancar a propagação de infeções com o novo coronavírus, todo o território sul-africano passa a estar em confinamento obrigatório. A medida entra em vigor às 23:59 desta quinta-feira (26.03) e mantém-se até à meia-noite de 16 de abril, num total de três semanas.
O Exército foi destacado, a nível nacional, para prestar assistência à polícia e manter as pessoas em casa. Uma ação justificada por se terem registado várias violações às medidas impostas pela declaração de uma emergência nacional.
Como manter as mãos limpas para evitar o coronavírus
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A África do Sul registou o primeiro caso positivo de Covid-19 a 05 de março na província de KwaZulu-Natal. Entretanto já conta com mais de 900 casos registados, segundo dados divulgados esta quinta-feira (26.03) pelo Presidente Cyril Ramaphosa.
O país decretou fortes restrições à circulação de pessoas. A partir das 23:59 desta quinta-feira, só serão permitidas deslocações essenciais a supermercados, hospitais ou farmácias.
As restrições colocam em perigo a subsistência de imigrantes na África do Sul, incluindo muitos moçambicanos que dependem em grande parte dos pequenos negócios.
"O coronavírus vai matar-nos à fome", diz Fernando Sitoe, um comerciante moçambicano a viver na cidade de Joanesburgo. "Não há negócio, somos proibidos de sair de casa e nem temos dinheiro para enviar para as nossas mulheres e crianças.”
David Mudanisse, estudante na Universidade de Tswane, não tem tido aulas e teme o impacto negativo do confinamento forçado.
A rotina de isolamento de cidadãos dos PALOP na Alemanha
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"Estamos a viver como reclusos, privados da vida a que nos habituámos", afirma em entrevista à DW África. Entretanto, aguarda respostas. "A direção da universidade ainda não nos deu um esclarecimento sobre quando irão iniciar as aulas virtuais."
Imigrantes regressam a Moçambique
Antes do início do confinamento obrigatório, esta quinta-feira à noite, muitos imigrantes estavam a tentar sair do país.
A fronteira de Ressano Garcia, o maior corredor que liga Moçambique à África do Sul, registava um maior fluxo de moçambicanos, que optam por regressar à terra natal como forma de escapar ao confinamento.
Mércio Tovela faz parte desta comitiva e estava a caminho da fronteira com a família.
"A não trabalhar, não tenho como dar de comer à minha família e pagar o aluguer da casa. Antes morrer de fome em casa do que trancado na terra dos outros", suspira.
Covid-19 em África
A África do Sul é um dos vários países africanos que adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras, para travar a propagação do novo coronavírus.
Até agora, o continente africano registou mais de 70 mortes devido à Covid-19, ultrapassando os 2.700 casos de infeção.
Onde se podem esconder os coronavírus
Vírus por toda parte: nos alimentos, no pacote do correio, até no próprio cão de estimação? O Departamento de Avaliação de Risco da Alemanha esclarece o que se sabe sobre o coronavírus.
Foto: picture-alliance/dpa/Jagadeesh Nv
Animais silvestres são tabu
Há fortes indícios de o coronavírus ter sido transmitido inicialmente aos seres humanos por um morcego. O animal, porém, não teve qualquer culpa: ele foi possivelmente servido como iguaria. E agora os seres humanos amargam a "maldição do morcego que virou sopa"... Um efeito positivo do surto de covid-19 é a China ter proibido o consumo de carne de animais selvagens.
Foto: picture-alliance/Photoshot/H. Huan
Maçanetas contaminadas
Os coronavírus conhecidos permanecem infecciosos em superfícies como maçanetas por quatro a cinco dias, em média. Os especialistas partem do princípio que os conhecimentos sobre as variedades já estudadas se aplicam ao novo coronavírus. Assim, como todas as infecções por gotículas, também este novo coronavírus Sars-CoV-2 muito provavelmente propaga-se por mãos e superfícies tocadas com frequência.
Em princípio, os coronavírus contaminam pratos ou talheres se alguém infectado espirra ou tosse diretamente neles. Por isso é necessário certo cuidado durante o almoço no refeitório do trabalho. No entanto, o Departamento Federal alemão de Avaliação de Riscos (Bundesinstitut für Risikobewertung - BfR) enfatiza que "até agora não se sabe de infecções com o Sars-CoV-2 por esse meio de transmissão".
Foto: picture-alliance/dpa/Jagadeesh Nv
Medo de produtos importados?
Até o momento não há nenhum caso em que o coronvírus foi transmitido através de produtos importados. Os estudos sugerem que o novo coronavírus seja relativamente instável em termos ambientais: os patógenos permaneceriam infecciosos durante vários dias sobretudo a temperaturas baixas e alta humidade atmosférica. Mas segundo o BfR, pais não precisam temer contágio através de brinquedos importados.
Foto: Ivivse/Karin Banduhn
Vírus pelo correio?
Em geral, os coronavírus humanos não são especialmente resistentes sobre superfícies secas. Como a sua estabilidade fora do organismo humano depende de diversos fatores ambientais, como temperatura e humidade, o BfR considera "improvável" um contágio por encomendas de correio – embora ressalvando ainda não haver dados mais precisos sobre o Sars-CoV-2.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Weller
Legumes e frutas do mercado
Igualmente improvável é a transmissão do coronavírus Sars-CoV-2 através de alimentos contaminados, na avaliação do BfR. Não são conhecidos casos comprovados. Mas lavar cuidadosamente as mãos antes de preparar a refeição é mandatório nos tempos da covid-19. Como os vírus são sensíveis ao calor, aquecer os alimentos pode reduzir ainda mais o risco de contágio.
Foto: DW/M. Mueia
Longa vida no gelo
Embora os coronavírus conhecidos até ao presente reajam mal ao calor, eles são bastantes resistentes ao frio, permanecendo infecciosos a -20 ºC por até dois anos. Também aqui, contudo, não há qualquer indício de cadeias infecciosas do Sars-CoV-2 por meio do consumo de alimentos, mesmo supercongelados.
Foto: DW/J. Beck
Pingue-pongue entre cães e os donos?
Também o risco de contaminação de animais domésticos é considerado muito baixo pelos especialistas, embora não o descartem. Os próprios animais não apresentam sintomas patológicos. Caso infectados, contudo, é possível transmitirem o coronavírus pelas vias respiratórias ou excrementos.