Pelo menos 30 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas intensas que caem desde quarta-feira (08.02). Cerca de quatro mil habitações ficaram total ou parcialmente inundadas. Chuvas fortes previstas nas próximas 24 horas.
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Na cidade de Maputo, a DW África testemunhou na manhã deste sábado (11.02) várias residências inundadas e famílias em desespero. Dulce Chambe, residente no bairro de Chiango, tenta retirar água dentro da sua residência. "Estamos a fazer este trabalho desde a madrugada. Mas a chuva não para de cair, por isso está a ser difícil", lamenta.
No bairro vizinho da Costa do Sol, encontrámos Jorge Aurélio com uma pá, sacos e balde, junto da família e vizinhos. Todos tentavam colocar barreiras para evitar a entrada de águas no seu quintal. "Mas está a ser difícil porque a água é muita e não consigo impedir a sua entrada", admitiu.
Milhares de habitações inundadas
O país está no auge da época chuvosa. O Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD) anunciou este sábado (11.02) que na Província de Maputo 30 mil pessoas estão afetadas pelas chuvas intensas que caem desde madrugada de quarta-feira (08.02).
Segundo o INGD, pelo menos quatro mil habitações ficaram total ou parcialmente inundadas e três escolas foram seriamente afetadas pelas chuvas. O número de mortes continua em quatro na cidade e província de Maputo.
A presidente do INGD, Luísa Meque, anunciou a criação de "cinco centros de acomodação que estão a acolher as pessoas resgatadas". O INGD avançou ainda a existência de uma equipa cuja tarefa é "criar condições básicas para poder receber mais pessoas das diferentes zonas".
Operações de resgate decorrem no distrito de Boane, o mais afetado na província de Maputo. Só na manhã deste sábado foram resgatadas "mais de 50 pessoas que se encontravam sitiadas, maioritariamente crianças", segundo disse a secretária de Estado da província de Maputo, Judite Mussacula.
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Vias de acesso e pontes inundadas
Alberto Silva, residente no distrito de Boane, conta que as vias de acesso à zona estão cortadas. A ponte conhecida por "Mazambanine", que liga o distrito à localidade de Mahubo-25, está inundada e a travessia é feita com ajuda de pequenas embarcações das Forças Armadas moçambicanas.
Os níveis das águas do rio Umbeluzi subiram e inundaram diversas residências na sequência das fortes chuvas e descargas na barragem dos pequenos Libombos.
No rio Inkomati, há igualmente inundações e cheias resultantes das descargas nas barragens da vizinha África do Sul que estão a afetar os distritos da Moamba e Magude.
Autoridades da Ara-Sul apelaram entretanto às populações que vivem nas zonas ribeirinhas para abandonarem os locais e procurarem zonas seguras.
O Instituto Nacional de Meteorologia anuncia mais chuvas fortes e ventos com rajadas e trovoadas nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, no sul, e Manica e Sofala no centro nas próximas 24 horas.
Estragos causados pelas fortes chuvas em Maputo
As chuvas que caíram ao longo da semana passada criaram enchentes nos arredores da capital, alagaram residências e impediram a transitabilidade. Sempre que chove, os moradores têm de se reinventar.
Foto: Romeu da Silva/DW
Residências debaixo de água
As chuvas que caíram ao longo da semana passada criaram enchentes nos arredores da capital moçambicana, alagaram residências e impediram a transitabilidade nas vias. Sempre que chove, os moradores têm de se reinventar enquanto as promessas de melhorias de saneamento não saem das gavetas. As famílias que viram as suas casas serem tomadas pela água das chuvas aguardam a melhoria das condições.
Foto: Romeu da Silva/DW
Formação de "lagoas"
Esta "lagoa" no bairro Costa do Sol foi aumentada pelas últimas chuvas. Antes, como contam os moradores, era possível atravessar a área sem qualquer problemas. No entanto, as chuvas da semana passada criaram cenários em que, para chegar ao outro lado, é preciso dar uma volta de cerca de 30 a 40 minutos.
Foto: Romeu da Silva/DW
Bairro da Liberdade é o mais afetado
Na cidade da Matola, o bairro mais afetado pelas chuvas é o da Liberdade, nos arredores da capital industrial. Os moradores dizem que esta rua aos poucos foi desaparecendo, porque em certas ocasiões "parece um rio", impedindo a passagem de pessoas e viaturas.
Foto: Romeu da Silva/DW
Grandes áreas alagadas
Os bairros suburbanos são os mais afetados pelas intensas chuvas que caem desde outubro passado. Esta imagem mostra uma imensa área alagada pelas últimas chuvas. Além de dificultar a circulação de pessoas, oferece risco de acidente a quem tentar caminhar pela área sem saber o que se encontra sob a água.
Foto: Romeu da Silva/DW
Risco para as crianças
Algumas crianças frequentemente encontravam neste espaço uma "piscina". Os moradores contam que algumas crianças podiam ter morrido, não fosse a pronta intervenção para as socorrer. É uma baixa do bairro Ferroviário mais a norte da capital Maputo. Quando chove, toda a água se deposita nesta área. A água baixou, mas uma grande poça de água ainda permanece.
Foto: Romeu da Silva/DW
Vias alagadas
As vias de acesso são outro crónico problema nos arredores de Maputo. Quando chove, os residentes do bairro Ferroviário têm de dar uma volta de cerca de 30 minutos para encontrar uma rua pavimentada. Em condições normais, levam apenas cinco minutos.
Foto: Romeu da Silva/DW
Moradores tentam impedir crateras
Os residentes do bairro da Polana Caniço, que faz fronteira com a cidade cimento, colocaram vários objetos para impedir que as águas das chuvas criem crateras. As correntes de água conseguiram remover a areia, deixando exposto o material plástico que as comunidades colocaram para tentar impedir a formação de crateras.
Foto: Romeu da Silva/DW
Mobilidade difícil
O Município de Maputo fez várias promessas para a requalificação de alguns bairros. É o caso deste, Maxaquene, mais a sul da fronteira com a cidade de cimento. De promessa a promessa os moradores vão arranjando as suas soluções. Muitas vezes as fortes quedas de água deixam pessoas desalojadas e já houve situações em que o fornecimento de água foi interrompido.
Foto: Romeu da Silva/DW
Mais crateras
No bairro de Hulene, também nos subúrbios de Maputo, as últimas chuvas criaram esta cratera mesmo depois da colocação de barreias para impedir o desabamento de casas. As comunidades relatam que esta rua estava transitável há bem pouco tempo. A criação de crateras é um problema frequente nos bairros que são afetados pelas chuvas.
Foto: Romeu da Silva/DW
Casas são abandonadas
O Município da Matola já fez diversas promessas de criar condições de saneamento para evitar as crónicas enchentes no bairro da Liberdade. Desde o ano 2000 que o bairro não escapa à fúria das águas e até este momento a administração municipal não resolveu o problema. Muitos moradores optaram por abandonar as suas casas.
Foto: Romeu da Silva/DW
Chuvas intensas
Quando chove, os moradores de Maputo e arredores perdem o sono. Sabem que, dependendo da intensidade da chuva, os estragos são garantidos. Sonham com o dia em que haverá um sistema de escoamento adequado e não terão de temer quando a chuva cair.