A Malica, no distrito moçambicano de Lichinga, Niassa, chegam produtos alimentares para os deslocados da guerra de Cabo Delgado. Também já estão em construção algumas casas para acolher dignamente os refugiados.
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As organizações não-governamentais United Purpose e Farma Mundi no Niassa estão a levar a cabo um projeto de construção de 48 casas com dois quartos e uma sala e a distribuir produtos alimentares e de higiene. Serão beneficiadas 237 pessoas.
Segundo o representante da United Purpose, Agostinho Cigarro, a construção de seis das várias residências planeadas no centro dos deslocados de guerra de Cabo Delgado em Malica decorre a bom ritmo.
Já foi adquirido material de construção, como zinco, barrotes, pregos de chapas e pregos normais para erguer o andaime, diz Cigarro e acrescenta: "Já começámos a distribuir a primeira parte dos produtos alimentares. Sábado ou domingo, havemos de vir para distribuir os produtos de higiene."
Refugiados não querem depender da ajuda
Os refugiados agradecem a assistência e enaltecem "a boa vontade que ainda existe" entre as pessoas na região. Martins Nkamate, um dos deslocados de Cabo Delgado, diz que fazem falta tanto os produtos alimentares como as casas em construção.
"Não estávamos à espera desta ajuda. Mas é muito bom estarmos a receber essa comida. É comida que vai nos durar até ao próximo mês ou mais."
O deslocado Pio Daniel também só tem palavras de agradecimento. "Estou a agradecer muito. Aqui estão a construir casas para nós vivermos. Também estamos a agradecer muito para terminarem as nossas casas para nós termos onde dormir”.
Agora, os deslocados de guerra pedem terras para a abertura de machambas. de modo a poderem produzir os seus próprios alimentos e deixarem de ser dependentes de apoios.
A vida dos latoeiros em Lichinga
A latoeria é uma profissão antiga em Moçambique. Apesar das novas tecnologias industriais, esta atividade resiste e continua a ser rentável na capital da província do Niassa. Cada vez mais jovens dominam a técnica.
Foto: DW/M. David
Cuidado e atenção
Tudo começa assim. Esta é a fase de organização e alinhamento da chapa. Os profissionais precisam aqui de muito cuidado e atenção para não machucarem os braços.
Foto: DW/M. David
Dando forma à lata
Depois de ter a matéria-prima alinhada, os latoeiros seguem com o fabrico, agora na parte do dobramento da peça. Isto é o que vai dar origem ao recipiente que terá várias utilidades.
Foto: DW/M. David
Pronta para venda
Depois de prontas, as latas são postas em exposição para a venda. E com um preço bem mais baixo do que é praticado pela indústria.
Foto: DW/M. David
Latas e regadores
Os latoeiros fabricam vários tipos de recipientes, com destaque para latas e regadores. Cada lata custa 150 meticais (pouco mais de 2 euros), enquanto os regadores custam em média 250 meticais (aproximadamente 3,60 euros) cada.
Foto: DW/M. David
Jovens mantêm a tradição
Esta profissão é antiga, mas muitos jovens estão a assegurar a atividade de forma ativa com vista a salvaguardar a tradição dos seus antepassados. É o caso deste grupo de latoeiros que trabalha em Lichinga.
Foto: DW/M. David
Escassez de matéria-prima
Apesar de os jovens estarem a trabalhar na profissão, a escassez de matéria-prima tem sido um dos desafios para a manutenção desta atividade. Chapas de zinco e até mesmo eletrodomésticos usados podem servir como insumos para esta produção.
Foto: DW/M. David
Indústria do plástico
O “boom” da indústria do plástico nos últimos anos é outro desafio para a profissão dos latoeiros. A grande oferta de novos produtos ameaça acabar com a tradição. Na cidade de Lichinga, por exemplo, muitos estabelecimentos comercializam baldes de plástico.
Foto: DW/M. David
Preferência do consumidor
Mesmo com outras ofertas de produtos nos mercados, muitos consumidores ainda dão preferência à tradição. Continuam a comprar as peças fabricadas pelos latoeiros, principalmente, por serem de material mais duradouro.