Acusações de fraude na repetição das autárquicas em Marromeu
Arcénio Sebastião (Beira)
23 de novembro de 2018
Na repetição das autárquicas desta quinta-feira (22.11.) em Marromeu a FRELIMO venceu, segundo a CNE. Mas a RENAMO e observadores da sociedade civil denunciam fraude e dão a vitória ao maior partido da oposição.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Publicidade
A Comissão Distrital de Eleições de Marromeu, província central de Sofala, divulgou na tarde desta sexta-feira (23.11.) os resultados finais da eleição desta quinta-feira (22.11.) no conselho autárquico. E os dados voltam a confirmar a vitória da FRELIMO, o partido no poder.
Segundo a Comissão, somando-se os votos das oito mesas onde se repetiram as eleições às restantes já validadas pelo Conselho Constitucional depois das autárquicas de 10 de outubro, a FRELIMO sai vencedora com mais de 9 mil e 100 votos – o equivalente a 48,1%.
Já a RENAMO, o maior partido da oposição, surge em segundo lugar na globalidade, com 8 mil 371 votos – 44,4%. O MDM não chegou aos 8% dos votos. Patrício Moreira da Silva, presidente da comissão distrital de eleições, confirma os votos desta quinta-feira (22.11.): "FRELIMO 9100 votos, MDM 1493 e a RENAMO 8371."
RENAMO descontente
Acusações de fraude na repetição das autárquicas em Marromeu
This browser does not support the audio element.
Os resultados são, no entanto, contestados pela RENAMO. A sua contagem paralela coloca a maior força da oposição na dianteira. O mandatário da RENAMO, diz que a situação é uma falta de respeito para com o povo que votou no partido.
O partido da perdiz garante que não vai recorrer à violência para reivindicar, mas não deixa de assinalar a desilusão: "Nós queremos a paz. O grupo de contato tem um grande papel para prevenir os conflitos, pensamos nós que contactando esses senhores para se repôr a verdade estariam a evitar que tudo de mal aconteça. Queremos que o povo viva em paz, não podemos andar em conflito de eleição em eleição. Do nosso lado estamos comprometidos com a paz."
O grupo de observadores Solidariedade Moçambique também dá vantagem à RENAMO. Afirma que o partido obteve quase mil e 800 votos na segunda volta contra os cerca de 800 da FRELIMO.
Pontos negativos
Eleitores de Marromeu, província de SofalaFoto: DW/A. Sebastião
Entretanto, os delegados de lista provenientes dos partidos de oposição não puderam assinar nenhum edital, devido às escaramuças que se registaram após a contagem e apuramento na última eleição de 22 de Novembro.
Julio Paulino é observador da Solidariedade de Moçambique: "Tivemos um total de 5904 inscritos, destes os votos 2924, a FRELIMO teve 791, o MDM 74 e a RENAMO 1798."
A eleição desta quinta-feira (22.11.) ficou marcada pela violência, com agressões contra jornalistas e observadores e também por detenções de apoiantes da FRELIMO, que teriam mais de um cartão de eleitor ou cartões falsos.
Enquanto se aguarda a publicação dos resultados finais, corre um processo-crime movido pela RENAMO no comando distrital da Polícia. O caso está relacionado com a desobediência de oito presidentes de mesa de votos que não quiseram dar as folhas de reclamação aos delegados de lista para reclamar a mudança de número nos editais fixados nas Escola 25 de Junho, na vila de Marromeu.
Autárquicas: Quem venceu nas principais cidades de Moçambique
Os resultados eleitorais das eleições autárquicas moçambicanas dão a vitória ao partido no poder em 44 municípios. A RENAMO, a principal força da oposição, venceu em sete autarquias. O MDM conquistou apenas a Beira.
Foto: DW/S. Lutxeque
Eneas Comiche, edil da capital entre 2004 e 2008, venceu em Maputo
Segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) saiu como grande vencedora em Maputo com 56,95% dos votos, contra os 36,43% da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a terceira força política mais votada com 5,13%.
Foto: DW/R. da Silva
Com margem estreita, Calisto Cossa conquista segundo mandato na Matola
No município da Matola, a FRELIMO foi considerada vencedora com 48,05% dos votos, contra os 47,28% da RENAMO, uma diferença inferior a um ponto percentual. A vitória da FRELIMO foi, no entanto, contestada pela oposição. Membros da Comissão Distrital de Eleições disseram mesmo que houve fraude eleitoral.
Foto: DW/Leonel Matias
Emídio Xavier, da FRELIMO, eleito pelo município de Xai-Xai
Na província de Gaza, concretamente na cidade de Xai-Xai, a FRELIMO venceu com 81,21% dos votos contra apenas 12,36% da RENAMO. Em 134 mesas, Xai-Xai registou 53,90% de votos válidos e uma abstenção de 43,86%.
Foto: DW/C. Matsinhe
Benedito Guimino, da FRELIMO, reeleito em Inhambane
Na cidade de Inhambane, capital provincial, a FRELIMO arrasou com 79,50% contra os 15,55% da RENAMO. Sobraram apenas 4,95% para o MDM. Inhambane contou com 65 mesas de voto e uma abstenção de 35,14%.
Foto: DW/L. da Conceição
Daviz Simango, líder do MDM, mantém-se na Beira
Na cidade da Beira, província de Sofala, o MDM conseguiu a única vitória neste sufrágio. A terceira força parlamentar arrecadou 45,77% dos votos. Em segundo lugar, ficou a FRELIMO com 29,26%. Em terceiro, surge a RENAMO com 24,57%. Neste município registou-se uma abstenção de 36,65%.
Foto: DW/A. Sebastiao
João Ferreira foi aposta da FRELIMO na cidade de Chimoio
Em Chimoio, província de Manica, a FRELIMO obteve maioria absoluta com 52,51% da votação. A RENAMO garantiu 44,51% dos votos válidos. Nesta cidade do centro do país havia 220 mesas e, curiosamente, não foram contabilizados quaisquer votos nulos ou brancos.
Foto: DW/M. Muéia
Manuel de Araújo reeleito em Quelimane - desta vez pela RENAMO
Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, a RENAMO venceu com 59,17% da votação contra os 36,09% arrecados pelo partido no poder, a FRELIMO. Quelimane com 168 mesas de votos registou uma taxa de abstenção de 34,72%. Do total de votos, 61,39% foram considerados válidos.
Foto: picture-alliance/dpa
César de Carvalho volta à edilidade de Tete, que liderou entre 2004 e 2013
Na província de Tete, na cidade com o mesmo nome, a FRELIMO levou a melhor com 54,49% contra os 43,02% da RENAMO, num universo de 57,04% votos considerados válidos. Nesta província do Centro Norte de Moçambique havia 184 mesas de voto.
Foto: DW/A.Zacarias
RENAMO vence em Nampula com atual edil Paulo Vahanle
Em Nampula, a RENAMO obteve mais votos do que o partido no poder. 59,42% dos munícipes votaram no principal partido da oposição, contra os 32,20% que votaram na FRELIMO. O MDM surge em terceiro com 6,23%. Nesta cidade contabilizaram-se 196.230 votos válidos, o que corresponde a 57,30% do total da votação. Em Nampula havia 456 mesas de voto.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO vence no município de Lichinga
Na cidade de Lichinga, na província do Niassa, a FRELIMO ganhou com 51,93% contra os 45,19% da RENAMO. O MDM garantiu o terceiro posto com apenas 2,88%. A abstenção situou-se nos 41,91%.
Foto: DW/M. David
Em Pemba, venceu Florete Simba Motarua da FRELIMO
Na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, a vitória foi alcançada pela FRELIMO que arrecadou 54,21% dos votos. A RENAMO não foi além dos 39,01%. Pemba com 134 mesas de votos contabilizou 56,23% de votos válidos. A taxa de abstenção nesta cidade nortenha foi de 40,87%.