Moçambique: Abastecimento de água será restringido em Maputo
Lusa | kg
9 de novembro de 2019
Autoridades alertam que escassez de chuvas vão tornar inevitável a restrição do abastecimento de água à capital moçambicana e outras zonas do sul de Moçambique. Maioria dos reservatórios têm apenas 25% da capacidade.
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As autoridades moçambicanas deverão restringir o abastecimento de água à capital do país, Maputo, e a outras zonas do sul de Moçambique nos próximos meses. O motivo é a falta de chuva.
A medida "é inevitável se o comportamento hidrometeorológico prevalecer", disse Agostinho Vilanculos, chefe do departamento de Gestão de Bacias Hidrográficas, no Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH), em entrevista à agência de notícias Lusa.
Quelimane: Famílias sem água potável
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A água está em níveis muito baixos nas albufeiras dos Pequenos Libombos, Corumana e Massingir, todas no sul do país. No caso dos Pequenos Libombos, que abastece diretamente Maputo, os reservatórios estão a 24% da capacidade, enquanto Corumana, fonte alternativa, está a 26%.
O cenário de abastecimento sem limitações às cidades de Maputo, Matola e Boane deverá mudar. Caso contrário, "poderemos ficar numa situação muito difícil", referiu Agostinho Vilanculos.
"No final de dezembro temos de nos sentar, porque as previsões indicam que em janeiro e fevereiro teremos chuvas normais ou abaixo do normal", disse.
Escassez de chuva crónica
A escassez de chuva é cada vez mais um cenário crónico no sul de Moçambique, com as restrições ao abastecimento apenas algumas horas por dia ou em dias alternados a serem habituais nos últimos anos.
A barragem de Corumana é o retrato da escassez. A barragem, que passa por obras, está a operar quase sempre a cerca de 25% da capacidade devido a anos consecutivos de seca desde 2012.
Há cinco bacias hidrográficas na zona sul, mas apenas uma, de Umbeluzi (com os Pequenos Libombos) abastece a cidade de Maputo, sendo que a barragem de Corumana aloca água para Xinavane e Marragra, funcionando como fonte alternativa para a cidade de Maputo.
Agostinho Vilanculos defendeu que deve ser retomado o projeto da barragem de Moamba-Major, por ser a alternativa mais viável para abastecimento de água na região da cidade de Maputo, Matola e Boane.
Feridas do ciclone Kenneth não cicatrizaram, seis meses depois
O ciclone Kenneth devastou o norte de Moçambique, em abril. 45 pessoas morreram e 250 mil foram afetadas pelo ciclone. Seis meses depois, muito já foi feito, mas muito continua por fazer na província de Cabo Delgado.
Foto: Reuters/OCHA/Saviano Abreu
Salas de aula por reconstruir
Mais de 500 salas de aula ficaram destruídas depois da passagem do ciclone Kenneth. Com apoio financeiro, recuperaram-se cerca de 100 salas. Em alguns casos, foram alocadas tendas às escolas destruídas para permitir o decurso das aulas. Entretanto, há várias escolas por reconstruir. Um exemplo é esta escola primária na Ilha das Quirimbas, distrito do Ibo, cuja cobertura foi arrasada.
Foto: DW
"Comida pelo trabalho"
O Programa Alimentar Mundial (PAM) em Cabo Delgado, chefiado por Enrique Alvarez, continua a prestar assistência alimentar às famílias afetadas pelo ciclone. Em agosto, iniciou uma nova etapa de reconstrução, denominada "Comida pelo trabalho", onde cerca 70 mil pessoas beneficiarão de apoio alimentar ou material de construção, mediante a prestação de trabalhos na comunidade.
Foto: DW
Setor da pesca atingido
O ciclone Kenneth destruiu ou danificou muitos barcos de pesca artesanal, e a atividade piscatória ficou paralisada. O motor deste barco ficou avariado com o ciclone e o proprietário e os seus sete trabalhadores viram-se obrigados a paralisar a atividade durante cinco meses.
Foto: DW/D. Anacleto
Lonas para cobrir as casas
Várias habitações devastadas pelo mau tempo em Cabo Delgado continuam por reabilitar. O Governo ofereceu tendas às famílias que tiveram as casas totalmente destruídas. Para muitas casas onde só o tecto ficou destruído, foram oferecidas lonas.
Foto: DW/D. Anacleto
A longa espera pelo reassentamento
Na cidade de Pemba, depois da passagem do ciclone, em abril, cerca de 300 famílias que tiveram as suas habitações destruídas foram levadas para o centro de trânsito do bairro de Chuiba. Aguardam aqui a distribuição de terrenos para recomeçar uma nova vida. "Ainda não há sinal de luz verde", lamentam estes cidadãos.
Foto: DW
Sistema de drenagem obstruído
Em abril, as chuvas intensas que se fizeram sentir em Pemba durante a passagem do Kenneth alagaram os bairros de Natite, Josina Machel, Eduardo Mondlane e Paquitequite. Uma das causas para o fenómeno terá sido o deficiente sistema de drenagem, que estava obstruído. O edil de Pemba, Florete Simba Motarua, promete melhorá-lo.
Foto: DW
Família pede ajuda
Uma das casas da família de Fernando Fernandes foi destruída pelo ciclone. Com um agregado numeroso, os membros têm de partilhar o pequeno espaço na residência principal. Fernandes renova o pedido de apoio a pessoas de boa-fé: "Se eles realmente sentem pelo desastre que o povo sofreu, que venham dar um apoio, não digo financeiro, mas material, como ferros ou cimento…"
Foto: DW
Lixeira municipal foi transferida
A lixeira municipal de Pemba, que há 60 anos ficava na unidade residencial de Chibuabuare, no centro da cidade, está agora a 22 quilómetros da zona urbana. A lixeira terá soterrado seis pessoas durante a passagem do ciclone Kenneth, em abril passado.
Foto: DW/D. Anacleto
União Europeia apoia reconstrução
A União Europeia ofereceu 3,5 milhões de euros para apoiar a reconstrução da autarquia de Pemba, através de um programa denominado "Mais Pemba". O programa de apoio inclui a melhoria das vias de acesso destruídas, requalificação dos espaços públicos e a limpeza da cidade. A maior parte das estradas danificadas pelo Kenneth em Pemba já foi reconstruída.