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Educação

Moçambique: Adultos com vergonha de estudar com mulheres

30 de julho de 2018

Há moçambicanos que continuam com vergonha de frequentar as escolas para adultos juntamente com mulheres. É algo que acontece, por exemplo, na província de Inhambane. Governo tenta mudar esta mentalidade.

Mosambik - Lehrerstreik
Foto: DW/L. Conceição

Castigo Luís abandonou a escola por vergonha. Em criança, não estudou, e já em adulto teve a possibilidade de ir à escola, no âmbito de uma campanha de alfabetização.

Mas Castigo Luís diz que ficou embaraçado porque havia demasiadas mulheres na sala, que poderiam olhar para ele com maus olhos. "Vergonha existe. Como lá está cheio de mulheres, eu hei-de ficar envergonhado porque vão-me falar que este aqui não estudou, é burro e analfabeto", conta à DW África.

Por isso, Castigo Luís saiu e trabalha hoje como sapateiro nas ruas de Inhambane. Tem conhecimentos básicos de leitura e escrita, e afirma que prefere ficar a trabalhar para sustentar a família de três filhos do que voltar à escola.

Castigo Luís não é o único a ter vergonha. Em muitos distritos, há casos semelhantes. Ainda não há estatísticas sobre este tema em concreto, mas, ao olhar para o número de adultos a ter aulas nas escolas da cidade de Maxixe, fica-se já com uma ideia da possível dimensão do problema: dos cerca de 450 adultos alfabetizados este ano, só 40 são homens.

Moçambique: Adultos com vergonha de estudar com mulheres

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Contrariar o embaraço

Linda Sebastião andou na escola para adultos há alguns anos e não percebe por que é que os homens têm vergonha de estudar com as mulheres.

"Eles devem estudar com as mulheres, porque também são adultas e não podem ter vergonha. Estudar é normal para qualquer pessoa que não estudou no tempo em que era pequeno", considera.

Quando era novo, Benjamin Vilankulo também não pôde estudar, por causa da guerra. Foi à escola mais tarde, já em adulto, e aconselha outros homens a fazer o mesmo.

"Esses homens que não querem estudar é uma falha. Ter vergonha de quê?", questiona. Benjamim diz que "quem não sabe tem de ir aprender" e recorda que "antigamente, não era fácil para as pessoas estudarem, mesmo agora ainda há analfabetos jovens". Por isso, considera, se "a mulher está lá para estudar, os homens deviam fazer o mesmo para, pelo menos, conseguirem escrever, ler e aprender matemática".

O diretor dos serviços distritais de Educação na cidade de Maxixe, Aníbal Naife, reconhece que o problema da não participação dos homens no ensino para adultos é difícil. Mas assegura que o Governo está a trabalhar para mudar a situação.

"Estamos a trabalhar nas comunidades com os líderes comunitários, religiosos e todos os estratos sociais. Estamos a preparar feiras de sensibilização, para mostrar o lado positivo da pessoa alfabetizada. Acreditamos que, em 2019, vamos contar com mais homens na alfabetização", garante.

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