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Moçambique: "A CNE não tem nenhuma credibilidade"

Silaide Mutemba (Maputo)
6 de dezembro de 2023

Comissão Nacional de Eleições de Moçambique assegura que tomará medidas para garantir a integridade e transparência das eleições de domingo. Edson Cortez, do Consórcio Eleitoral "Mais Integridade", duvida.

Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique e Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE)
Foto: Amós Fernando/DW

O porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Paulo Cuinica, referiu hoje que está em curso o recrutamento de novos membros das mesas de voto, para assegurar a imparcialidade e eficiência na condução do pleito de domingo (10.12), em quatro autarquias.

Segundo Cuinica, todas as pessoas que estiveram envolvidas em ilícitos eleitorais nas autárquicas de 11 de outubro não participarão na repetição das votações.

"Neste momento, há um processo em andamento para apurar as responsabilidades em relação ao que aconteceu durante a eleição no dia 11, e isso resultará no afastamento daqueles que participaram em ilícitos eleitorais", disse.

O porta-voz da CNE garantiu ainda que correm processos legais para punir criminalmente ou disciplinarmente todos os envolvidos em comportamentos ilícitos durante a eleição anterior.

Porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, Paulo CuinicaFoto: R. da Silva/DW

CNE "sem credibilidade"

As ações anunciadas pela CNE acontecem depois de o Consórcio Eleitoral "Mais Integridade" emitir um comunicado instando os órgãos centrais de administração eleitoral a afastarem as autoridades eleitorais locais dos quatro distritos afetados.

O presidente do consórcio, Edson Cortez, diz que, no cenário atual - depois de múltiplas denúncias de fraude eleitoral e da alteração de alguns resultados pelo Conselho Constitucional - a CNE é vista como pouco séria.

"Eu acho que a CNE não tem nenhuma credibilidade, neste momento, para dizer o que quer que seja", afirmou Cortez.

Edson Cortez: "A CNE não tem nenhuma credibilidade"Foto: Romeu da Silva/DW

O professor universitário e analista político Gil Lauriciano tem uma visão mais otimista. Ele acredita que a decisão contribuirá para melhorar a imagem pública da CNE, afirmando que "não faria sentido que pessoas que foram flagradas ou de que haja provas que prejudicaram o processo apareçam novamente envolvidas na votação nos quatro distritos".

Ainda assim, Lauriciano alerta para a necessidade de uma votação que não arraste as autarquias para a violência e enfatiza: "Precisamos de instituições com pessoas fortes, com capacidade de análise e integridade, acima de tudo".

Votação mesmo após incêndio

A CNE garantiu, entretanto, que estão criadas todas as condições logísticas para a repetição parcial das eleições autárquicas este domingo em algumas mesas de Nacala-Porto, Milange, Gurué e em todas as mesas da vila de Marromeu.

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12:12

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O porta-voz, confirmou que houve um incêndio numa das mesas de voto em Nacala-Porto, mas garantiu que este evento não afetará o escrutínio.

"Só houve uma sala sabotada, que está em condições de acolher a votação no dia 10.12. Vamos limpar a fumaça e depois colocar todo material necessário para fazer a votação", adiantou Paulo Cuinica.

A RENAMO em Nacala-Porto anunciou ontem publicamente que não vai participar do pleito de domingo. A liderança do partido em Maputo assegurou, no entanto, que vai participar nas eleições em todas as autarquias.

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