Moçambique: Acidente da Manhiça traz críticas à ribalta
5 de julho de 2021Vários círculos sociais em Moçambique têm estado a criticar a falta de manutenção e o mau estado das principais vias de acesso que tem provocado acidentes fatais. As estradas, sobretudo a EN1 que liga o país de norte ao sul, estão esburacadas e são muito estreitas para o tráfego intenso. Por isso, a Ordem dos Engenheiros de Moçambique sugere uma intervenção de vulto nas estradas.
O bastonário Ibrahimo Remane afirma que "por causa do número de buracos que elas apresentam há carros que fogem da sua faixa para poder desviar dos mesmos”.
E acrescenta que "há trocos que são razoáveis, mas há outros que estão em péssimas condições principalmente na zona de Zandamela [sul de Inhambane], mas é preciso que haja verbas para isso”.
Duras sanções contra infratores
O engenheiro Remane, que falava ao canal privado STV, critica igualmente a indisciplina dos motoristas que desrespeitam as regras elementares de trânsito e sugere "duras sanções” contra os infratores.
"Há ultrapassagens nas zonas de limite de 60 km e eles vão a 80, 100, e 120 e, como sabem, não há nenhuma responsabilização", denuncia para depois sugerir: "Se controlarem o limite máximo, neste caso 100 km por hora, caso um transportador semi-coletivo de passageiros ultrapasse este limite devia ser severamente punido para não acontecerem acidentes iguais”.
Já o analista Tomás Vieira Mário entende que há estradas em Moçambique por onde já nem devia circular se quer uma viatura.
"Muitas vias que nós usamos, mesmo na EN1, há troços perigosíssimos, é uma estrada que é vital e onde corre o sangue moçambicano, isto é um fato, as rodovias não estão em condições durante muito tempo.”
Banimento da Nhancale?
As críticas surgem depois de um acidente violento, no último sábado (03.07), que ceifou a vida a 32 pessoas e causou ferimentos a outras mais de 20 na estrada nacional número um (EN1), no distrito da Manhiça, província de Maputo, sul do país. O acidente envolveu um autocarro na Empresa Transportes Nhancale, que foi banida em 2017 por ter se envolvido num outro sinistro que matou 17 pessoas na província de Inhambane.
O ministro dos Transportes e Comunicações, Janfar Buana, quer que sejam apuradas as causas do acidente para se decidir sobre o banimento da transportadora.
"Tivemos aí camiões envolvidos que também têm os seus proprietários, portanto, é preciso apurar todas essas causas para tomar uma decisão”, disse.