Moçambique a postos para as quartas eleições autárquicas
19 de novembro de 2013 O material de voto já está nas províncias há mais de uma semana e foi entretanto redistribuído pelas autarquias. Felisberto Naife, diretor-geral do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), frisa que está tudo a postos para o sufrágio.
"Os materiais eleitorais já estão nas autarquias e os membros das assembleias de votos já estão formados e prestes a serem colocados horas antes nas respetivas mesas de votação", afirmou Feliberto Naife, acrescentando que as eleições vão decorrer em todos os municípios, mesmo na Gorongosa.
A opinião é partilhada por Adérito Caldeira, diretor-geral adjunto do jornal A Verdade, parceiro da DW África, que deixa, contudo, em aberto a questão da Gorongosa.
"O único município em que poderá haver algum tipo de alteração da ordem é na Gorongosa. É dos municípios mais pequenos, tem poucos postos de votação, portanto não é um município muito relevante dentro do espectro político", descreve.
Campanha marcada por incidentes menos graves
A campanha eleitoral terminou no domingo (17.11) e Adérito Caldeira salienta como positivo o facto de os partidos terem apostado em manifestos "realistas", apesar dos confrontos entre simpatizantes que perturbaram o bom funcionamento da campanha. Entre os aspetos mais negativos, Adérito Caldeira salienta a partidarização da polícia.
"Alguns simpatizantes do MDM foram detidos e julgados com uma rapidez incrível, mas não há nenhum simpatizante da FRELIMO detido ou que tenha ido a uma esquadra da polícia prestar declarações, portanto fica claro que o partido tem preferências", conclui.
Por outro lado, Fernando Mazanga, porta-voz da RENAMO, garantiu ao boletim diário do investigador Joseph Hanlon que o partido não tem a intenção de perturbar as eleições de quarta-feira. Porém, o militante frisa que a RENAMO não vai aceitar os resultados das mesmas.
Cidadãos como observadores ativos
O jornal A Verdade mantém uma campanha designada “Todos Somos Observadores das Eleições” que visa envolver a sociedade civil moçambicana no bom desenrolar do sufrágio.
"Pedimos aos cidadãos, a quem chamamos cidadãos-repórter, para que quando forem votar, reportem o que virem", explica. "Há problemas que normalmente acontecem no dia da votação, como as assembleias abrirem tarde, haver demora para votar, haver algum tipo de situação envolvendo polícias", exemplifica.
Entretanto, a missão de observação do Electoral Institute for Sustainable Democracy in Africa (EISA) concluiu esta quarta-feira num relatório que a campanha eleitoral para as municipais de quarta-feira em Moçambique decorreu, "de maneira geral, de forma pacífica e ordeira".
A organização, baseada em Joanesburgo, África do Sul, tem uma missão de cinco elementos destacada em Moçambique e detetou como "problemas mais frequentes" a destruição de material de campanha, assim como o uso de viaturas do Estado pelos partidos. Numa pequena nota enviada às agências e jornais, a missão conclui que o tempo de antena gratuito foi integralmente respeitado, apesar da cobertura da campanha nos órgãos de comunicação ter fugido ao princípio do equilíbrio.
O porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, João Beirão, também garantiu na segunda-feira em conferência de imprensa estarem criadas condições para o pleito nas 53 autarquias seguidas de perto por 269 observadores eleitorais. O presidente da Comissão Provincial de Eleições da Cidade de Maputo, Víctor Miguel, confirma e assegura que o escrutínio foi "super bem preparado".