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Moçambique: Água da rede pública pode estar contaminada

Jovenaldo Ngovene (Tete)
22 de dezembro de 2022

Trezentas mil pessoas na cidade de Tete consomem água distribuída pela rede pública, que pode estar contaminada com partículas nocivas. Fonte do FIPAG descarta riscos, mas admite problemas de qualidade.

Symbolbild - Trinkwasser
Foto: Imago Images/photothek/T. Trutschel

Um estudo feito pelo académico Paulo Sebastião concluiu que a água fornecida à população de Tete através da rede pública, gerida pelo Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG), contém substâncias químicas, incluindo metais pesados. Segundo o investigador, a água é sujeita a um "fraco tratamento", o que coloca em risco a saúde pública.

"A diarreia ataca a todos, a disenteria ataca a todos, a cólera também é um facto. Um dos fatores para que todas estas doenças existam é a qualidade da água que se consome aqui e não só", disse Paulo Sebastião à DW.

De acordo com o investigador, as substâncias detetadas na água podem provocar alterações do comportamento como "agressividade, falta de concentração, perda de memória e distúrbios mentais", indicou.

Zonas contaminadas

O estudo salienta que os poços onde a água da rede pública é captada estão localizados em zonas contaminadas por bactérias fecais, bem como em áreas onde a prática da agricultura com recurso a adubos químicos e deposição de resíduos sólidos é recorrente.

Água contaminada por bactérias fecais pode provocar cólera, doença que pode ser fatalFoto: DW/S. Lutxeque

"Muitas vezes tem saído água com problemas, até nos cria dores de barriga, e o exemplo claro é o do meu filho na semana passada", afirma um cidadão local que não se quis identificar.

FIPAG admite problemas

Adelson Manuel, diretor do FIPAG na área operacional de Tete, afirma que a água fornecida e consumida é de "boa qualidade". Mas não descarta a possibilidade de que chegue ao consumidor contendo partículas de ferro e carvão, recursos abundantes nesta região.

"Provavelmente podem passar algumas partículas minúsculas ao nível da rede, que se vão sedimentar e criar essas situações", admitiu.

Alguns poços de captação de água em Tete estão localizados em áreas onde é praticada agricultura com recurso a químicosFoto: Bernardo Jequete/DW

Para o investigador Paulo Sebastião, o Estado deve encontrar soluções e fazer "um investimento que resolva esta preocupação". "Colocar equipamentos adequados, adquirir produtos químicos que obedeçam a todas as fases para eliminar essas incongruências e trazer um produto com padrões de qualidade aceitável segundo a norma internacional", enumerou.

"Dentro das nossas pesquisas fomos ver que a semente da moringa iria ajudar. Em cada 20 litros [de água], triturando três sementes de moringa resolve o problema", sugeriu.

Outro ponto que deixa a população insatisfeita é o facto de a água não jorrar nas torneiras em vários bairros da cidade de Tete.

"Temos torneiras e pagamos a fatura, mas estamos sem água há três meses", salientou o cidadão ouvido pela DW.

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