As autoridades na província da Zambézia estão cada vez mais preocupadas com o consumo e o tráfico de drogas. Falam num aumento da produção de cannabis, facto que relacionam com a legalização da droga no vizinho Malawi.
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Todas as semanas há relatos de apreensões e detenções por consumo de drogas na província da Zambézia. A droga mais consumida e apreendida pelas autoridades é a cannabis, localmente conhecida por suruma, segundo o porta-voz da polícia na província central da Zambézia Sidner Lonzo. "Nós já registamos a apreensão de largas quantidades de cannabis principalmente nos distritos de Morrumbala e Mulambo”.
As autoridades não estão preocupadas apenas com o aumento do tráfico de drogas na Zambézia. Também estão preocupadas porque os traficantes e os consumidores são adolescentes e jovens maioritariamente com idades entre os 14 e os 28 anos.
Envolvimento de jovens no tráfico preocupa autoridades
Esta semana, duas jovens foram detidas por alegado envolvimento no tráfico de drogas. Miguel Caetano, chefe de relações públicas da Polícia da República de Moçambique (PRM), revela que "a segunda cidadã envolvida neste caso,estava na posse de 17 embrulhos de haxixe. Tinha também duas agulhas, seringas e algumas laminas, instrumentos esses que serviam para ministrar a droga.”
A polícia da Zambézia diz que a produção de cannabis está a aumentar muito nos distritos de Mulumbo, Milange e Morrumbala, na fronteira com o Malawi. No ano passado, o país vizinho aprovou uma lei que permite a livre circulação e comercialização de cannabis. E a população começou a cultivar enormes quantidades para comercializar, explicou Sidner Lonzo.
Jovens consumidores desistem do tratamento
Uma solução para Lonzo seria "fazer um trabalho extremamente apurado para desmantelar mais focos de plantio de cannabis". E acrescenta: "Há necessidade de fortalecer os laços com todas autoridades que trabalham na linha de frente para combater este tráfico de drogas. Afinal, quando estas drogas entram aqui no nosso país são consumidas por adolescentes e jovens, o que também contribui em grande medida para a delinquência juvenil."
Segundo Mariamo Abubacar, psiquiatra do Hospital Geral de Quelimane, no início do ano foram atendidos vários jovens com alterações mentais por causa do consumo de drogas pesadas. Mas nem todos fazes os tratamentos até ao fim, lamenta a psiquiatra.
"Só o hospital (geral de Quelimane) atendeu 15 casos, sete de consumo de múltiplas drogas, por pacientes com idade entre 15 a 38 anos de idade. Consomem álcool, heroína, suruma e outras drogas. Eles não vêm pedir para deixar de consumir drogas. Chegam apresentando um quadro psicótico nos serviços de urgência e é para ver se os acalmamos. Muitos acabam desistindo do tratamento”, disse a médica à DW África.
Vítimas do ciclone Idai na Zambézia: A vida renasce no centro de reassentamento
No centro de reassentamento de Dugudiua, na província central da Zambézia, os desalojados refazem a vida. Constroem as suas próprias casas com o material distribuído pelo INGC. Até uma escola está a ser edificada.
Foto: DW/M. Mueia
A escola ficou mais longe
As crianças do centro de reassentamento de Dugudiua, na província central da Zambézia, ficaram sem escola na sequência do ciclone Idai. Algumas tiveram de se mudar para casas de familiares que vivem próximo da estrada, para ficarem mais perto da escola mais próxima. Mesmo assim percorrem longas distâncias para lá chegarem.
Foto: DW/M. Mueia
Faltam terrenos
O régulo ″Dugudiua” pede ajuda para a população reassentada. A maioria das famílias não tem casa e nem terreno. Os terrenos distribuídos pelas autoridades não são suficientes para as mais de 200 famílias carenciadas.
Foto: DW/M. Mueia
Terrenos agrícolas para habitação
A falta de terrenos para a habitação está a obrigar os desalojados a ocuparem alguns campos destinados a agricultura. Estão a ser ocupados de forma provisória, porque em breve as famílias serão retiradas do espaço, segundo relatam as vítimas das enchentes.
Foto: DW/M. Mueia
Já há mercado, mas...
Um comerciante convidou alguns amigos a instalar um pequeno mercado no centro de acomodação das vítimas das cheias no distrito de Nicoadala em Dugudiua. Madjembe, pende, e camarão, são os alimentos preferidos pelas famílias. Devido à falta de peixe fresco e dinheiro alguns fazem as refeições sem caril, o molho indispensável nas refeições de muitos moçambicanos. As verduras são a principal opção.
Foto: DW/M. Mueia
Lonas como cobertura
Nesta casa vivem sete pessoas, marido, mulher e filhos. Devido à falta de material para cobrir o teto as famílias recorrem a lonas ou coberturas plásticas oferecidas pelo
governo provincial da Zambézia.
Foto: DW/M. Mueia
Desalojados constroem escola
Um grupo de pais organizou-se para construir esta escola que vai lecionar da 1ª a 7ª
classe, porque desde fevereiro os filhos não estudam por falta de escola. A região onde se situa o centro de reassentamento, em Dugudiua, a escola terá apenas uma sala para as sete classes. A construção iniciou segunda feira (13.05.) e prevê-se que termine este final de semana.
Foto: DW/M. Mueia
Casa - modelo
As imensas dificuldades para aquisição de material de construção obrigam os desalojados a optarem pela construção de casas deste modelo, feita de paus e lonas. É a única forma de garantirem um teto.
Foto: DW/M. Mueia
Não há latrinas
Ativistas de saúde lamentam a falta de organização territorial. Isso dificulta a construção de latrinas. Até hoje as mais de duzentas famílias não têm latrinas e nem casas de banho, porque estão a ser movimentadas de um lado para o outro, não possuem um terreno fixo.
Foto: DW/M. Mueia
A água levou os documentos
Desde segunda-feira (13.05.), está em curso o registo civil dos habitantes do centro de acomodação de Dugudiua. Nenhuma das vítimas possui documentos de identificação. Os seus documentos desapareceram com as inundações.
Foto: DW/M. Mueia
Com as próprias mãos faz a sua casa
Jeremias Rui, pai de 4 filhos, diz que está empenhado na construção da sua casa que começou a ser edificada há duas semanas. Apesar da falta de material de construção, conseguiu receber lonas que cobrem o teto e a base da casa do INGC, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades. Antes, dormia ao ar livre porque ainda não tinha recebido um terreno do governo provincial.
Foto: DW/M. Mueia
Água não falta
É a única fonte de água no centro de reassentamento que abastece com o precioso líquido mais de 200 famílias. É um fontenário manual e suporta a demanda do centro. A água é usada para beber, tomar banho, lavar a roupa e a loiça.
Foto: DW/M. Mueia
Onde construir a casa?
Emilia Aguenta está empenhada na construção da sua casa, ao lado do seu marido. Tem cinco filhos e está abalada como as outras familias porque não sabe onde construir a sua casa. Por duas vezes foi alertada para sair do terreno por um grupo de técnicos topógrafos. Estes alegam que foi ocupado um espaço delimitado para uma rua, dentro do centro de reassentamento