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Moçambique: 20 mil pessoas sem posto de saúde na Zambézia

21 de março de 2022

Habitantes das localidades de Mirremene e Cerâmica têm de percorrer até 20 quilómetros para terem assistência médica. Autoridades dizem que não há condições para construir uma unidade sanitária.

Mosambik Mirremene
Foto: Marcelino Mueia/DW

"Ao sofrimento habitua-se, mas com a saúde não se brinca". É o que dizem residentes do povoado de Mirremene, que percorrem 15 ou 20 quilómetros para terem assistência hospitalar em Quelimane ou em Namacata, no distrito de Nicoadala, província central da Zambézia.

O régulo comunitário de Mirremene, Benjamim Salé, diz que os habitantes estão a viver uma situação dramática. "Isto aqui é tipo uma ilha, quando alguém está doente temos de recorrer a Namacata ou a Nicoadala", lamenta.

"Quando temos mulheres grávidas é um problema muito sério", acrescenta.

O problema, segundo o régulo, já foi comunicado às autoridades: "Em muitos encontros que tivemos ao nível da estrutura da localidade, do posto, do distrito e da província reportámos esta situação por escrito e oralmente".

Partos à moda antiga

A mesma situação é vivida na região de Cerâmica. Além da falta de assistência básica, também não há uma maternidade. Os partos ocorrem nas casas de parteiras tradicionais.

Algumas andam de casa em casa para assistir às mulheres que precisam de ajuda no parto.  "O trabalho do parto é muito complicado. Eu não cobro nada, depois de atender as parturientes, mando-as para o hospital", explica a parteira tradicional Virgínia Ronda.

Virínia ronda, parteira tradicional.Foto: Marcelino Mueia/DW

Segundo Benjamim Salé, já houve uma iniciativa local para construir um posto de saúde em Mirremene. No entanto, não teve o apoio das autoridades.

"Em 2007 tivemos um posto de saúde. Fomos comprar ferros e construímos uma casa para pelo menos termos um agente que pudesse assistir em caso de urgência. Funcionou só dois meses, disseram-nos que não podem alocar medicamentos numa casa de matope [tijolos de barro], segundo a informação das autoridades de saúde", explica Salé.

Em Cerâmica não se pode construir um posto

A diretora distrital de Saúde de Nicoadala, Eufémia Rafael, diz que as autoridades não vão construir uma unidade sanitária na região porque as referidas localidades não fazem parte de critérios de seleção.

"Os residentes da Cerâmica recebem assistência no centro de saúde de Namacata, em Dhomela. Para termos um centro de saúde temos de suportar alguns metros que estão no critério de seleção de construção de centros de saúde. Cerâmica não está no critério", explica a diretora.

A população clama pela construção de um posto de saúde para minimizar o sofrimento.

"Em tempo de eleição choram por nós. Eles não nos atendem, só se for tempo de propaganda eleitoral para receberem votos. O Governo aqui não repara em nós, nem parece que somos filhos deles", queixa-se uma cidadã.

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